Bases Biológicas do Comportamento - Psicofisiologia (2024)

ESTÁCIO

Lucimara Santos 07/10/2024

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<p>K</p><p>LS</p><p>B</p><p>A</p><p>SES B</p><p>IO</p><p>LÓ</p><p>G</p><p>IC</p><p>A</p><p>S D</p><p>O</p><p>CO</p><p>M</p><p>PO</p><p>RTA</p><p>M</p><p>EN</p><p>TO</p><p>Bases</p><p>biológicas do</p><p>comportamento</p><p>KLS</p><p>Cátia Sueli Fernandes Primon</p><p>Bases biológicas do</p><p>comportamento</p><p>Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP)</p><p>Primon, Cátia Sueli Fernandes</p><p>ISBN 978-85-8482-385-7</p><p>1. Psicofisiologia. 2. Genética do comportamento. 3.</p><p>Neurobiologia. 4. Hereditariedade humana. 5. Doenças</p><p>hereditárias. I. Título.</p><p>CDD 156</p><p>Fernandes Primon. - Londrina : Editora e Distribuidora</p><p>Educacional S.A., 2016.</p><p>192 p.</p><p>P952b Bases biológicas do comportamento / Cátia Sueli</p><p>© 2016 por Editora e Distribuidora Educacional S.A.</p><p>Todos os direitos reservados. Nenhuma parte desta publicação poderá ser reproduzida ou transmitida de qualquer</p><p>modo ou por qualquer outro meio, eletrônico ou mecânico, incluindo fotocópia, gravação ou qualquer outro tipo</p><p>de sistema de armazenamento e transmissão de informação, sem prévia autorização, por escrito, da Editora e</p><p>Distribuidora Educacional S.A.</p><p>Presidente</p><p>Rodrigo Galindo</p><p>Vice-Presidente Acadêmico de Graduação</p><p>Mário Ghio Júnior</p><p>Conselho Acadêmico</p><p>Dieter S. S. Paiva</p><p>Camila Cardoso Rotella</p><p>Emanuel Santana</p><p>Alberto S. Santana</p><p>Regina Cláudia da Silva Fiorin</p><p>Cristiane Lisandra Danna</p><p>Danielly Nunes Andrade Noé</p><p>Parecerista</p><p>Isabel Cristina Chagas Barbin</p><p>Editoração</p><p>Emanuel Santana</p><p>Cristiane Lisandra Danna</p><p>André Augusto de Andrade Ramos</p><p>Daniel Roggeri Rosa</p><p>Adilson Braga Fontes</p><p>Diogo Ribeiro Garcia</p><p>eGTB Editora</p><p>2016</p><p>Editora e Distribuidora Educacional S.A.</p><p>Avenida Paris, 675 – Parque Residencial João Piza</p><p>CEP: 86041-100 — Londrina — PR</p><p>e-mail: editora.educacional@kroton.com.br</p><p>Homepage: http://www.kroton.com.br/</p><p>Unidade 1 | As bases cromossômica e genética da hereditariedade</p><p>Seção 1.1 - Bases celulares da hereditariedade</p><p>Seção 1.2 - Estrutura e função gênica</p><p>Seção 1.3 - Alterações da estrutura e da função gênica</p><p>Seção 1.4 - Cromossomos e divisão celular</p><p>7</p><p>11</p><p>21</p><p>31</p><p>41</p><p>Sumário</p><p>Unidade 2 | Anomalias genéticas, metabolismo e distúrbios mentais e</p><p>comportamentais</p><p>Seção 2.1 - Padrões de transmissão gênica I</p><p>Seção 2.2 - Padrões de transmissão gênica II</p><p>Seção 2.3 - Bases bioquímicas das doenças genéticas</p><p>Seção 2.4 - Genética clínica aplicada</p><p>55</p><p>59</p><p>69</p><p>79</p><p>87</p><p>Unidade 3 | Citogenética clínica</p><p>Seção 3.1 - Anomalias cromossômicas</p><p>Seção 3.2 - Distúrbio dos autossomos</p><p>Seção 3.3 - Distúrbio dos cromossomos sexuais</p><p>Seção 3.4 - Doenças monogênicas com alto grau de heterogeneidade</p><p>99</p><p>103</p><p>113</p><p>123</p><p>133</p><p>Unidade 4 | Genética dos distúrbios do comportamento</p><p>Seção 4.1 - Herança multifatorial I</p><p>Seção 4.2 - Herança multifatorial II</p><p>Seção 4.3 - Herança multifatorial III</p><p>Seção 4.4 - Genética do comportamento</p><p>145</p><p>149</p><p>159</p><p>169</p><p>179</p><p>Palavras do autor</p><p>Prezado aluno,</p><p>Iniciaremos um estudo sobre as bases biológicas do comportamento humano,</p><p>conteúdo de extrema importância não somente em sua carreira profissional, mas</p><p>também em sua vida pessoal. Você deve estar se perguntando: “O que tem a ver o</p><p>comportamento humano com a Biologia”? Eu já vou logo respondendo que tem</p><p>tudo a ver!</p><p>Nesta disciplina você aprenderá como as alterações celulares interferem</p><p>no comportamento humano. Para isso, eu te convido a conhecer o fantástico</p><p>mundo celular! Estudaremos as alterações celulares, suas consequências e o</p><p>possível surgimento de alterações morfológicas e fisiológicas no organismo, o</p><p>que, em muitos casos, pode levar a uma condição patológica e/ou a alterações</p><p>comportamentais.</p><p>Este livro está dividido em quatro unidades: na primeira, discutiremos as</p><p>consequências de alterações nas estruturas celulares, no código genético</p><p>e as falhas que ocorrem na gametogênese humana, responsáveis por uma</p><p>condição patológica; na segunda unidade, estudaremos as anomalias genéticas</p><p>e metabólicas, além da importância da consultoria genética e do diagnóstico</p><p>pré-natal; na terceira unidade, trataremos das alterações genéticas que levam a</p><p>alterações comportamentais, à intersexualidade e ao retardo mental; na quarta</p><p>unidade, discutiremos os distúrbios genéticos multifatoriais, os distúrbios e doenças</p><p>mentais e as características comportamentais normais e patológicas.</p><p>Em cada aula você terá uma situação-problema para resolver, com base no</p><p>conteúdo que foi discutido. Tenho certeza que ficará instigado a buscar uma</p><p>solução!</p><p>Ao final deste estudo, você será capaz de identificar e reconhecer as alterações</p><p>genéticas e suas consequências para a ocorrência de patologias e modificações</p><p>no comportamento humano.</p><p>Bom estudo!</p><p>Unidade 1</p><p>AS BASES CROMOSSÔMICA</p><p>E GENÉTICA DA</p><p>HEREDITARIEDADE</p><p>Nesta unidade, vamos discutir as consequências das alterações celulares para</p><p>a morfologia e a fisiologia do organismo humano. Para isso, estudaremos os</p><p>constituintes celulares, o código genético, as mutações gênicas e os processos</p><p>de divisão celular e gametogênese.</p><p>Competência de fundamento da área: Conhecer a estrutura, o</p><p>desenvolvimento e o funcionamento bio-fisio-neurológico do organismo</p><p>humano, identificando as inter-relações com os processos psicológicos.</p><p>Objetivos:</p><p>- Compreender as consequências morfofisiológicas das alterações celulares</p><p>e moleculares.</p><p>- Entender as consequências das alterações no material genético.</p><p>- Identificar alterações na gametogênese humana que podem resultar no</p><p>nascimento de crianças com síndromes.</p><p>- Reconhecer a importância da divisão celular como mecanismo fundamental</p><p>para a origem, o crescimento e o desenvolvimento de qualquer ser vivo.</p><p>- Compreender a relação entre genes e cromossomos, assim como as</p><p>consequências de alterações da estrutura e da função gênica.</p><p>- Aplicar o conhecimento adquirido no estudo em situações próximas à</p><p>realidade profissional.</p><p>Convite ao estudo</p><p>As bases cromossômica e genética da hereditariedade</p><p>U1</p><p>8</p><p>Para iniciarmos nosso trabalho, apresentamos a você uma situação</p><p>vivenciada em um laboratório de pesquisas. Em cada seção, será retomado</p><p>um dos casos apresentados para darmos sequência à resolução das situações-</p><p>problema. Preparado? Então vamos conhecer esse laboratório.</p><p>O Prof. Dr. Paulo de Abreu é responsável pelo laboratório de pesquisas em</p><p>Genética Humana da Universidade Anhanguera. Neste laboratório há quatro</p><p>alunos de pós-graduação em nível de doutorado, Rafael, Rodrigo, Juliana e</p><p>Cristiane, e cada um desenvolve pesquisas em uma área da Genética Humana</p><p>e presta atendimento à população. Rafael pesquisa as causas da infertilidade</p><p>masculina e atende casais que estão há vários anos tentando engravidar sem</p><p>sucesso. Rodrigo pesquisa a relação entre as alterações do código genético</p><p>humano e o aparecimento de doenças na população adulta. Juliana estuda</p><p>a relação existente entre as mutações e a ocorrência do câncer. E Cristiane</p><p>pesquisa a gametogênese masculina e feminina, além da relação dos erros na</p><p>meiose e o nascimento de crianças com algum tipo de síndrome.</p><p>Na última semana, cada um dos quatro pós-graduandos atendeu um caso</p><p>no ambulatório de Genética Humana, do qual o laboratório do Prof. Dr. Paulo</p><p>faz parte. Rafael atendeu ao Sr. Antônio e à Sra. Márcia, casados há 12 anos. Há</p><p>pelo menos cinco anos eles tentam, sem sucesso, ter um filho. O casal já se</p><p>submeteu a diversos exames e foi constatado que a Sra. Márcia não apresenta</p><p>nenhum problema reprodutivo, assim como o Sr. Antônio apresenta a produção</p><p>normal de espermatozoides. Na Seção 1.1 continuaremos com esse caso.</p><p>Rodrigo recebeu o Sr. Cláudio e a Sra. Marlene, acompanhados de seus</p><p>filhos Marcelo, de 5 anos, e Camila, de 2 anos. O Sr. Cláudio é portador da</p><p>doença de Fabry e o casal está preocupado com a possibilidade de seus filhos</p><p>apresentarem a doença. Na Seção 1.2 iremos analisar o caso acompanhado por</p><p>Rodrigo.</p><p>Juliana está trabalhando com um grupo de pessoas que faz tratamento para</p><p>neoplasias pulmonares. Na última semana recebeu a família Oliveira. O pai, Sr.</p><p>Waldir, foi diagnosticado com câncer de pulmão. O Sr. Waldir</p><p>secundários, que sofrem a meiose II, cada um produzindo</p><p>duas espermátides haploides. Portanto, cada espermatócito primário produz quatro</p><p>espermátides (n), que amadurecem e se desenvolvem em espermatozoides.</p><p>Ovulogênese</p><p>O processo de produção de óvulos é chamado de ovulogênese e, ao longo da vida,</p><p>não é contínuo. Por volta dos três meses de vida intrauterina, as células germinativas</p><p>primordiais (2n), dentro dos ovários, dividem-se por mitose e produzem ovogonias. As</p><p>ovogonias, por sua vez, podem sofrer sucessivas mitoses ou podem entrar em meiose.</p><p>Quando entram em meiose, na prófase I, essas células ainda são 2n e chamadas</p><p>de ovócitos primários. Estes cessam suas mitoses em torno do quinto mês de vida</p><p>pré-natal, e, por volta do 7º mês, todos os ovócitos primários do feto encontram-se</p><p>rodeados por um conjunto de células, formando um folículo primário. Este estado</p><p>de “dormência” perdura até a puberdade, quando cada ovócito primário reinicia a</p><p>meiose do ponto em que parou, dando origem a duas células de tamanho diferente,</p><p>um ovócito secundário, que é maior e tem grande quantidade de citoplasma, e o</p><p>Finalidade − crescimento do indivíduo, regener-</p><p>ação de tecidos e reposição celular.</p><p>Finalidade − produção de gametas.</p><p>Exemplificando</p><p>Quando ocorrem erros no processo de meiose, são gerados gametas</p><p>com cromossomos a mais ou a menos. Se esses gametas alterados forem</p><p>fecundados irão originar crianças com síndromes genéticas. Este assunto</p><p>foi brevemente tratado na Seção 1.3 e será aprofundado na Seção 3.1.</p><p>As bases cromossômica e genética da hereditariedade</p><p>U1</p><p>48</p><p>1º corpúsculo polar, que é bem menor e praticamente sem citoplasma. A partir da</p><p>primeira menstruação esse processo ocorre mensalmente por, em média, 45 anos,</p><p>até o final do período reprodutivo feminino, chamado menopausa.</p><p>O ovócito secundário liberado na tuba uterina começa a meiose II, que só vai se</p><p>completar no momento da fecundação. Ao final da meiose II, o ovócito secundário</p><p>origina duas células de tamanhos diferentes, o óvulo, que, a essa altura, já está</p><p>fecundado, e o 2º corpúsculo polar, que é expelido imediatamente após a fecundação.</p><p>O 1º corpúsculo polar pode ou não se dividir. Se isso acontecer no final da meiose</p><p>II haverá um óvulo e três corpúsculos polares que se degeneram rapidamente. A</p><p>ovulogênese produz apenas um óvulo a partir de cada ovócito primário, pois as outras</p><p>três células são corpúsculos polares.</p><p>Agora que já aprendemos a respeito dos processos de divisão celular e produção</p><p>de gametas, vamos voltar ao laboratório de pesquisas em Genética Humana do</p><p>Prof. Dr. Paulo de Abreu. Vamos ajudar Cristiane a desenvolver sua pesquisa sobre</p><p>a gametogênese feminina e masculina e a relação entre os erros na meiose e o</p><p>nascimento de crianças com algum tipo de síndrome. Ela acompanha gestantes</p><p>acima de 40 anos. No início da semana, recebeu a Sra. Luciana, de 42 anos, grávida de</p><p>seis meses de seu primeiro filho. Após realizar um exame de ultrassom, ela buscou a</p><p>ajuda do laboratório de Genética Humana, pois seu obstetra afirma que a criança que</p><p>está sendo gerada apresenta um tipo de alteração morfológica. A gestante solicita à</p><p>Cristiane uma explicação sobre as causas das alterações morfológicas de seu bebê.</p><p>Pesquise mais</p><p>Para saber mais sobre o assunto, leia os capítulos 18 e 19 do livro a seguir:</p><p>ALBERTS, B. et al. Fundamentos da Biologia Celular. 3. ed. Porto Alegre:</p><p>Artmed, 2011.</p><p>Sem medo de errar</p><p>Atenção!</p><p>Os gametas produzidos por uma mulher iniciaram a meiose I por volta</p><p>do 3º mês de vida intrauterina e, por volta do 7º mês, todos os ovócitos</p><p>de uma mulher já estavam produzidos. Na puberdade, a cada mês, um</p><p>ovócito reinicia a meiose dando origem ao gameta. Desta maneira, a</p><p>idade dos gametas de uma mulher é um pouco maior do que a idade</p><p>dessa mulher, pois foram produzidos durante a vida intrauterina. Quanto</p><p>maior a idade dessa mulher, maior será a probabilidade de esse gameta</p><p>As bases cromossômica e genética da hereditariedade</p><p>U1</p><p>49</p><p>Cristiane explica à Sra. Luciana que o fato de ela estar com 42 anos representa um</p><p>fator de risco ao desenvolvimento de um bebê com algum tipo de síndrome, visto que</p><p>a incidência das síndromes aumenta com a idade materna.</p><p>O que provavelmente aconteceu com o caso da Sra. Luciana é que durante a</p><p>Anáfase da meiose ocorreu uma não disjunção. Quando a não disjunção acontece</p><p>na Anáfase II, as cromátides irmãs não se separam e ambas são levadas para a mesma</p><p>célula. Desta maneira, um gameta terá dois cromossomos iguais e o outro não</p><p>terá nenhum deles. Caso esses gametas com número de cromossomos alterados</p><p>seja fecundado, nascerá uma criança com alteração no número de cromossomos,</p><p>acarretando a morte do feto ou algum tipo de síndrome genética.</p><p>apresentar alguma alteração, pois está a mais tempo exposto a fatores</p><p>mutagênicos.</p><p>Lembre-se</p><p>Os gametas são formados por meio da meiose, que dá origem a células</p><p>haploides, ou seja, com apenas um cromossomo de cada tipo.</p><p>Avançando na prática</p><p>Pratique mais</p><p>Instrução</p><p>Desafiamos você a praticar o que aprendeu, transferindo seus conhecimentos para novas situações</p><p>que pode encontrar no ambiente de trabalho. Realize as atividades e depois as compare com as de</p><p>seus colegas.</p><p>O caso de Marília</p><p>1. Competência de fundamento de</p><p>área</p><p>Conhecer a estrutura, o desenvolvimento e o funcionamento</p><p>bio-fisio-neurológico do organismo humano, identificando as</p><p>inter-relações com os processos psicológicos.</p><p>2. Objetivos de aprendizagem</p><p>- Identificar alterações na gametogênese humana que podem</p><p>resultar no nascimento de crianças com síndromes.</p><p>- Reconhecer a importância da divisão celular como</p><p>mecanismo fundamental para origem, crescimento e</p><p>desenvolvimento de qualquer ser vivo.</p><p>- Aplicar o conhecimento adquirido em situações próximas</p><p>da realidade profissional.</p><p>3. Conteúdos relacionados Mitose, meiose e gametogênese.</p><p>4. Descrição da SP</p><p>Marília sofreu um aborto espontâneo aos cinco meses de</p><p>gestação. Os médicos lhe disseram que a criança que estava</p><p>esperando era portadora de Síndrome de Patau, uma trissomia</p><p>do cromossomo 13.</p><p>Marília quer entender a causa da trissomia. Como podemos</p><p>explicar isso a ela?</p><p>As bases cromossômica e genética da hereditariedade</p><p>U1</p><p>50</p><p>5. Resolução da SP</p><p>Para explicar à Marília a causa da trissomia, é preciso voltar às</p><p>fases da meiose e verificar o que acontece quando a Anáfase</p><p>não acontece de maneira correta.</p><p>Lembre-se</p><p>Na Anáfase da meiose I ocorre a separação do par de cromossomos homólogos</p><p>e na Anáfase da meiose II ocorre a separação das cromátides irmãs.</p><p>Faça você mesmo</p><p>Elabore um esquema comparando os processos de mitose e meiose de</p><p>uma célula 2n=4.</p><p>Faça valer a pena</p><p>1. Analise as afirmativas a seguir:</p><p>I. Origina células idênticas à célula-mãe.</p><p>II. Origina células com um cromossomo de cada tipo.</p><p>III. Dá origem aos gametas.</p><p>IV. A partir de uma célula originam-se quatro células-filhas.</p><p>Assinale a alternativa que contenha apenas informações que se referem</p><p>à meiose:</p><p>a) I, II e III.</p><p>b) II, III e IV.</p><p>c) I, III e IV.</p><p>d) I, II e IV</p><p>e) III e IV.</p><p>2. Para que ocorra a mitose e a meiose, é preciso que os cromossomos</p><p>sejam duplicados. Essa duplicação ocorre na:</p><p>a) Meiose I.</p><p>b) Meiose II</p><p>c) Mitose.</p><p>As bases cromossômica e genética da hereditariedade</p><p>U1</p><p>51</p><p>3. O esquema a seguir representa uma célula 2n = 4 em:</p><p>Fonte: . Acesso em: 7</p><p>nov. 2015</p><p>a) Anáfase II da meiose.</p><p>b) Anáfase da mitose</p><p>c) Metáfase da mitose.</p><p>d) Metáfase II da meiose.</p><p>e) Anáfase I da meiose.</p><p>d) Interfase.</p><p>e) Gametogênese.</p><p>As bases cromossômica e genética da hereditariedade</p><p>U1</p><p>52</p><p>U1</p><p>53As bases cromossômica e genética da hereditariedade</p><p>Referências</p><p>ALBERTS, B. et al. Fundamentos da Biologia Celular. 3. ed. Porto Alegre: Artmed, 2011.</p><p>GRIFFTHS, A. J. F. et al. Introdução à Genética. 10. ed. Rio de Janeiro: Guanabara</p><p>Koogan, 2013.</p><p>FIORAVANTI, C. Autofagia para a sobrevivência.</p><p>Revista Pesquisa Fapesp, São</p><p>Paulo, fev. 2010. Disponível em: . Acesso em: 18 out. 2015.</p><p>PIERCE, B. A. Genética essencial: conceitos e conexões. Rio de Janeiro: Guanabara</p><p>Koogan, 2012.</p><p>_______. Genética: um enfoque conceitual. 3. ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan,</p><p>2011.</p><p>PIVETTA, M. Uma mutação, vários defeitos. Revista Pesquisa FAPESP, São Paulo, fev.</p><p>2014. Disponível em: http://revistapesquisa.fapesp.br/wp-content/uploads/2014/02/</p><p>Book-216-15.pdf?13f3d9>. Acesso em: 23 out. 2015.</p><p>YOUNG, I. D. Genética Médica. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2007.</p><p>Unidade 2</p><p>ANOMALIAS GENÉTICAS,</p><p>METABOLISMO</p><p>E DISTÚRBIOS MENTAIS</p><p>E COMPORTAMENTAIS</p><p>Nesta unidade, vamos discutir os padrões de transmissão das características</p><p>genéticas, o que chamamos de padrões de herança genética. Para isso,</p><p>estudaremos as heranças autossômicas dominante e recessiva, ligadas ao</p><p>cromossomo X dominante e recessivo, as bases bioquímicas das doenças</p><p>genéticas, abordando os distúrbios e os erros inatos do metabolismo, e</p><p>finalizaremos com uma abordagem de genética clínica aplicada por meio</p><p>do estudo da consultoria genética e do diagnóstico pré-natal.</p><p>Competência de fundamento da área:</p><p>Conhecer a estrutura, o desenvolvimento e o funcionamento bio-fisio-</p><p>neurológico do organismo humano, identificando as inter-relações com os</p><p>processos psicológicos.</p><p>Objetivos específicos:</p><p>- Conhecer os padrões de transmissão das características hereditárias.</p><p>- Reconhecer os padrões de herança autossômica e ligada ao</p><p>cromossomo X.</p><p>- Reconhecer os padrões de herança dominante e recessiva.</p><p>- Relacionar distúrbios bioquímicos aos erros inatos do metabolismo.</p><p>- Identificar os casos nos quais a consultoria genética se aplica e</p><p>Convite ao estudo</p><p>U2</p><p>56 Anomalias genéticas, metabolismo e distúrbios mentais e comportamentais</p><p>reconhecer sua importância.</p><p>- Conhecer os métodos de diagnóstico pré-natal para alterações</p><p>genéticas.</p><p>- Aplicar o conhecimento adquirido no estudo em situações próximas</p><p>da realidade profissional.</p><p>Na segunda unidade do livro didático, continuaremos analisando as</p><p>situações vivenciadas no laboratório de pesquisas do professor Paulo de</p><p>Abreu. Em cada seção, será retomado um dos casos apresentados para</p><p>darmos sequência à resolução das situações-problema. Vamos conhecer</p><p>os demais trabalhos realizados no laboratório que o professor Dr. Paulo</p><p>de Abreu é responsável. Na Unidade 1, você conheceu quatro estudantes</p><p>de doutorado que trabalham nesse laboratório, agora você irá conhecer</p><p>outros quatro alunos e os trabalhos que cada um desenvolve.</p><p>Ana pesquisa a acondroplasia, uma das formas mais comuns de</p><p>nanismo. Sueli pesquisa a Distrofia Muscular de Duchenne, um tipo de</p><p>distrofia muscular que acomete principalmente meninos. Mariana estuda</p><p>a fenilcetonúria, uma doença metabólica causada pela ausência ou defeito</p><p>na produção de uma enzima. e Sheila realiza atendimentos de consultoria</p><p>genética com famílias de portadores de doenças genéticas.</p><p>Na última semana, cada um dos quatro pós-graduandos atendeu a um</p><p>caso no ambulatório de Genética Humana do qual o laboratório do Prof.</p><p>Dr. Paulo faz parte. Ana atendeu o Sr. Gustavo e a Sra. Claudia, ambos</p><p>portadores de acondroplasia. O casal tem um filho de estatura normal;</p><p>há dois anos a Sra. Claudia engravidou e teve um aborto espontâneo</p><p>aos quatro meses de gestação. O casal pretende ter outro filho e busca</p><p>uma explicação para o aborto sofrido pela sra. Claudia. Na seção 2.1</p><p>continuaremos com esse caso. Sueli atendeu o Sr. Jair e a Sra. Marli, ambos</p><p>normais. O casal tem um filho de 12 anos diagnosticado com Distrofia</p><p>Muscular de Duchenne; o casal tem uma filha de 8 anos, Daniela, que até</p><p>o momento está saudável e já perdeu outro menino, Antônio, também</p><p>portador da Distrofia Muscular de Duchenne, que faleceu aos 17 anos. O</p><p>casal está preocupado com a possibilidade de Daniela manifestar a doença.</p><p>Na seção 2.2, iremos analisar o caso acompanhado por Sueli. Mariana está</p><p>estudando a fenilcetonúria e atendeu o casal. Claudia e Jair que há 30</p><p>dias teve seu primeiro filho, Thiago. O casal está muito preocupado, pois</p><p>recebeu uma convocação da APAE para realizar exames, pois o teste do</p><p>U2</p><p>57Anomalias genéticas, metabolismo e distúrbios mentais e comportamentais</p><p>pezinho de Thiago apresentou alterações. Na seção 2.3, você conhecerá</p><p>um pouco mais sobre esse caso. Sheila realiza atendimentos de consultoria</p><p>genética. Nesta semana, atendeu o Sr. Waldir e a Sra. Ruth. O casal tem dois</p><p>filhos portadores de Síndrome de Down; apesar de aceitar muito bem a</p><p>condição dos filhos, sonham com a possibilidade de ter um filho normal e</p><p>procuraram o serviço de consultoria genética para avaliar as chances de,</p><p>numa nova gestação, nascer uma criança sem a Síndrome de Down. Na</p><p>seção 2.4 você irá acompanhar o trabalho de Sheila.</p><p>Agora que você já conhece os casos, vamos estudar os conceitos que</p><p>lhe permitirão solucionar as situações-problema apresentadas. Preparados?</p><p>Então vamos começar!</p><p>U2</p><p>58 Anomalias genéticas, metabolismo e distúrbios mentais e comportamentais</p><p>U2</p><p>59Anomalias genéticas, metabolismo e distúrbios mentais e comportamentais</p><p>Seção 2.1</p><p>Padrões de transmissão gênica I</p><p>Caro aluno, nesta primeira seção da Unidade 2, iremos estudar os padrões de</p><p>transmissão das características genéticas, abordando as heranças autossômica</p><p>dominante e recessiva e seu padrão de transmissão entre as gerações de uma família.</p><p>Você deve estar lembrado de que na abertura desta unidade quatro novas histórias</p><p>surgiram no laboratório de pesquisas em Genética Humana do Prof. Dr. Paulo de</p><p>Abreu. Pois bem, nesta seção iremos discutir um caso que está sendo estudado pela</p><p>Ana. Vamos recordá-lo?</p><p>Ana atendeu o Sr. Gustavo e a Sra. Claudia, ambos portadores de acondroplasia. O</p><p>casal tem um filho de estatura normal; há dois anos a Sra. Claudia engravidou e teve</p><p>um aborto espontâneo aos quatro meses de gestação. O casal pretende ter outro filho</p><p>e busca uma explicação para o aborto sofrido pela Sra. Claudia. Como explicar para</p><p>a Sra. Claudia o motivo do aborto sofrido? Existe probabilidade de o casal dar à luz a</p><p>uma criança com acondroplasia?</p><p>Ao longo desta seção, iremos apresentar os elementos necessários à resolução</p><p>dessa situação-problema. Esteja atento às informações e conto com você para auxiliar</p><p>o casal.</p><p>Pronto para começar?</p><p>Então vamos lá!</p><p>Terminologia Genética</p><p>Caro aluno, os princípios de genética médica são relativamente simples de</p><p>entender, no entanto, é necessário conhecer a nomenclatura específica, pois, caso</p><p>Diálogo aberto</p><p>Não pode faltar</p><p>U2</p><p>60 Anomalias genéticas, metabolismo e distúrbios mentais e comportamentais</p><p>Antes de estudarmos os padrões de herança, precisamos saber ler e compreender</p><p>um heredograma.</p><p>Em um heredograma, quadrados representam os homens e, círculos, as mulheres.</p><p>Em um casamento, o homem está sempre posicionado do lado esquerdo e, a mulher,</p><p>do lado direito, unidos por uma linha horizontal. Os filhos são representados sempre</p><p>do mais velho para o mais jovem, da esquerda para a direita.</p><p>Vamos estudar agora os padrões de transmissão da herança monogênica, ou seja,</p><p>a herança que é determinada por um único par de genes. Ela pode ser autossômica</p><p>ou ligada ao sexo.</p><p>Herança Autossômica</p><p>Cada ser humano normal possui em suas células somáticas 46 cromossomos.</p><p>Destes, 44 são autossomos e 2 são cromossomos sexuais. Os autossomos são</p><p>cromossomos presentes tanto nos homens como nas mulheres e na mesma</p><p>Vocabulário</p><p>- Cromossomos – molécula de DNA associado a proteínas; carregam a</p><p>informação genética entre as gerações.</p><p>- Cromossomos homólogos – cromossomos de origem materna e</p><p>paterna que apresentam a mesma sequência de genes. Estão presentes</p><p>nas células somáticas.</p><p>- Genes – trecho do DNA responsável por codificar uma determinada</p><p>característica.</p><p>- Genes alelos – genes que codificam a mesma característica e estão</p><p>localizados</p><p>na mesma região (locus) no par de cromossomos homólogos.</p><p>- Genótipo - constituição genética de um indivíduo.</p><p>- Fenótipo - manifestação do genótipo mais a ação do ambiente.</p><p>- Heredograma – é a representação gráfica das características genéticas</p><p>de uma família.</p><p>você não a conheça, ficará muito difícil de compreender o assunto. Por isso, iremos</p><p>começar abordando alguns termos fundamentais para sua compreensão. Comece</p><p>estudando o vocabulário.</p><p>U2</p><p>61Anomalias genéticas, metabolismo e distúrbios mentais e comportamentais</p><p>quantidade. Estes se distribuem igualmente entre os sexos e, sendo assim, temos uma</p><p>alteração genética em um autossomo, que se distribui igualmente entre homens e</p><p>mulheres, não havendo prevalência da característica entre os dois sexos.</p><p>Herança Ligada ao Sexo</p><p>Os cromossomos sexuais não têm esse mesmo padrão de distribuição, pois as</p><p>mulheres têm dois cromossomos X, sendo, por isso, XX. Já os homens, apresentam</p><p>dois diferentes cromossomos sexuais, o cromossomo X e o Y e, por isso, são XY.</p><p>A herança ligada ao sexo refere-se a genes presentes no cromossomo X e, por esse</p><p>motivo, também pode ser chamada de "herança ligada ao X".</p><p>Tanto a herança autossômica quanto a ligada ao sexo pode ser dominante ou</p><p>recessiva.</p><p>Agora que você já entendeu a diferença entre a herança autossômica e ligada ao</p><p>sexo, vamos entender o que é uma herança dominante e recessiva.</p><p>Herança Dominante</p><p>A herança dominante é expressa no fenótipo, mesmo quando apenas um alelo do</p><p>par esteja presente, ou seja, mesmo quando o indivíduo for heterozigoto (Exemplo:</p><p>Aa). Neste caso, basta que um dos genitores apresente a característica para que o filho</p><p>tenha 50% de chances de apresentá-la.</p><p>Herança Recessiva</p><p>A herança recessiva só se manifesta no fenótipo quando estão presentes os dois</p><p>Reflita</p><p>Os gametas são células haploides, ou seja, têm apenas um cromossomo</p><p>de cada par. Como a mulher apresenta dois cromossomos X (XX), todos</p><p>os seus óvulos carregam 22 autossomos e 1 cromossomo X, enquanto</p><p>os homens, sendo XY, produzem, aproximadamente, metade dos seus</p><p>espermatozoides carregando o cromossomo X e a outra metade com o</p><p>cromossomo Y. Ao ocorrer a fecundação, se o óvulo for fecundado por</p><p>um espermatozoide X, dará origem a uma menina, mas se for fecundado</p><p>por um espermatozoide Y, nascerá um menino.</p><p>U2</p><p>62 Anomalias genéticas, metabolismo e distúrbios mentais e comportamentais</p><p>Herança Autossômica Dominante</p><p>Quando dizemos que uma herança é autossômica dominante, significa que o</p><p>alelo responsável por tal característica está localizado em um autossomo e, para que a</p><p>característica se manifeste no fenótipo, basta a presença de um alelo. Dessa maneira,</p><p>a característica irá se manifestar tanto nos indivíduos homozigotos (AA) como nos</p><p>heterozigotos (Aa).</p><p>Agora, conheça alguns critérios utilizados para reconhecer uma herança</p><p>autossômica dominante em um heredograma:</p><p>- Como o gene está localizado em um autossomo, a característica se manifesta</p><p>na mesma proporção em homens e mulheres. Dessa maneira, no heredograma</p><p>encontramos, aproximadamente, o mesmo número de homens e mulheres afetados.</p><p>- Geralmente, é possível encontrar indivíduos afetados em todas as gerações, não</p><p>havendo “pulo” de gerações.</p><p>- Os indivíduos afetados têm pelo menos um dos pais afetado. Em média, metade</p><p>dos filhos de um indivíduo afetado também serão afetados.</p><p>Analise a seguir a Figura 2.1, que representa um heredograma de uma herança</p><p>autossômica dominante.</p><p>Assimile</p><p>Dizemos que a herança é autossômica quando o alelo para essa</p><p>característica está localizado em qualquer um dos autossomos, ou seja, em</p><p>um cromossomo qualquer, exceto o X e o Y. Já a herança ligada ao sexo</p><p>ocorre quando nos referimos a um gene localizado no cromossomo X.</p><p>Fonte: Borges-Osório e Robinson (2001).</p><p>Figura 2.1 | Heredograma de uma Herança Autossômica Dominante</p><p>alelos, ou seja, os alelos recessivos só se manifestam em homozigose (Exemplo: aa).</p><p>U2</p><p>63Anomalias genéticas, metabolismo e distúrbios mentais e comportamentais</p><p>Como exemplo de herança autossômica dominante, temos a polidactilia, que é</p><p>a presença de mais de cinco dedos nas mãos e/ou nos pés, a acondroplasia, que é</p><p>a forma mais comum de nanismo, a neurofibromatose, um tipo de tumor externo,</p><p>dentre vários outros exemplos.</p><p>Herança Autossômica Recessiva</p><p>Quando dizemos que uma herança é autossômica recessiva, significa que o alelo</p><p>responsável por tal característica está localizado em um autossomo e que para que a</p><p>característica se manifeste no fenótipo, é necessário a presença dos dois alelos. Dessa</p><p>maneira, a característica irá se manifestar apenas nos indivíduos homozigotos (aa).</p><p>Agora, conheça alguns critérios utilizados para reconhecer uma herança</p><p>autossômica recessiva em um heredograma:</p><p>- Como o gene está localizado em um autossomo, a característica se manifesta</p><p>na mesma proporção em homens e mulheres. Dessa maneira, no heredograma</p><p>encontramos, aproximadamente, o mesmo número de homens e mulheres afetados.</p><p>- Indivíduos afetados geralmente têm pais normais, porém portadores do alelo para</p><p>a característica, ou seja, heterozigotos (Aa), por isso há “pulo” de gerações.</p><p>- Pais heterozigotos têm 25% de probabilidade de ter filhos afetados.</p><p>- É frequente em casos de casamentos consanguíneos.</p><p>Observe atentamente a Figura 2.2 que representa uma família com casos de</p><p>herança autossômica recessiva.</p><p>Como exemplo de herança autossômica recessiva, temos o albinismo, que é a</p><p>ausência de pigmentação da pele, cabelos e olhos, a fibrose cística, também conhecida</p><p>Fonte: Borges-Osório e Robinson (2001).</p><p>Figura 2.2 | Heredograma de Herança Autossômica Recessiva</p><p>U2</p><p>64 Anomalias genéticas, metabolismo e distúrbios mentais e comportamentais</p><p>Você se lembra do caso que a Ana estava analisando? Vamos recordar.</p><p>Ana atendeu o Sr. Gustavo e a Sra. Claudia, ambos portadores de acondroplasia. O</p><p>casal tem um filho e estatura normal; há dois anos a Sra. Claudia engravidou e teve um</p><p>aborto espontâneo aos quatro meses de gestação. O casal pretende ter outro filho e</p><p>busca uma explicação para o aborto sofrido pela Sra. Claudia. Como explicar para a</p><p>Sra. Claudia o motivo do aborto sofrido? Existe probabilidade de o casal dar à luz uma</p><p>criança com acondroplasia?</p><p>A acondroplasia é o tipo de nanismo genético mais comum. Os portadores</p><p>apresentam, dentre outras características, nanismo acentuado devido ao encurtamento</p><p>dos membros, no entanto, o tronco é normal. Apresentam também a cabeça grande,</p><p>Pesquise mais</p><p>Para conhecer mais sobre os padrões de herança autossômico dominante</p><p>e recessivo e exemplos desses tipos de herança, você pode ler o capítulo</p><p>5 (páginas 116 a 127) do livro a seguir:</p><p>BORGES-OSÓRIO, M. R.; ROBINSON, W. M. Genética humana. 2. ed.</p><p>Porto Alegre: Artmed, 2001.</p><p>Exemplificando</p><p>O prognatismo mandibular é uma projeção da mandíbula com má</p><p>oclusão e protrusão (deslocamento para frente) do lábio inferior. Você</p><p>sabia que essa é uma característica autossômica dominante e que esteve</p><p>presente em muitos membros da família imperial brasileira, dentre eles D.</p><p>João VI, D. Pedro I, Imperatriz Leopoldina e D. Pedro II?</p><p>Faça você mesmo</p><p>Para compreender melhor o assunto, convido você a analisar uma</p><p>característica presente em sua família ou na de algum colega e construir o</p><p>heredograma da família. Não se esqueça de pintar os indivíduos afetados.</p><p>Com base no heredograma montado, analise a característica escolhida e</p><p>identifique seu padrão de herança.</p><p>Sem medo de errar</p><p>como mucoviscidose, doença na qual, dentre outras manifestações, há a produção</p><p>excessiva de secreção brônquica, dentre outros exemplos.</p><p>U2</p><p>65Anomalias genéticas, metabolismo e distúrbios mentais e comportamentais</p><p>com testa proeminente, nariz em sela a lordose lombar. A taxa de óbito intrauterino</p><p>é elevada, pois em homozigose o gene é letal, ou seja, os indivíduos AA morrem</p><p>no decorrer do desenvolvimento embrionário e os indivíduos que nascem são</p><p>heterozigotos (Aa). A característica está mais presente</p><p>em casais nos quais o pai tem</p><p>idade avançada. A frequência da acondroplasia está em torno de uma ocorrência a</p><p>cada 1.000 nascidos vivos.</p><p>Em um casal no qual um dos genitores é acondroplásico, há 50% de chances</p><p>do nascimento de filhos com a característica. Se o casal for acondroplásico, há</p><p>uma probabilidade de 50% do nascimento de crianças acondroplásicas, 25% de</p><p>nascer um filho sem a anomalia e, ainda, 25% de probabilidade da forma letal da</p><p>característica, levando ao aborto. Esporadicamente, um casal normal pode gerar um</p><p>filho com acondroplasia, pois pode ocorrer nova mutação em pessoas não afetadas,</p><p>ocasionando o nascimento de crianças acondroplásicas.</p><p>Voltando ao caso da Sra. Claudia e seu marido, ambos portadores de acondroplasia,</p><p>Ana pode facilmente explicar a causa do aborto.</p><p>Sendo ambos acondroplásicos (Aa), há 25% de chances de os dois alelos</p><p>dominantes se encontrarem (AA), produzindo a forma letal da acondroplasia e levando</p><p>ao aborto. O importante a esclarecer ao casal é que a probabilidade existe para cada</p><p>gestação, independentemente de ser o primeiro, o segundo ou o terceiro filho;</p><p>casais acondroplásicos apresentam 50% de probabilidade de gerar uma criança com</p><p>acondroplasia, 25% de uma criança normal e 25% de probabilidade de aborto.</p><p>Lembre-se</p><p>Para que uma pessoa tenha acondroplasia, seu genótipo deve ser Aa,</p><p>pois o alelo para a acondroplasia é dominante. No entanto, em caso de</p><p>genótipo AA, esse indivíduo não chega a nascer, sendo um caso de aborto</p><p>devido à severidade das más formações.</p><p>Atenção!</p><p>A probabilidade do nascimento de crianças com determinada característica</p><p>não sofre influência direta do fato de já terem nascido outras crianças com</p><p>ou sem a característica em questão. A probabilidade existe e é a mesma</p><p>para cada nova gestação.</p><p>U2</p><p>66 Anomalias genéticas, metabolismo e distúrbios mentais e comportamentais</p><p>Avançando na prática</p><p>Pratique mais</p><p>Instrução</p><p>Desafiamos você a praticar o que aprendeu, transferindo seus conhecimentos para novas situações</p><p>que pode encontrar no ambiente de trabalho. Realize as atividades e depois as compare com as de</p><p>seus colegas.</p><p>Albinismo</p><p>1. Competência de Fundamentos</p><p>de Área</p><p>Conhecer a estrutura, o desenvolvimento e o funcionamento</p><p>bio-fisio-neurológico do organismo humano, identificando as</p><p>inter-relações com os processos psicológicos.</p><p>2. Objetivos de aprendizagem Identificar o padrão de herança monogênica.</p><p>3. Conteúdos relacionados Herança autossômica dominante e recessiva.</p><p>4. Descrição da SP</p><p>Adriana e José, ambos normais para a pigmentação de pele,</p><p>tiveram uma filha, Julia, albina. O casal busca uma explicação</p><p>para o fato de apesar de ambos serem normais sua filha</p><p>apresentar a anomalia.</p><p>5. Resolução da SP</p><p>Para explicar ao casal, em que ambos são normais para a</p><p>pigmentação de pele, a causa do nascimento de uma criança</p><p>afetada por albinismo, é necessário verificar o tipo de herança</p><p>responsável pela transmissão da característica em questão.</p><p>Lembre-se</p><p>A herança autossômica é aquela em que o alelo responsável pela</p><p>característica está localizado em um autossomo, isto é, em um dos</p><p>cromossomos que é igual em ambos os sexos.</p><p>Faça você mesmo</p><p>Diferencie a herança dominante da herança recessiva e cite um exemplo</p><p>de cada.</p><p>Faça valer a pena</p><p>1. Na construção de um heredograma, os círculos e os quadrados</p><p>representam, respectivamente:</p><p>a) Os filhos de um casal.</p><p>b) Um homem e uma mulher.</p><p>c) Uma mulher e um homem.</p><p>d) Os genitores.</p><p>U2</p><p>67Anomalias genéticas, metabolismo e distúrbios mentais e comportamentais</p><p>2. Uma herança é dita autossômica quando:</p><p>a) Afeta mais homens do que mulheres.</p><p>b) Afeta mais mulheres do que homens.</p><p>c) Ocorre em todas as gerações de uma família.</p><p>d) Pula gerações.</p><p>e) Afeta igualmente homens e mulheres.</p><p>3. Considere as seguintes características.</p><p>I. Pula gerações.</p><p>II. É frequente em casamentos consanguíneos.</p><p>III. Indivíduos afetados têm, pelo menos, um dos pais afetados.</p><p>São características relativas à herança autossômica dominante apenas o</p><p>que se afirma em:</p><p>a) I e II.</p><p>b) I e III.</p><p>c) II e III.</p><p>d) Apenas I.</p><p>e) Apenas III.</p><p>e) Pessoas de sexo indeterminado.</p><p>U2</p><p>68 Anomalias genéticas, metabolismo e distúrbios mentais e comportamentais</p><p>U2</p><p>69Anomalias genéticas, metabolismo e distúrbios mentais e comportamentais</p><p>Seção 2.2</p><p>Padrões de transmissão gênica II</p><p>Caro aluno, nesta seção iremos continuar o estudo dos padrões de transmissão</p><p>das características genéticas, abordando as heranças ligadas ao sexo, dominantes e</p><p>recessivas, e seu padrão de transmissão entre as gerações de uma família.</p><p>Nesta seção, iremos discutir um caso que está sendo estudado pela Suelí. Vamos</p><p>recordá-lo?</p><p>Suelí pesquisa a Distrofia Muscular de Duchenne, que acomete principalmente</p><p>meninos. Ela atendeu o Sr. Jair e a Sra. Marli, ambos normais. O casal tem um filho</p><p>de 12 anos diagnosticado com Distrofia Muscular de Duchenne, uma filha de 8 anos,</p><p>Daniela, que até o momento está saudável, e já perdeu outro menino, Antônio, que</p><p>também era portador da Distrofia Muscular de Duchenne e faleceu aos 17 anos. O</p><p>casal está preocupado com a possibilidade de Daniela manifestar a doença. Existe</p><p>alguma probabilidade de Daniela vir apresentar Distrofia Muscular de Duchenne? Por</p><p>quê?</p><p>Ao longo desta seção, iremos apresentar os elementos necessários à resolução</p><p>dessa situação-problema. Esteja atento às informações e conto com você para auxiliar</p><p>o casal.</p><p>Pronto para começar?</p><p>Então vamos lá!</p><p>Caro aluno, na seção anterior, estudamos os padrões de herança autossômico, no</p><p>qual o alelo responsável pela característica se localiza em um autossomo, ou seja, em</p><p>um dos 22 cromossomos que estão presentes na mesma proporção em homens e</p><p>em mulheres e, por isso, se distribui igualmente entre os sexos.</p><p>Diálogo aberto</p><p>Não pode faltar</p><p>U2</p><p>70 Anomalias genéticas, metabolismo e distúrbios mentais e comportamentais</p><p>Inativação do Cromossomo X (Hipótese de Lyon)</p><p>Como já foi dito anteriormente, homens têm apenas uma cópia do cromossomo</p><p>X enquanto mulheres têm duas cópias. Apesar dessa diferença nos cromossomos X</p><p>entre homens e mulheres, a quantidade de produto gênico formado por homens e</p><p>mulheres é equivalente. Como explicar esse fato?</p><p>Todas as fêmeas de mamíferos têm, em suas células somáticas, apenas um</p><p>cromossomo X ativo e o segundo cromossomo X está inativo. Essa inativação ocorre</p><p>no início do desenvolvimento embrionário, começando logo após a fecundação</p><p>e finalizando por volta do final da primeira semana de desenvolvimento, quando o</p><p>embrião tem em torno de 100 células. Nessa etapa do desenvolvimento, um dos</p><p>cromossomos X de origem materna ou paterna é inativado aleatoriamente. Uma</p><p>vez inativado, o cromossomo jamais se tornará ativo e todas as células que forem</p><p>descendentes desta terão o mesmo cromossomo X inativo. Assim, podemos dizer</p><p>que a inativação do cromossomo X de origem materna ou paterna é aleatória, porém</p><p>definitiva.</p><p>Como a inativação é aleatória, uma mulher heterozigota para um alelo ligado ao X</p><p>apresenta percentual variável de células com o alelo dominante inativo, manifestando a</p><p>característica recessiva, e outra parcela de suas células com o cromossomo X portador</p><p>do alelo recessivo inativo, manifestando a característica dominante. Dessa maneira,</p><p>observa-se variação clínica na expressão dos distúrbios ligados ao X em mulheres</p><p>Assimile</p><p>Os alelos presentes no cromossomo X não se distribuem igualmente</p><p>entre os dois sexos, pois o homem apresenta apenas um cromossomo X</p><p>enquanto a mulher possui 2 (XX).</p><p>Agora vamos estudar os padrões de transmissão da herança ligada ao sexo tanto</p><p>dominante como recessiva. Na herança ligada ao sexo, o alelo responsável pela</p><p>característica está localizado no cromossomo X e por isso também é chamada de</p><p>"herança ligada ao X". Os cromossomos X e Y são responsáveis pela determinação do</p><p>sexo e distribuídos de maneira desigual para homens e mulheres. A mulher apresenta</p><p>dois cromossomos X (XX) e os homens apenas um, sendo o outro cromossomo</p><p>sexual o Y (XY).</p><p>Assim como ocorre na herança autossômica, a herança ligada ao sexo pode ser</p><p>dominante ou recessiva. Vamos estudar agora os principais critérios utilizados para</p><p>identificar a herança ligada ao sexo.</p><p>U2</p><p>71Anomalias genéticas, metabolismo e distúrbios mentais e comportamentais</p><p>heterozigotas, indo desde os extremos, ou seja, de uma mulher absolutamente normal</p><p>até uma completamente manifestante da alteração genética e podendo passar por</p><p>todas as variações intermediárias. Na Figura, 2.3, você poderá compreender melhor</p><p>como se dá a inativação do cromossomo X na mulher.</p><p>Herança Ligada ao X Dominante</p><p>Considerando que na herança ligada ao sexo o alelo está localizado no cromossomo</p><p>X e que os homens apresentam apenas um cromossomo X, homens afetados casados</p><p>com mulheres normais transmitem a característica para todas as suas filhas, mas para</p><p>nenhum filho, pois para os meninos é enviado o cromossomo Y e o alelo responsável</p><p>pela característica ligada ao sexo está no cromossomo X. Dessa maneira, homens</p><p>afetados têm todas as filhas afetadas e nenhum de seus filhos do sexo masculino.</p><p>Fonte: Nussbaum, Mcinnes e Willard (2008).</p><p>Figura 2.3 | Inativação aleatória do cromossomo X nas células somáticas femininas. Xp =</p><p>cromossomo de origem paterna e Xm = cromossomo de origem materna</p><p>Reflita</p><p>O homem produz aproximadamente a metade de seus espermatozoides</p><p>com o cromossomo X e a metade com o Y. Se o espermatozoide X</p><p>fecundar o óvulo, dará origem a uma menina, caso a fecundação ocorra</p><p>por um cromossomo Y, nascerá um menino.</p><p>U2</p><p>72 Anomalias genéticas, metabolismo e distúrbios mentais e comportamentais</p><p>Quando em um casal o homem é normal e a mulher é afetada, nascerão filhos</p><p>e filhas afetados na mesma proporção. Isso ocorre porque a mulher só produz</p><p>cromossomos X e se ela é afetada, passará esse alelo tanto para suas filhas como para</p><p>seus filhos.</p><p>Nesse tipo de herança, há mais mulheres afetadas do que homens; geralmente</p><p>temos o dobro de mulheres afetadas em relação ao número de homens.</p><p>Analise a seguir a Figura 2.4, que representa um heredograma de uma herança</p><p>ligada ao X dominante.</p><p>Como exemplo de herança ligada ao X dominante, temos o raquitismo</p><p>hipofosfatêmico, também chamado de "raquitismo resistente à vitamina D", em que</p><p>a capacidade dos túbulos renais de reabsorver o fosfato filtrado é prejudicada; a</p><p>síndrome do X frágil, a segunda causa mais frequente de retardo mental (a primeira é</p><p>a Síndrome de Down) entre outros.</p><p>Herança Recessiva Ligada ao Cromossomo X</p><p>Nesse caso, o alelo responsável pela característica está localizado no cromossomo</p><p>Atenção!</p><p>É comum confundir a herança ligada ao X dominante com a herança</p><p>autossômica dominante. A herança ligada ao X dominante se distingue</p><p>pela descendência dos homens afetados, pois todas as filhas são afetadas,</p><p>mas nenhum dos filhos será.</p><p>Fonte: Nussbaum, Mcinnes e Willard (2008).</p><p>Figura 2.4 | Heredograma de Herança Ligada ao X Dominante</p><p>U2</p><p>73Anomalias genéticas, metabolismo e distúrbios mentais e comportamentais</p><p>X, mas é um alelo recessivo. Como já foi estudado anteriormente, para que a</p><p>característica recessiva esteja presente, devemos ter os dois alelos recessivos, um</p><p>vindo do pai e outro da mãe. Mas aqui temos uma particularidade: como o homem</p><p>apresenta apenas um cromossomo X, basta que esse cromossomo carregue o alelo</p><p>recessivo para que a característica se manifeste (Xd Y). No caso das mulheres, elas</p><p>apresentam dois cromossomos X e, por isso, para que a característica se manifeste, é</p><p>necessário que os dois alelos recessivos estejam presentes (Xd Xd).</p><p>Sendo assim, no caso da herança recessiva ligada ao sexo, há uma maior incidência</p><p>da característica entre indivíduos do sexo masculino. Um homem afetado transmite o</p><p>alelo recessivo para todas as suas filhas, mas nunca transmite para seus filhos do sexo</p><p>masculino. Mulheres normais, heterozigotas (XD Xd), casadas com homens normais,</p><p>podem ter filhos do sexo masculino, tanto normais como afetados, dependendo do</p><p>alelo (XD ou Xd) que é transmitido aos filhos. No entanto, suas filhas serão sempre</p><p>normais, sendo que 50% carregarão o alelo em seu genoma, podendo transmiti-lo aos</p><p>seus descendentes, mas não manifestarão a característica por se tratar de um gene</p><p>recessivo.</p><p>Observe atentamente a Figura 2.5, que representa uma família com casos de</p><p>herança ligada ao sexo recessiva.</p><p>Como exemplo de herança recessiva ligada ao sexo, podemos citar a hemofilia A,</p><p>que é um distúrbio no qual o sangue não coagula normalmente devido à deficiência do</p><p>fator VIII, uma proteína da cascata de coagulação; a distrofia muscular de Duchenne,</p><p>uma doença degenerativa neuromuscular caracterizada pela perda de massa e</p><p>fraqueza muscular; o daltonismo, um tipo de deficiência visual na qual o portador não</p><p>é capaz de identificar certas cores, dentre outros.</p><p>Fonte: Nussbaum, Mcinnes e Willard (2008).</p><p>Figura 2.5 | Heredograma de Herança Recessiva Ligada ao Sexo</p><p>U2</p><p>74 Anomalias genéticas, metabolismo e distúrbios mentais e comportamentais</p><p>Pesquise mais</p><p>Para conhecer mais sobre os padrões de herança ligados ao sexo</p><p>dominante e recessivo e exemplos desses tipos de herança, você pode ler</p><p>o capítulo 5 (páginas 128 a 134) do livro a seguir:</p><p>BORGES-OSÓRIO, M. R.; ROBINSON, W. M. Genética Humana. 2. ed.</p><p>Porto Alegre: Artmed, 2001.</p><p>Exemplificando</p><p>Um casal normal tem 2 filhos homens. Um dos meninos morreu aos 18</p><p>anos com diagnóstico de Distrofia Muscular de Duchenne; o outro filho</p><p>ficou bastante preocupado com a possibilidade de apresentar a doença e</p><p>procurou um serviço de consultoria genética. Após a consulta, sentiu-se</p><p>mais aliviado, pois o fato de já ser adulto e estar saudável demonstra que</p><p>não apresenta o alelo responsável pela distrofia, pois se o tivesse, já estaria</p><p>apresentando sintomas.</p><p>Faça você mesmo</p><p>Considere um casal no qual o homem é daltônico e a mulher é normal e</p><p>não portadora do alelo para o daltonismo. Existe probabilidade desse casal</p><p>ter um filho daltônico? Explique.</p><p>Sem medo de errar</p><p>Você se lembra do caso que a Suelí estava analisando? Então vamos recordar!</p><p>Suelí, uma das alunas de doutorado do Prof. Dr. Paulo de Abreu, pesquisa a Distrofia</p><p>Muscular de Duchenne, um tipo de distrofia muscular que acomete principalmente</p><p>meninos. Ela atendeu o Sr. Jair e a Sra. Marli, ambos normais. O casal tem um filho</p><p>de 12 anos diagnosticado com Distrofia Muscular de Duchenne, uma filha de 8 anos,</p><p>Daniela, que até o momento está saudável e já perdeu outro menino, Antônio, que</p><p>também era portador da Distrofia Muscular de Duchenne e faleceu aos 17 anos. O casal</p><p>está preocupado com a possibilidade de Daniela manifestar a doença. Existe alguma</p><p>probabilidade de Daniela vir apresentar Distrofia Muscular de Duchenne? Por quê?</p><p>Atenção!</p><p>Lembre-se de que, para nascer uma menina, é preciso que o óvulo seja</p><p>fecundado por um espermatozoide X.</p><p>U2</p><p>75Anomalias genéticas, metabolismo e distúrbios mentais e comportamentais</p><p>A Distrofia Muscular de Duchenne é uma doença neuromuscular que se caracteriza</p><p>pela perda de massa muscular devido à degeneração muscular. Trata-se de uma</p><p>doença de herança recessiva ligada ao X e, dessa maneira, uma mulher normal,</p><p>portadora do alelo para a distrofia transmite-o para 50% de seus filhos. Caso esse filho</p><p>seja do sexo masculino, o fato de ter recebido o alelo recessivo já é o bastante para</p><p>que a doença se manifeste. Para que tenhamos o nascimento de meninas afetadas, é</p><p>necessário a presença de dois alelos recessivos, um vindo do pai e outro da mãe. No</p><p>entanto, se o homem tiver o alelo recessivo para a Distrofia Muscular de Duchenne</p><p>(Xd Y) ele irá manifestar a doença e desde a infância apresentará fraqueza muscular</p><p>e impossibilidade de movimentação, o que o impede de passar o alelo para seus</p><p>descendentes, pois não terá condições de se reproduzir. A doença é extremamente</p><p>rara em meninas, pois, como não recebem o alelo do pai, para que apresentem esse</p><p>tipo de distrofia, é necessário que recebam o alelo recessivo</p><p>de sua mãe portadora e</p><p>que haja uma nova mutação no alelo do cromossomo X de origem paterna.</p><p>Diante do exposto, o casal não tem motivos para se preocupar com a possibilidade</p><p>de sua filha Daniela apresentar a doença, pois o Sr. Jair não possui o alelo recessivo e</p><p>a Sra. Marli é portadora transmitindo para seus filhos. O que pode acontecer, no caso</p><p>de Daniela ter recebido esse alelo de sua mãe, é que, ao ter filhos do sexo masculino,</p><p>esses apresentem a mesma doença de seus irmãos.</p><p>Assimile</p><p>Um homem afetado por uma característica determinada por gene</p><p>recessivo ligado ao cromossomo X passará essa característica a todas as</p><p>suas filhas, mas para nenhum de seus filhos do sexo masculino.</p><p>Avançando na prática</p><p>Pratique mais</p><p>Instrução</p><p>Desafiamos você a praticar o que aprendeu, transferindo seus conhecimentos para novas situações</p><p>que pode encontrar no ambiente de trabalho. Realize as atividades e depois as compare com as de</p><p>seus colegas.</p><p>“Associação de trabalhadores”</p><p>1. Competência de Fundamentos</p><p>de Área</p><p>Conhecer a estrutura, o desenvolvimento e o funcionamento</p><p>bio-fisio-neurológico do organismo humano, identificando as</p><p>inter-relações com os processos psicológicos.</p><p>2. Objetivos de aprendizagem</p><p>- Conhecer os padrões de transmissão das características</p><p>hereditárias.</p><p>- Reconhecer os padrões de herança ligada ao cromossomo</p><p>X, dominante e recessiva.</p><p>U2</p><p>76 Anomalias genéticas, metabolismo e distúrbios mentais e comportamentais</p><p>3. Conteúdos relacionados</p><p>Divisão celular (meiose), gametogênese, padrões de herança</p><p>ligados ao cromossomo X.</p><p>4. Descrição da SP</p><p>Maria e João apresentam visão normal em cores. O primeiro</p><p>filho do casal, Claudio, de 6 anos, também apresenta visão</p><p>normal em cores. Após 10 anos de casamento, Maria</p><p>engravidou novamente e deu à luz uma menina daltônica.</p><p>João pediu o divórcio alegando que a menina não pode ser</p><p>sua filha, já que ele não é daltônico. A acusação de João</p><p>de não paternidade da menina se justifica? Se Maria tivesse</p><p>tido outro filho do sexo masculino, João poderia negar a</p><p>paternidade?</p><p>5. Resolução da SP</p><p>O daltonismo é uma característica de herança recessiva ligada</p><p>ao X. Para o nascimento de um menino afetado, basta que a</p><p>mãe seja portadora do alelo para o daltonismo (XD Xd), mas,</p><p>para o nascimento de uma menina, é necessário que um</p><p>Xd seja enviado pela mãe e outro pelo pai. No entanto, se o</p><p>homem possuir um Xd, ele será daltônico e João é normal.</p><p>Lembre-se</p><p>Na herança recessiva ligada ao X, basta que a mãe normal seja portadora</p><p>do alelo para a característica para que o transmita a 50% de sua prole.</p><p>Faça você mesmo</p><p>Crie uma situação fictícia de uma família em que há casos de raquitismo</p><p>resistente à vitamina D, uma doença de herança dominante ligada ao X.</p><p>Escreva a história da família e construa seu heredograma.</p><p>Faça valer a pena</p><p>1. De acordo com a hipótese de Lyon, todas as fêmeas de mamíferos têm</p><p>em suas células somáticas:</p><p>a) Dois cromossomos X ativos.</p><p>b) Dois cromossomos X inativos.</p><p>c) Um cromossomo X ativo e o segundo cromossomo X está inativo.</p><p>d) Um cromossomo X e um Y, ambos ativos.</p><p>e) Um cromossomo X ativo e um cromossomo Y inativo.</p><p>U2</p><p>77Anomalias genéticas, metabolismo e distúrbios mentais e comportamentais</p><p>2. Uma herança é dita ligada ao sexo quando o alelo responsável pela</p><p>característica está localizado:</p><p>a) Em um autossomo.</p><p>b) No cromossomo Y.</p><p>c) No cromossomo X ou no cromossomo Y.</p><p>d) No cromossomo X.</p><p>e) Em qualquer cromossomo.</p><p>3. Considere as seguintes características.</p><p>I. Afeta mais homens do que mulheres.</p><p>II. Afeta mais mulheres do que homens.</p><p>III. A mãe afetada terá todos os filhos e filhas afetados.</p><p>São características relativas à herança recessiva ligada ao sexo apenas o</p><p>que se afirma em:</p><p>a) I e II.</p><p>b) I e III.</p><p>c) II e III.</p><p>d) Apenas I.</p><p>e) Apenas III.</p><p>U2</p><p>78 Anomalias genéticas, metabolismo e distúrbios mentais e comportamentais</p><p>U2</p><p>79Anomalias genéticas, metabolismo e distúrbios mentais e comportamentais</p><p>Seção 2.3</p><p>Bases bioquímicas das doenças genéticas</p><p>Caro aluno, nesta seção, iremos estudar as bases bioquímicas das doenças</p><p>genéticas, abordando os distúrbios bioquímicos e os erros inatos do metabolismo.</p><p>Nesta seção, iremos discutir um caso que está sendo estudado pela Mariana.</p><p>Vamos recordá-lo?</p><p>Mariana está estudando a fenilcetonúria e atendeu o casal Claudia e Jair que há</p><p>30 dias teve seu primeiro filho, Thiago. O casal está muito preocupado, pois recebeu</p><p>uma convocação da APAE para realizar exames, pois o teste do pezinho de Thiago</p><p>apresentou alterações. No resultado do teste do pezinho, Thiago foi diagnosticado</p><p>com fenilcetonúria. Os pais de Thiago estão muito preocupados e buscam informações</p><p>sobre o que é a fenilcetonúria, pois nunca ouviram falar a respeito e querem saber</p><p>como deve ser o tratamento de seu filho.</p><p>Ao longo desta seção, vamos apresentar os elementos necessários à resolução</p><p>dessa situação-problema. Esteja atento às informações e conto com você para auxiliar</p><p>o casal.</p><p>Pronto para começar?</p><p>Então vamos lá!</p><p>Caro aluno, na seção anterior, estudamos os padrões de herança autossômico e</p><p>ligados ao sexo, tanto dominante quanto recessivo.</p><p>Diálogo aberto</p><p>Não pode faltar</p><p>U2</p><p>80 Anomalias genéticas, metabolismo e distúrbios mentais e comportamentais</p><p>Agora vamos estudar os distúrbios bioquímicos que ocasionam doenças</p><p>metabólicas. Esses distúrbios apresentam, em sua maioria, herança recessiva, seja</p><p>autossômica ou ligada ao X.</p><p>Erros inatos do metabolismo são distúrbios bioquímicos hereditários, determinados</p><p>geneticamente. Sabemos que as proteínas desempenham diferentes tipos de funções</p><p>no organismo e que o metabolismo humano envolve uma série gradativa de reações</p><p>nas quais cada etapa é catalisada por uma enzima específica.</p><p>Normalmente uma enzima é responsável por catalisar a conversão de um substrato</p><p>em um determinado produto que, muitas vezes, depende de outra enzima para</p><p>catalisar outra etapa da reação e assim sucessivamente.</p><p>Mutações que ocorrem em praticamente todas as classes de proteínas podem</p><p>originar, por exemplo, uma enzima inativa e a via metabólica pode ser bloqueada</p><p>em qualquer etapa ocasionando doenças genéticas. O diagnóstico precoce de uma</p><p>doença que resulta de alterações em uma proteína é fundamental para assegurar</p><p>o tratamento dessa criança desde os primeiros dias de vida e possibilitar um</p><p>desenvolvimento normal.</p><p>Estima-se que a incidência dos erros inatos do metabolismo é de uma ocorrência</p><p>a cada 1.000 nascimentos.</p><p>Esses distúrbios podem se manifestar no período embrionário, causando abortos</p><p>ou má formação cerebral; no período neonatal, podendo ocasionar hipoglicemia,</p><p>acidose metabólica e icterícia sem causa aparente, e no período pós-natal, causando</p><p>convulsões de difícil controle e distúrbios metabólicos.</p><p>A seguir, vamos estudar algumas doenças que são denominados distúrbios inatos</p><p>do metabolismo.</p><p>Fenilcetonúria</p><p>É um distúrbio autossômico recessivo com incidência de, aproximadamente, 1 em</p><p>cada 10.000 nascimentos.</p><p>As proteínas presentes nos alimentos são constituídas pela união de unidades</p><p>chamadas aminoácidos. Sendo assim, a digestão de proteínas resulta em aminoácidos</p><p>Assimile</p><p>As proteínas desempenham diversas funções no organismo, uma delas</p><p>é atuar como catalisador biológico acelerando reações químicas que,</p><p>na sua ausência, seriam muito lentas. Proteínas que aceleram reações</p><p>químicas são denominadas enzimas.</p><p>U2</p><p>81Anomalias genéticas, metabolismo e distúrbios mentais e comportamentais</p><p>que são absorvidos para serem utilizados em nível celular, na síntese de proteínas (já</p><p>estudado na seção 1.2).</p><p>A fenilcetonúria é um distúrbio resultante de mutações no gene que codifica a</p><p>enzima fenilalanina-hidroxilase (PAH) que converte o aminoácido fenilalanina em</p><p>tirosina. A falta dessa enzima faz com que ocorra o acúmulo de fenilalanina nos</p><p>líquidos e tecidos corporais.</p><p>Logo após o nascimento, o lactente afetado apresenta alta concentração</p><p>de fenilalanina no sangue. A maioria da fenilalanina,</p><p>sob a ação da enzima PAH, é</p><p>convertida em tirosina que está envolvida em várias vias metabólicas, dentre elas, a</p><p>produção de pigmentos e neurotransmissores.</p><p>Com a falta da enzima PAH, a fenilalanina não é convertida em tirosina e se</p><p>acumula. O aumento da concentração de fenilalanina leva à formação de ácido</p><p>fenilpirúvico, que é excretado pela urina e que tem um odor característico. O excesso</p><p>de ácido fenilpirúvico no suor também é responsável pelo odor corporal incomum</p><p>dos pacientes com fenilcetonúria. Além disso, os efeitos tóxicos dos elevados níveis de</p><p>fenilalanina prejudicam a mielinização dos neurônios e o desenvolvimento cerebral,</p><p>causando retardo mental. A diminuição da pigmentação é resultado da baixa síntese</p><p>de mielina.</p><p>Para evitar o retardo mental e outros sintomas, é necessária uma dieta restrita em</p><p>proteínas, com alimentos com baixo teor de fenilalanina. A restrição dietética deve</p><p>começar logo após o nascimento e se estender durante toda a infância e o ideal é que</p><p>se mantenha ao longo de toda a vida.</p><p>Mulheres com fenilcetonúria devem manter níveis muito baixos de fenilalanina antes</p><p>de engravidarem e durante a gestação, pois níveis elevados de fenilalanina materna</p><p>circulante são neurotóxicos para o desenvolvimento do cérebro fetal e a incidência de</p><p>retardo mental em crianças filhas de mães com fenilcetonúria não tratada é de 100%.</p><p>A descoberta de que a introdução de uma dieta com baixos índices de fenilalanina</p><p>desde muito cedo evita o retardo mental levou ao estabelecimento de triagem</p><p>neonatal em muitas partes do mundo. No Brasil, essa triagem é feita por meio do</p><p>“teste do pezinho”. Devido à necessidade de dieta especial, crianças com diagnóstico</p><p>de fenicetonúria não devem ser amamentadas por suas mães.</p><p>Reflita</p><p>Existem campanhas estimulando o aleitamento materno, no entanto uma</p><p>criança com fenilcetonúria não deve ser amamentada. Como deve ser</p><p>a alimentação de um recém-nascido diagnosticado com fenilcetonúria?</p><p>U2</p><p>82 Anomalias genéticas, metabolismo e distúrbios mentais e comportamentais</p><p>Adrenoleucodistrofia Ligada ao X</p><p>Essa doença é causada por mutações no gene que codifica um fator envolvido</p><p>na transferência de ácidos graxos de cadeia muito longa através da membrana dos</p><p>peroxissomos. Devido à carência desse fator, ocorre o acúmulo dos ácidos graxos de</p><p>cadeia muito longa, causando danos progressivos ao cérebro e às glândulas adrenais</p><p>(também chamadas suprarrenais).</p><p>Por se tratar de uma doença recessiva ligada ao X, afeta geralmente meninos.</p><p>É mais comum entre os 5 e 10 anos de idade manifestando-se com a diminuição</p><p>das habilidades intelectuais, mudanças de comportamento e prejuízos neurológicos</p><p>progressivos que podem incluir perda de controle muscular, convulsões e espasticidade.</p><p>Cerca de metade dos portadores desenvolvem também insuficiência adrenocortical. A</p><p>maioria dos meninos afetados morre entre os 2 ou 3 anos de vida; os que sobrevivem</p><p>tornam-se incapazes, pois há perda de todas as habilidades.</p><p>Essa condição foi tema do filme “O óleo de Lorenzo”. No filme, os pais de menino</p><p>Lorenzo desenvolveram um óleo que mistura o glicerol trioleato e glicerol trierucato,</p><p>diminuindo os níveis de ácidos graxos de cadeias muito longas, mas seu uso não se</p><p>mostrou efetivo em pacientes sintomáticos.</p><p>Galactosemia</p><p>É um distúrbio autossômico recessivo que envolve o metabolismo da galactose,</p><p>um carboidrato presente no leite. Quando afetado pela doença, o recém-nascido</p><p>é incapaz de utilizar a galactose que tem papel fundamental no organismo, pois é</p><p>um dos constituintes das membranas celulares, além de entrar na composição de</p><p>substâncias que irão integrar os lipídios cerebrais.</p><p>No metabolismo normal, a galactose geralmente é convertida em glicose, que será</p><p>oxidada para fornecer energia. Nas crianças afetadas, a galactose não é convertida em</p><p>Exemplificando</p><p>O filme “O óleo de Lorenzo” é feito com base em fatos reais; relata</p><p>a história de Lorenzo, filho de um casal de historiadores, que foi</p><p>diagnosticado com Adrenoleucodistrofia aos 8 anos de idade. Seus pais,</p><p>frustrados e desesperados com o desconhecimento dos médicos e a</p><p>falta de medicamentos, decidem estudar a doença e desenvolver um</p><p>medicamento para salvar a vida de seu filho. O casal desenvolveu um óleo,</p><p>que chamaram de “óleo de Lorenzo”, uma mistura de glicerol trioleato</p><p>e glicerol trierucato. Esse óleo não curava a doença, mas a estagnava,</p><p>sendo assim, ele não voltou ao seu estado normal. Lorenzo morreu em</p><p>maio de 2008, com 30 anos de idade.</p><p>U2</p><p>83Anomalias genéticas, metabolismo e distúrbios mentais e comportamentais</p><p>glicose e se acumula em diversos tecidos. Como consequência, o lactente sofre de</p><p>desnutrição, desenvolve retardo mental severo e catarata; o fígado dilata e, quando</p><p>não tratada, geralmente a criança morre. Se o diagnóstico for realizado antes de a</p><p>doença se tornar avançada, basta retirar a galactose da dieta da criança e os sintomas</p><p>regridem. No entanto, é preciso uma dieta livre de galactose desde o nascimento,</p><p>pois, uma vez instalado, não há recuperação do retardo mental.</p><p>Triagem neonatal</p><p>No início dos anos de 1960, foi percebido que a restrição dietética cuidadosa</p><p>poderia evitar o retardo mental em crianças com fenilcetonúria. Em 1961, nos Estados</p><p>Unidos, o Dr. Guthrie desenvolveu uma metodologia que quantificava a fenilalanina</p><p>presente em amostras de sangue seco colhido em papel filtro. A partir de então,</p><p>iniciou-se os programas de triagem neonatal. No Brasil, a triagem neonatal teve início</p><p>em 1976, com o teste para a fenilcetonúria realizado na APAE, mais conhecido como</p><p>o “teste do pezinho”, pois a gota de sangue é retirada do calcanhar do recém-nascido.</p><p>Em 1985, no Rio de Janeiro, uma lei tornou obrigatório o teste para a fenilcetonúria</p><p>e para o hipotireoidismo congênito. Em 2001, o Ministério da Saúde publicou uma</p><p>Portaria criando o Programa Nacional de Triagem Neonatal e, a partir de então, todos</p><p>os estados brasileiros devem realizar o teste do pezinho nos recém-nascidos.</p><p>Atenção!</p><p>A dieta com restrição de galactose é fundamental para a vida da criança</p><p>diagnosticada com galactosemia.</p><p>Pesquise mais</p><p>Há três tipos de teste do pezinho: o básico, o mais e o super. Quer saber</p><p>mais? Então leia o texto a seguir:</p><p>APAE. Conheça os tipos de teste do pezinho da APAE de São Paulo.</p><p>Disponível em: . Acesso em: 14 dez. 2015.</p><p>Faça você mesmo</p><p>Um homem normal para a fenilcetonúria, filho de pais normais, porém</p><p>heterozigotos, casa-se com uma mulher normal, cujos pais são normais e</p><p>o irmão apresenta fenilcetonúria. O casal tem dois filhos, o mais velho, um</p><p>menino normal, e o caçula, uma menina com fenilcetonúria.</p><p>Construa o heredograma dessa família.</p><p>U2</p><p>84 Anomalias genéticas, metabolismo e distúrbios mentais e comportamentais</p><p>Você se lembra do caso que a Mariana estava estudando? Então vamos recordar.</p><p>Mariana está estudando a fenilcetonúria e atendeu o casal Claudia e Jair que há</p><p>30 dias teve seu primeiro filho, Thiago. O casal está muito preocupado, pois recebeu</p><p>uma convocação da APAE para realizar exames, pois o teste do pezinho do bebê</p><p>apresentou alterações. No resultado do teste do pezinho, Thiago foi diagnosticado</p><p>com fenilcetonúria. Os pais estão muito preocupados e buscam informações sobre o</p><p>que é a fenilcetonúria, pois nunca ouviram falar a respeito e querem saber como deve</p><p>ser o tratamento de seu filho.</p><p>A fenilcetonuria é um erro inato do metabolismo, ou seja, um distúrbio bioquímico</p><p>hereditário que se não for tratado logo após o nascimento, pode levar, entre outras</p><p>coisas, ao retardo mental irreversível.</p><p>Nos portadores de fenilcetonúria, a enzima que converte a fenilalanina em tirosina</p><p>está ausente ou inativa e, por esse motivo, ocorre o acúmulo de fenilalanina nos</p><p>líquidos e tecidos corporais causando danos ao organismo.</p><p>O tratamento deve ser feito com acompanhamento nutricional e dieta com</p><p>restrição de proteínas,</p><p>com alimentos de baixo teor de fenilalanina que deve ser</p><p>iniciada logo após o nascimento e se estender ao longo de toda a vida.</p><p>Sem medo de errar</p><p>Atenção!</p><p>O aleitamento materno deve ser suspenso em caso de confirmação de</p><p>fenilcetonúria.</p><p>Lembre-se</p><p>O teste do pezinho é realizado com a gota de sangue seco em papel filtro.</p><p>Sendo assim, os cartões podem ser enviados para laboratórios distantes</p><p>sem que haja prejuízo da amostra.</p><p>Avançando na prática</p><p>Pratique mais</p><p>Instrução</p><p>Desafiamos você a praticar o que aprendeu, transferindo seus conhecimentos para novas situações</p><p>que pode encontrar no ambiente de trabalho. Realize as atividades e depois as compare com as de</p><p>seus colegas.</p><p>U2</p><p>85Anomalias genéticas, metabolismo e distúrbios mentais e comportamentais</p><p>O caso de Pedrinho</p><p>1. Competência de Fundamentos</p><p>da Área</p><p>Conhecer a estrutura, o desenvolvimento e o funcionamento</p><p>bio-fisio-neurológico do organismo humano, identificando as</p><p>inter-relações com os processos psicológicos.</p><p>2. Objetivos de aprendizagem</p><p>Identificar as consequências de distúrbios metabólicos e a</p><p>ocorrência de doenças.</p><p>3. Conteúdos relacionados Erros inatos do metabolismo.</p><p>4. Descrição da SP</p><p>Clarice está grávida de seu primeiro filho, Pedrinho, e</p><p>suas amigas lhe disseram que o teste do pezinho é muito</p><p>importante para diagnosticar doenças no bebê. Ao ouvir os</p><p>comentários das amigas, Clarice ficou preocupada e quer</p><p>saber quais as doenças que podem ser diagnosticadas com o</p><p>teste do pezinho e como o exame é realizado. Vamos ajudar</p><p>Clarice e sanar suas dúvidas?</p><p>5. Resolução da SP</p><p>No box “Pesquise mais”, há o link da Associação de Pais e</p><p>Amigos do Excepcional (APAE), local para onde são enviados</p><p>os cartões de papel filtro com o sangue do bebê para que seja</p><p>realizado o exame. Acesse o link e encontrará o que precisa</p><p>para esclarecer as dúvidas de Clarice.</p><p>Lembre-se</p><p>Em 2001, o Ministério da Saúde publicou uma Portaria criando o Programa</p><p>Nacional de Triagem Neonatal e, a partir de então, todos os estados</p><p>brasileiros devem realizar o teste do pezinho nos recém-nascidos.</p><p>Faça você mesmo</p><p>Há três tipos de teste do pezinho: o básico que é um direito de todo</p><p>brasileiro e realizado pelo Sistema Único de Saúde (SUS), o teste Mais e</p><p>o Super. Realize uma rápida busca na internet para conhecer um pouco</p><p>mais sobre cada um deles.</p><p>Faça valer a pena</p><p>1. O filme “O óleo de Lorenzo” relata um caso real de um menino que</p><p>apresenta uma doença metabólica que causa diminuição das habilidades</p><p>intelectuais, mudanças de comportamento e prejuízos neurológicos</p><p>progressivos que podem incluir perda de controle muscular, convulsões</p><p>e espasticidade. A doença que Lorenzo apresenta é:</p><p>a) Distrofia Muscular de Duchenne.</p><p>b) Fenilcetonúria.</p><p>U2</p><p>86 Anomalias genéticas, metabolismo e distúrbios mentais e comportamentais</p><p>2. Os erros Inatos do metabolismo são distúrbios bioquímicos (I)</p><p>_________ determinados (II) ______________.</p><p>Assinale a alternativa que completa corretamente a frase:</p><p>a) I. transmitidos por insetos; II. pela espécie que picou.</p><p>b) I. hereditários; II. geneticamente.</p><p>c) I. do metabolismo; II. pelo parasito contaminante.</p><p>d) I. genéticos; II. hereditariamente.</p><p>e) I. do metabolismo; II. hereditariamente.</p><p>3. Considere as seguintes afirmativas:</p><p>I. Distúrbio resultante de mutações no gene que codifica a enzima</p><p>fenilalanina-hidroxilase.</p><p>II. Trata-se de uma doença recessiva ligada ao X.</p><p>III. Para evitar o retardo mental e outros sintomas, é necessária uma dieta</p><p>restrita em proteínas.</p><p>São relativas à fenilcetonúria, apenas as afirmativas:</p><p>a) I.</p><p>b) I e II.</p><p>c) I e III.</p><p>d) II e III.</p><p>e) I, II e III.</p><p>c) Galactosemia.</p><p>d) Anemia falciforme.</p><p>e) Adrenoleucodistrofia.</p><p>U2</p><p>87Anomalias genéticas, metabolismo e distúrbios mentais e comportamentais</p><p>Seção 2.4</p><p>Genética clínica aplicada</p><p>Caro aluno, nesta quarta seção da Unidade 2, iremos estudar Genética Clínica</p><p>aplicada, abordando os conceitos de consultoria genética e diagnóstico pré-natal.</p><p>Nesta seção, iremos discutir um caso que está sendo estudado pela Sheila. Vamos</p><p>recordá-lo?</p><p>Sheila realiza atendimentos de consultoria genética com famílias de portadores</p><p>de doenças genéticas. Nesta semana, atendeu o Sr. Waldir e a Sra. Ruth. O casal tem</p><p>dois filhos portadores de Síndrome de Down. Na primeira gestação, a Sra. Ruth estava</p><p>com 37 anos e na segunda com 40 anos. Apesar de aceitar muito bem a condição dos</p><p>filhos, o casal sonha com a possibilidade de ter um filho sem a síndrome e, após 3 anos</p><p>do nascimento do segundo filho, procuraram o serviço de consultoria genética para</p><p>avaliar as chances de, em uma nova gestação, nascer uma criança sem a Síndrome de</p><p>Down. Quais os procedimentos para analisar o caso? Como orientar o casal?</p><p>Ao longo desta seção, vamos apresentar os elementos necessários à resolução</p><p>dessa situação-problema. Esteja atento às informações e conto com você para auxiliar</p><p>o casal.</p><p>Pronto para começar?</p><p>Então vamos lá!</p><p>Caro aluno, na seção anterior, estudamos os distúrbios bioquímicos que ocasionam</p><p>doenças metabólicas. Agora iremos estudar a consultoria genética e o diagnóstico</p><p>pré-natal.</p><p>Diálogo aberto</p><p>Não pode faltar</p><p>U2</p><p>88 Anomalias genéticas, metabolismo e distúrbios mentais e comportamentais</p><p>A consultoria genética, também chamada de aconselhamento genético, é um</p><p>processo por meio do qual são fornecidas informações e orientações às famílias com</p><p>casos de doença genética. O objetivo primário do serviço de consultoria genética é a</p><p>estimativa do cálculo dos riscos de repetição de uma determinada doença genética na</p><p>prole de um casal. Além do cálculo dessa estimativa, faz parte do serviço de consultoria</p><p>genética, a transmissão adequada dessa informação, em linguagem adaptada ao meio</p><p>socioeconômico-cultural dos consulentes, de maneira que a informação possa ser</p><p>compreendida. Além disso, o apoio psicológico a essa família no sentido de auxiliá-la</p><p>a adotar uma atitude racional é indispensável.</p><p>De maneira geral, a consultoria genética tem como objetivo fornecer ao paciente</p><p>e a seus familiares informações sobre a sua condição e riscos e auxiliá-los na tomada</p><p>de decisões esclarecidas.</p><p>O atendimento é direcionado para indivíduos afetados por doenças genéticas</p><p>e suas famílias e para pessoas sem histórico familiar de doença genética, mas que</p><p>possuam risco de que seus descendentes apresentem alguma dessas doenças.</p><p>Por meio do aconselhamento genético, o paciente ou seus familiares são</p><p>informados sobre as consequências da doença, a probabilidade de desenvolvimento</p><p>ou transmissão e os caminhos para prevenção, bem como possíveis tratamentos.</p><p>Isso tudo consiste em um processo educacional que procura, além de dar assistência</p><p>médica e psicológica a todos os possíveis envolvidos, também explicar sobre sua</p><p>transmissão, manejo e consequências. Nesse sentido, o profissional envolvido no</p><p>aconselhamento genético não “aconselha” o paciente a tomar decisões e, sim, o</p><p>informa da melhor forma possível para que ele possa tomar a decisão mais apropriada</p><p>conforme seus princípios, condições financeiras e psicológicas.</p><p>Assimile</p><p>Alguns termos são importantes em consultoria genética. Probando ou</p><p>propósito é o primeiro indivíduo da família que é avaliado; na maioria dos</p><p>casos, ele é afetado pela doença. Consulente é o indivíduo ou o casal que</p><p>procura a orientação do serviço de consultoria genética.</p><p>Reflita</p><p>Doença genética é aquela que resulta direta ou indiretamente de algum</p><p>tipo de alteração patogênica no material genético. Doença hereditária é</p><p>aquela em que é resultado de alterações numéricas ou estruturais dos</p><p>cromossomos que é transmitida de geração para geração. Para que essa</p><p>transmissão ocorra, a alteração deve ocorrer nos gametas, caso contrário</p><p>será apenas genética, mas não hereditária.</p><p>U2</p><p>89Anomalias genéticas, metabolismo e distúrbios mentais e comportamentais</p><p>Indicações</p><p>De maneira geral, qualquer casal possui a probabilidade de ter uma criança com</p><p>alguma doença genética. No entanto, as chances de isso acontecer</p><p>são pequenas e,</p><p>por isso, esses casais não necessitam de consultoria genética.</p><p>Na maioria das vezes, os casais encaminhados para consultoria genética buscam</p><p>informações sobre a existência de riscos genéticos aumentados para sua prole.</p><p>Geralmente são casais normais que já tiveram um ou mais filhos afetados por retardo</p><p>mental, síndromes, defeitos físicos, entre outras coisas.</p><p>As indicações mais comuns para encaminhamento à consultoria genética são:</p><p>- Casais consanguíneos.</p><p>- Abortos repetidos ou infertilidade.</p><p>- História familiar de uma condição hereditária, tal como Fibrose Cística,</p><p>Síndrome do X-frágil, entre outros.</p><p>- Idade materna avançada (acima de 35 anos existe risco aumentado de prole</p><p>afetada) ou qualquer malformação encontrada no feto.</p><p>- Exposição a teratógeno durante a gestação, tal como drogas ocupacionais,</p><p>medicamentos e álcool.</p><p>- Exposição à radiação ionizante ou drogas mutagênicas em dose elevada</p><p>(como em casos de tratamento de câncer).</p><p>- Doenças infectocontagiosas durante a gestação (sífilis, rubéola,</p><p>citomegalovirose) podem produzir defeitos graves no embrião ou feto.</p><p>- Anomalia ou condição genética recém-diagnosticada.</p><p>- Filho anterior com múltiplas anomalias congênitas, deficiência mental ou má</p><p>formação isolada, tal como defeito de tubo neural, fenda labial e palatina.</p><p>- Casais em que um dos cônjuges é afetado por alteração genética.</p><p>Etapas da Consultoria Genética</p><p>As etapas da consultoria genética são:</p><p>- Determinação do padrão de herança – etapa fundamental para a correta estimativa</p><p>dos riscos de ocorrência da doença na família do consulente.</p><p>- Exames – além do exame físico, pode ser necessária a realização de exames</p><p>laboratoriais e exames genéticos específicos.</p><p>U2</p><p>90 Anomalias genéticas, metabolismo e distúrbios mentais e comportamentais</p><p>Diagnóstico Pré-natal</p><p>Consiste num conjunto de técnicas capazes de verificar a saúde e o desenvolvimento</p><p>do embrião ou feto e, quando presentes, detectar defeitos ou doenças.</p><p>Atenção!</p><p>No serviço de consultoria genética, deve-se respeitar a autonomia da</p><p>família em sua decisão de ter ou não outro filho. O profissional atua</p><p>fornecendo apenas informações que irão servir de base para a tomada de</p><p>uma decisão esclarecida, mas jamais toma decisões pela família.</p><p>Pesquise mais</p><p>A Sociedade Brasileira de Genética Médica disponibiliza em seu site uma</p><p>lista de serviços de consultoria genética e de especialistas em genética</p><p>médica e clínica. Acesse:</p><p>SOCIEDADE BRASILEIRA DE GENÉTICA MÉDICA. Disponível em: . Acesso em: 25 dez. 2015.</p><p>- Levantamento da história familial e construção do heredograma – fundamentais,</p><p>pois podem possibilitar o estabelecimento do padrão de herança, mesmo quando</p><p>não é possível estabelecer um diagnóstico específico. O exame clínico de outros</p><p>membros afetados da família pode ser útil para a confirmação da hipótese diagnóstica,</p><p>pois podem apresentar sinais clínicos semelhantes ao do propósito, auxiliando na</p><p>confirmação da hipótese diagnóstica.</p><p>- Avaliação dos exames clínicos e genéticos já realizados e indicação de outros</p><p>exames, se necessário.</p><p>- Cálculo dos riscos – a partir dos dados obtidos nas etapas anteriores, calcula-se o</p><p>risco de o indivíduo nascer afetado.</p><p>- Sessão de consultoria genética – procura-se transmitir de maneira clara</p><p>os resultados dos exames e as conclusões a que se chegou. São transmitidas</p><p>informações sobre os riscos de repetição da condição, sempre com muita cautela,</p><p>clareza, linguagem acessível e compreensível, respeitando as condições emocionais.</p><p>Procura-se auxiliar o consulente a compreender e a ter consciência dos riscos e a</p><p>tomar decisões racionais, apresentando alternativas de planejamento familiar. Caso</p><p>haja algum tipo de tratamento a ser realizado, promove-se a orientação (nos casos</p><p>de consultoria realizada por médicos) ou encaminha-se para o profissional de saúde</p><p>(psicólogo, fisioterapeuta, médico, entre outros).</p><p>U2</p><p>91Anomalias genéticas, metabolismo e distúrbios mentais e comportamentais</p><p>Alguns métodos possibilitam a visualização direta (amnioscopia, fetoscopia) ou</p><p>indireta (ultrassonografia, raios X) do embrião ou feto e a detecção de anomalias</p><p>anatômicas. Outros dependem da obtenção de fragmentos de tecidos (biópsia de</p><p>vilosidades coriônicas), de líquido amniótico (amniocentese) ou de amostras de sangue</p><p>(cordocentese). Esses materiais são colhidos e utilizados para testes bioquímicos</p><p>(detecção de erros inatos do metabolismo), testes moleculares (testes de DNA para</p><p>detecção de mutação em genes) e testes citogenéticos (estudo de cromossomos e</p><p>determinação do cariótipo para verificar alterações cromossômicas).</p><p>Faz parte da rotina das consultas de pré-natal o acompanhamento do aumento</p><p>da circunferência abdominal da gestante e a ausculta fetal. Hoje, o exame de</p><p>ultrassonografia também faz parte dessa rotina; as demais técnicas são necessárias</p><p>em casos específicos, quando há maior risco de doenças na criança.</p><p>Veja a lista de técnicas:</p><p>Ultrassonografia - método não invasivo. Em geral, quando realizada a partir da 11ª</p><p>semana de gestação, possibilita a visualização da maioria (80%) das malformações</p><p>que geralmente são confirmadas por meio de outros exames de coleta de material</p><p>do concepto. A ultrassonografia também é usada no monitoramento de exames</p><p>invasivos, como a biópsia de vilosidades coriônicas, amniocentese e cordocentese.</p><p>Biópsia de vilosidades coriônicas – permite o estudo do cariótipo (cromossomos)</p><p>e identificação do sexo do embrião. Realizado entre a 11ª e a 17ª semana de gestação</p><p>por meio de punção transabdominal das vilosidades coriônicas (material embrionário</p><p>que dará origem à placenta), monitorada pela ultrassonografia.</p><p>Amniocentese – realizado a partir da 17ª semana contada a partir da última</p><p>menstruação. Permite o estudo do cariótipo e a identificação do sexo. É feito por</p><p>meio da punção transabdominal suprapúbica da cavidade amniótica com o objetivo</p><p>de colher líquido amniótico ou células de origem embrionária que se encontram</p><p>em suspensão no líquido. A técnica é monitorada por ultrassonografia. A taxa de</p><p>alterações cromossômicas detectada por meio da biópsia de vilosidades coriônicas é</p><p>significativamente maior do que a observada na amniocentese.</p><p>Cordocentese – realizada a partir da 18ª semana, é feita a punção da veia umbilical</p><p>do feto, na região mais próxima à placenta. Com o sangue colhido, pode-se realizar o</p><p>estudo do cariótipo, a determinação de anticorpos em casos de suspeita de infecções,</p><p>além de testes bioquímicos e moleculares.</p><p>Fetoscopia – inserção de um catéter com fibra óptica na cavidade amniótica</p><p>por via transabdominal para a inspeção visual direta do feto; durante o exame é</p><p>possível colher amostras de tecidos fetais. Permite diagnosticar defeitos externos e</p><p>afecções congênitas da pele. Geralmente são diagnosticados defeitos craniofaciais,</p><p>de extremidades e até do tegumento. Com a análise do tecido colhido, permite</p><p>U2</p><p>92 Anomalias genéticas, metabolismo e distúrbios mentais e comportamentais</p><p>Lembra-se do caso que a Sheila estava estudando? Então vamos recordar.</p><p>Sheila realiza atendimentos de consultoria genética com famílias de portadores</p><p>Exemplificando</p><p>De acordo com Young (2005), a incidência de nascimento de crianças</p><p>com Síndrome de Down filhos de mulheres com idade entre 15 e 24 anos</p><p>é de 1 em 1.500 nascidos vivos; aos 35 anos, a incidência aumenta para</p><p>1 em 300 nascimentos; aos 40 anos, 1 em 100 e aos 46 anos ou mais a</p><p>incidência é de 1 em 20 nascimentos.</p><p>Faça você mesmo</p><p>No caso de suspeita de Síndrome de Down, qual exame de diagnóstico</p><p>pré-natal pode ser realizado para descartar ou confirmar a suspeita?</p><p>Sem medo de errar</p><p>diagnosticar alterações cromossômicas, hemoglobinopatias, defeitos de coagulação,</p><p>erros inatos do metabolismo e diversas afecções.</p><p>Principais indicações de exames de diagnóstico pré-natal</p><p>- Idade materna avançada – indicado para gestantes com 38 anos ou mais, pois</p><p>têm a chance aumentada de gerar crianças com</p><p>alterações cromossômicas. Em</p><p>relação à Síndrome de Down, mulheres nessa faixa etária são mães de praticamente</p><p>metade de todos os casos da síndrome. Em mulheres acima de 40 anos, o risco de</p><p>gestação de uma criança com Síndrome de Down é cerca de 40 vezes maior do que</p><p>em mulheres jovens.</p><p>- Defeitos de fechamento do tubo neural – para casais que já tiveram uma criança</p><p>com esse tipo de problema, as chances de repetição está em torno de 4%. Nesses</p><p>casos, os níveis de alfa-fetoproteína encontram-se elevados no soro materno e no</p><p>líquido amniótico, por isso a indicação é de dosagem dessa substância, além da</p><p>ultrassonografia.</p><p>- Casais com prole afetada por doença recessiva – em doenças autossômicas</p><p>recessivas, os pais de crianças afetadas são heterozigotos e, por isso, têm 25% de</p><p>chances de gerarem uma criança com a doença.</p><p>- Casos de infecção durante a gravidez – rubéola, sífilis, citomegalovirose.</p><p>U2</p><p>93Anomalias genéticas, metabolismo e distúrbios mentais e comportamentais</p><p>de doenças genéticas. Nesta semana, atendeu o Sr. Waldir e a Sra. Ruth. O casal tem</p><p>dois filhos portadores de Síndrome de Down. Na primeira gestação, a Sra. Ruth estava</p><p>com 37 anos e na segunda com 40 anos. Apesar de aceitar muito bem a condição</p><p>dos filhos, o casal sonha com a possibilidade de ter um filho normal e, após 3 anos</p><p>do nascimento do segundo filho, procuraram o serviço de consultoria genética para</p><p>avaliar as chances de, em uma nova gestação, nascer uma criança sem a Síndrome de</p><p>Down. Quais os procedimentos para analisar o caso? Como orientar o casal?</p><p>O aumento da taxa de nascimento de crianças com doenças genéticas está</p><p>diretamente ligado à idade materna avançada. Qualquer mulher apresenta riscos</p><p>de gerar uma criança com algum tipo de alteração cromossômica devido a</p><p>mutações aleatórias, no entanto, com o aumento da idade as chances aumentam</p><p>significativamente.</p><p>Ao buscar o serviço de consultoria genética, a equipe deve seguir todas as etapas</p><p>para que possa orientar o casal de maneira adequada. A equipe deverá levar em</p><p>consideração que o casal já teve duas crianças com Síndrome de Down, sendo que</p><p>o primeiro nasceu quando a mãe estava com 37 anos e o segundo quando estava</p><p>com 40 anos. No momento da consulta, a Sra. Ruth tem 43 anos e os riscos são ainda</p><p>maiores, pois, quanto maior a idade da mãe, maior a probabilidade do nascimento de</p><p>crianças com alterações genéticas. Quando se trata de probabilidade, não há como ter</p><p>a certeza de que o evento irá ou não ocorrer, no entanto, sabe-se que a probabilidade</p><p>é elevada.</p><p>Atenção!</p><p>A idade materna é um fator relevante para o nascimento de crianças com</p><p>alterações genéticas.</p><p>Lembre-se</p><p>Na consultoria genética, é realizada a orientação do casal, no entanto, a</p><p>decisão reprodutiva fica a cargo do casal. O profissional atua fornecendo</p><p>informações que servem de base para a tomada de decisão, mas jamais</p><p>toma decisão pela família.</p><p>Avançando na prática</p><p>Pratique mais</p><p>Instrução</p><p>Desafiamos você a praticar o que aprendeu, transferindo seus conhecimentos para novas situações</p><p>que pode encontrar no ambiente de trabalho. Realize as atividades e depois as compare com as de</p><p>seus colegas.</p><p>U2</p><p>94 Anomalias genéticas, metabolismo e distúrbios mentais e comportamentais</p><p>A gestação de Luciana</p><p>1. Competência de Fundamentos</p><p>de Área</p><p>Conhecer a estrutura, o desenvolvimento e o funcionamento</p><p>bio-fisio-neurológico do organismo humano, identificando as</p><p>inter-relações com os processos psicológicos.</p><p>2. Objetivos de aprendizagem</p><p>Identificar os casos nos quais a consultoria genética se aplica</p><p>e reconhecer sua importância.</p><p>3. Conteúdos relacionados Consultoria genética e diagnóstico pré-natal.</p><p>4. Descrição da SP</p><p>Luciana, 35 anos, está grávida de seu 2º filho. Ela tem</p><p>uma filha de 12 anos, Laís, e sempre desejou outro filho.</p><p>Depois do nascimento de Laís, Luciana teve três abortos</p><p>espontâneos. Agora, grávida de 3 meses, durante o exame de</p><p>ultrassonografia de rotina, os médicos suspeitam que o bebê</p><p>tem Síndrome de Down. Qual o procedimento que deve ser</p><p>adotado para confirmar a síndrome?</p><p>5. Resolução da SP</p><p>Existem diversos exames de diagnóstico pré-natal que podem</p><p>ser utilizados para confirmar a ocorrência de síndromes por</p><p>meio da análise de cariótipos.</p><p>Lembre-se</p><p>A idade materna avançada está intimamente relacionada ao aumento da</p><p>probabilidade do nascimento de crianças com alterações cromossômicas.</p><p>Faça você mesmo</p><p>Quer conhecer um pouco mais sobre o desenvolvimento das pessoas</p><p>com Síndrome de Down? Então pesquise na internet as possibilidades de</p><p>trabalho que são oferecidas a eles.</p><p>Faça valer a pena</p><p>1. O objetivo primário do serviço de consultoria genética é:</p><p>a) Orientar casais da população em geral sobre os riscos de doenças</p><p>genéticas em sua prole.</p><p>b) Calcular os riscos de repetição de uma determinada doença genética</p><p>na prole de um casal.</p><p>c) Ajudar os casais com probabilidade de ter crianças com doenças</p><p>genéticas a decidir se terão ou não filhos.</p><p>d) Auxiliar casais cuja gravidez é, comprovadamente, de uma criança com</p><p>alteração genética a decidir pela continuidade ou não da gestação.</p><p>e) Calcular os riscos de determinada doença na prole de um casal e auxiliar</p><p>na tomada de decisão reprodutiva.</p><p>U2</p><p>95Anomalias genéticas, metabolismo e distúrbios mentais e comportamentais</p><p>2. O diagnóstico pré-natal consiste em um conjunto de técnicas capazes</p><p>de __________________________________ do embrião ou feto e,</p><p>quando presentes, detectar defeitos ou doenças:</p><p>a) Diagnosticar doenças da mãe que podem afetar o desenvolvimento.</p><p>b) Verificar a saúde e o desenvolvimento.</p><p>c) Tratar doenças.</p><p>d) Diagnosticar e tratar doenças .</p><p>e) Direcionar o profissional da saúde para tratamento.</p><p>3. São indicações para a realização de exames de diagnóstico pré-natal:</p><p>I. Idade materna avançada.</p><p>II. Defeitos de fechamento do tubo neural.</p><p>III. Casais com prole afetada por doença recessiva.</p><p>IV. Casos de infecção durante a gravidez.</p><p>Estão corretas apenas as afirmativas:</p><p>a) I e III.</p><p>b) I, II e III.</p><p>c) II, III e IV.</p><p>d) I, III e IV.</p><p>e) I, II, III e IV.</p><p>U2</p><p>96 Anomalias genéticas, metabolismo e distúrbios mentais e comportamentais</p><p>U2</p><p>97Anomalias genéticas, metabolismo, distúrbios mentais e comportamentais</p><p>Referências</p><p>ASSOCIAÇÃO DE PAIS E AMIGOS DO EXCEPCIONAL DE SÃO PAULO (APAE-SP).</p><p>Disponível em:. Acesso em: 14 dez. 2015.</p><p>BORGES-OSÓRIO, M. R.; ROBINSON, W. M. Genética humana. 2. ed. Porto Alegre:</p><p>Artmed, 2001.</p><p>GRIFFTHS, A. J. F. et al. Introdução à genética. 10. ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan,</p><p>2013.</p><p>PIERCE, B. A. Genética essencial: conceitos e conexões. Rio de Janeiro: Guanabara</p><p>Koogan, 2012.</p><p>_______. Genética: um enfoque conceitual. 3. ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan,</p><p>2011.</p><p>SOCIEDADE BRASILEIRA DE GENÉTICA MÉDICA. Disponível em: . Acesso em: 25 dez. 2015.</p><p>YOUNG, I. D. Genética médica. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2007.</p><p>Unidade 3</p><p>CITOGENÉTICA CLÍNICA</p><p>Nesta unidade vamos discutir citogenética clínica. Para isso, estudaremos</p><p>as anomalias autossômicas numéricas e estruturais; os distúrbios nos</p><p>autossomos: cromossomopatias e comportamento; os distúrbios nos</p><p>cromossomos sexuais: intersexualidade, distúrbios cromossômicos</p><p>numéricos e estruturais; e finalizaremos com as doenças monogênicas com</p><p>alto grau de heterogeneidade: retardo mental e retardo mental associado a</p><p>síndromes.</p><p>Competência de fundamento da área:</p><p>Conhecer a estrutura, o desenvolvimento e o funcionamento biofisio-</p><p>neurológico do organismo humano, identificando as inter-relações com os</p><p>processos psicológicos.</p><p>Objetivos específicos:</p><p>- Conhecer as anomalias autossômicas tanto numéricas como estruturais.</p><p>- Conhecer as cromossomopatias que estão associadas ao</p><p>comportamento.</p><p>- Conhecer os distúrbios dos cromossomos sexuais tanto numéricos</p><p>como estruturais.</p><p>Convite ao estudo</p><p>U3</p><p>100 Citogenética clínica</p><p>- Reconhecer as</p><p>e sua esposa, a</p><p>Sra. Rita, estão preocupados com a possibilidade do filho André desenvolver a</p><p>mesma doença do pai. Na Seção 1.3 você conhecerá um pouco mais sobre</p><p>esse caso.</p><p>Cristiane acompanha gestantes acima de 40 anos. No início da semana</p><p>recebeu a Sra. Luciana, que, após realizar um exame de ultrassom, buscou ajuda</p><p>do laboratório de Genética Humana porque seu obstetra suspeita que o bebê</p><p>apresenta algum tipo de alteração morfológica. Na Seção 1.4 você acompanhará</p><p>As bases cromossômica e genética da hereditariedade</p><p>U1</p><p>9</p><p>o trabalho de Cristiane junto à Luciana.</p><p>Agora que você já conhece os casos que iremos discutir nesta primeira</p><p>unidade, vamos estudar os conceitos que lhe permitirão solucionar as situações-</p><p>problema apresentadas.</p><p>Preparado? Então vamos começar!</p><p>As bases cromossômica e genética da hereditariedade</p><p>U1</p><p>10</p><p>As bases cromossômica e genética da hereditariedade</p><p>U1</p><p>11</p><p>Seção 1.1</p><p>Bases celulares da hereditariedade</p><p>Caro aluno, nesta primeira seção estudaremos a célula, que é a unidade básica</p><p>de todos os seres vivos, abordando seus constituintes, ou seja, os ácidos nucleicos, o</p><p>citosol, o citoesqueleto e as organelas.</p><p>Você deve estar lembrado de que na abertura da Unidade 1 foi apresentado a você</p><p>o laboratório de pesquisas em Genética Humana do Prof. Dr. Paulo de Abreu e o</p><p>trabalho de quatro doutorandos que estão sob sua orientação. Pois bem, nesta seção</p><p>discutiremos o caso que está sendo estudado pelo Rafael. Vamos recordar esse caso?</p><p>Rafael pesquisa as causas da infertilidade masculina e atende casais que estão</p><p>há vários anos tentando engravidar sem sucesso. Na última semana, atendeu o Sr.</p><p>Antônio e a Sra. Márcia, que, casados há 12 anos, tentam há pelo menos cinco anos,</p><p>sem sucesso, ter um filho. O casal já se submeteu a diversos exames e foi constatado</p><p>que a Sra. Márcia não apresenta nenhum problema reprodutivo e que o Sr. Antônio</p><p>apresenta a produção de espermatozoides dentro da taxa considerada normal.</p><p>Como é possível que um casal formado por uma mulher reprodutivamente saudável</p><p>e um homem que produz espermatozoides dentro do padrão de normalidade não</p><p>consiga ter um filho?</p><p>Ao longo desta seção apresentaremos os elementos necessários à resolução desta</p><p>situação-problema. Contamos com você para auxiliar esse casal!</p><p>Pronto para começar? Então vamos lá!</p><p>A célula</p><p>A célula é a unidade básica de todos os seres vivos, isto é, todos os seres vivos são</p><p>Diálogo aberto</p><p>Não pode faltar</p><p>As bases cromossômica e genética da hereditariedade</p><p>U1</p><p>12</p><p>formados por uma ou mais células. Há dois tipos de células: procariontes, consideradas</p><p>mais primitivas, e eucariontes. A célula procarionte é constituída de membrana</p><p>plasmática, citoplasma e seu material genético, uma única molécula de DNA circular,</p><p>fica dispersa no citoplasma. Essa célula não apresenta organoides membranosos e os</p><p>ribossomos são os únicos presentes. Apenas os seres pertencentes ao Reino Monera,</p><p>por exemplo, as bactérias, apresentam células desse tipo. Já a célula eucarionte é</p><p>constituída por membrana plasmática, organoides membranosos, e seu material</p><p>genético fica separado do citoplasma por meio de uma membrana, a carioteca,</p><p>originando o núcleo da célula. Todos os seres vivos, exceto os do Reino Monera,</p><p>apresentam células eucariontes. É essa célula que vamos estudar nesta seção.</p><p>Como esse conteúdo é bastante abstrato, para facilitar sua compreensão, ao longo</p><p>do texto iremos comparar o funcionamento das células a uma fábrica de bolos.</p><p>Ácidos nucleicos</p><p>Podem ser de dois tipos: DNA e RNA. Ambos são constituídos de nucleotídeos,</p><p>que, por sua vez, são formados por um açúcar, um fosfato e uma base nitrogenada.</p><p>Ácido desoxirribonucleico − DNA</p><p>Como já foi dito, os ácidos nucleicos são formados a partir da união de nucleotídeos;</p><p>cada nucleotídeo é constituído por um açúcar, um fosfato e uma base nitrogenada. O</p><p>DNA é composto por nucleotídeos que têm a desoxirribose como açúcar (daí o nome</p><p>ácido desoxirribonucleico) e as bases nitrogenadas são Adenina (A), Citosina (C), Timina</p><p>(T) e Guanina (G). É formado por dois filamentos paralelos que se ligam um ao outro</p><p>por meio de ligações químicas entre as bases nitrogenadas, dando origem à estrutura</p><p>conhecida como dupla-hélice. A ligação entre as bases de cada filamento sempre será</p><p>A-T e C-G. A sequência de bases do DNA é a responsável por codificar a informação</p><p>genética de todos os seres vivos, exceto alguns tipos de vírus. Nas células eucariontes,</p><p>o DNA é encontrado no interior do núcleo, das mitocôndrias e dos cloroplastos das</p><p>células vegetais. Na fábrica de bolos, o DNA pode ser comparado ao proprietário que</p><p>veio de outro país e não fala português.</p><p>Ácido ribonucleico − RNA</p><p>O RNA é formado por um único filamento de nucleotídeos. O açúcar de seus</p><p>nucleotídeos é a ribose, daí o nome ácido ribonucleico. As bases nitrogenadas dos</p><p>ribonucleotídeos são Adenina (A), Citosina (C), Uracila (U) e Guanina (G). As bases</p><p>nitrogenadas do RNA se ligam sempre da seguinte forma: A-U e C-G.</p><p>As bases cromossômica e genética da hereditariedade</p><p>U1</p><p>13</p><p>Há três principais tipos de molécula de RNA que são transcritos a partir do DNA que</p><p>está no núcleo da célula:</p><p>1. RNA mensageiro (RNAm) − traz a mensagem contida no DNA (nos genes) para o</p><p>citoplasma. Essa mensagem deve ser decodificada em uma sequência de aminoácidos,</p><p>a qual irá originar uma cadeia polipeptídica que, por sua vez, dará origem às proteínas.</p><p>Essa mensagem é codificada em trincas de bases nitrogenadas (os códons), e cada</p><p>trinca define o aminoácido que será adicionado à proteína.</p><p>2. RNA ribossômico (RNAr) – combina-se com proteínas específicas e dá origem</p><p>aos ribossomos, organelas responsáveis pela síntese de proteínas.</p><p>3. RNA transportador (RNAt) – é responsável pelo transporte dos aminoácidos até</p><p>os ribossomos para a síntese de proteínas.</p><p>Na fábrica de bolos, o RNAm pode ser comparado à receita que foi traduzida para</p><p>o português, enquanto o RNAt seriam os auxiliares de cozinha que separam e trazem</p><p>os ingredientes para que o bolo seja produzido.</p><p>Citosol</p><p>Todas as células são constituídas por membrana plasmática, que separa o</p><p>conteúdo celular do ambiente externo, material genético (DNA), que controla todo</p><p>o funcionamento celular, e citoplasma, local onde estão as organelas celulares. O</p><p>citoplasma é constituído por um líquido viscoso, o citosol, que é basicamente</p><p>constituído por água, sais minerais, açúcares e proteínas. É nele que ocorre a maioria</p><p>das reações químicas imprescindíveis ao funcionamento celular. No citosol também</p><p>estão as organelas celulares e o citoesqueleto.</p><p>Citoesqueleto</p><p>É uma complexa rede de tubos e filamentos de proteína presentes na célula</p><p>eucariótica e que definem a forma da célula, responsáveis por importantes funções</p><p>Faça você mesmo</p><p>Em todos os seres vivos, as informações genéticas estão contidas no</p><p>DNA. Os genes correspondem a trechos da molécula de DNA; cada gene</p><p>contém o código genético para a produção de uma molécula de RNA,</p><p>que, na maioria das vezes, vai codificar uma proteína. Sabemos que este</p><p>processo deve ser muito preciso e que o menor erro na passagem das</p><p>informações pode resultar em consequências para o organismo. Quais</p><p>seriam as consequências dessas alterações para o organismo humano?</p><p>As bases cromossômica e genética da hereditariedade</p><p>U1</p><p>14</p><p>celulares. É ele que permite a adesão entre as células e o deslocamento de materiais</p><p>dentro delas. O citoesqueleto também é o responsável por movimentos realizados</p><p>pelas células, por exemplo, o movimento dos cromossomos durante os processos de</p><p>divisão celular, a contração muscular e o movimento dos cílios e flagelos.</p><p>Organelas</p><p>Assim como nosso corpo é formado por diversos órgãos e nossa saúde depende</p><p>do bom funcionamento deles, a célula é formada por organelas, que possibilitam um</p><p>funcionamento celular adequado, o que acaba refletindo na saúde do organismo</p><p>como um todo. A seguir, você vai conhecer as organelas presentes em uma célula</p><p>doenças monogênicas com alto grau de</p><p>heterogeneidade.</p><p>- Relacionar retardo mental a alterações cromossômicas.</p><p>- Aplicar o conhecimento adquirido no estudo em situações próximas</p><p>da realidade profissional.</p><p>Nesta unidade do livro didático continuaremos analisando as situações</p><p>vivenciadas no laboratório de pesquisas do Prof. Dr. Paulo de Abreu. Em</p><p>cada seção será retomado um dos casos apresentados para darmos</p><p>sequência à resolução das situações problema.</p><p>Nas unidades 1 e 2, você conheceu os estudantes de doutorado que</p><p>trabalham nesse laboratório, agora você irá conhecer outros quatro alunos</p><p>e os trabalhos que cada um desenvolve. Álvaro pesquisa a síndrome de</p><p>Patau, que causa malformações múltiplas no recém-nascido devido à</p><p>trissomia do cromossomo 13. Marli pesquisa a Doença de Alzheimer,</p><p>também conhecida como "demência do idoso". Janete estuda a Síndrome</p><p>de Turner, uma monossomia do cromossomo X que afeta mulheres. E</p><p>Renê estuda casos de retardo mental isolados ou associados às síndromes.</p><p>Na última semana, cada um dos quatro pós-graduandos atendeu a um</p><p>caso no ambulatório de Genética Humana do qual o laboratório do Prof.</p><p>Dr. Paulo faz parte. Álvaro atendeu o Sr. Marcelo, 39 anos, e a Sra. Gláucia,</p><p>41 anos. O casal teve seu primeiro filho, Marcelinho, diagnosticado com</p><p>Síndrome de Patau e buscam uma explicação para o fato. O casal também</p><p>quer obter informações a respeito da síndrome e de possíveis tratamentos</p><p>para seu filho. Seção 3.1 continuaremos com esse caso. Marli atendeu a</p><p>Sra. Júlia que veio acompanhada de seu marido, Sr. Sílvio. A Sra. Júlia relata</p><p>que seu marido tem apresentado alterações de comportamento, repete</p><p>diversas vezes a mesma pergunta e não se lembra de fatos recentes. Ela está</p><p>muito preocupada, pois o irmão mais velho do seu marido tem Alzheimer.</p><p>Na Seção 3.2 iremos analisar o caso acompanhado por Marli. Janete está</p><p>estudando a Síndrome de Turner e atendeu o casal Elaine e Leonardo com</p><p>sua filha Beatriz, de três meses de idade. O casal está muito preocupado,</p><p>pois recebeu a informação de que sua filha é portadora da Síndrome de</p><p>Turner. Eles buscam informações sobre as causas da síndrome, tratamento</p><p>e expectativa de vida para sua filha. Na Seção 3.3, você conhecerá um</p><p>pouco mais sobre esse caso. Renê estuda casos de retardo mental. Nesta</p><p>U3</p><p>101Citogenética clínica</p><p>semana atendeu o Sr. João e a Sra. Ana Lúcia. O casal tem um filho de</p><p>cinco anos, Carlos, e relata que a criança apresentou desenvolvimento</p><p>lento em relação ao irmão mais velho. Carlos começou a sentar com mais</p><p>de dois anos e andou com quatro anos. Atualmente, com cinco anos, sua</p><p>fala ainda não é compatível com a idade; apesar de ser estimulado pela</p><p>mãe, pronuncia incorretamente poucas palavras. Na escola, a professora</p><p>solicitou que Carlos fosse encaminhado para averiguação de possível</p><p>retardo mental. Apesar de não concordarem com a professora, os pais</p><p>buscaram ajuda. Na seção 3.4, você irá acompanhar o trabalho de Renê.</p><p>Agora que você já conhece os casos, vamos iniciar estudando</p><p>os conceitos que lhe permitirão solucionar as situações-problema</p><p>apresentadas.</p><p>Então vamos começar!</p><p>U3</p><p>102 Citogenética clínica</p><p>U3</p><p>103Citogenética clínica</p><p>Seção 3.1</p><p>Anomalias cromossômicas</p><p>Caro aluno! Na primeira seção da Unidade 3 iremos estudar as anomalias</p><p>cromossômicas, abordando as anomalias autossômicas, tanto numéricas como</p><p>estruturais. Recomendamos que você retorne à seção 1.3 para rever as alterações</p><p>cromossômicas numéricas e estruturais, conceitos fundamentais para o entendimento</p><p>dessa seção.</p><p>Nesta seção iremos discutir um caso que está sendo estudado pelo Álvaro. Vamos</p><p>recordá-lo?</p><p>Álvaro pesquisa a Síndrome de Patau, que causa malformações múltiplas no</p><p>recém-nascido devido à trissomia do cromossomo 13. Na última semana, ele atendeu</p><p>o Sr. Marcelo, de 39 anos, e a Sra. Gláucia, de 41 anos. O casal teve seu primeiro filho,</p><p>Marcelinho, diagnosticado com Síndrome de Patau e buscam uma explicação para o</p><p>fato. O casal também quer obter informações a respeito da síndrome e de possíveis</p><p>tratamentos para seu filho.</p><p>Ao longo desta seção iremos apresentar os elementos necessários à resolução</p><p>dessa situação problema. Esteja atendo às informações e conto com você para auxiliar</p><p>o casal.</p><p>Pronto para começar?</p><p>Então, vamos lá!</p><p>Anomalias Cromossômicas</p><p>Na Seção 1.3 abordamos alterações cromossômicas numéricas e estruturais.</p><p>Agora, iremos abordar as doenças produzidas por alterações nos autossomos.</p><p>Diálogo aberto</p><p>Não pode faltar</p><p>U3</p><p>104 Citogenética clínica</p><p>Anomalias Autossômicas</p><p>Recomendamos que volte à Seção 2.1 e faça uma revisão dos padrões de herança.</p><p>Nessa seção, iremos abordar as doenças que surgem como consequência de</p><p>alterações em autossomos.</p><p>Assimile</p><p>Alterações numéricas resultam da não disjunção cromossômica ocorrida na</p><p>meiose ou na mitose e geram indivíduos com o número de cromossomos</p><p>alterados (a mais ou a menos). As alterações cromossômicas estruturais</p><p>ocorrem na estrutura do cromossomo, mas nao causam aumento nem</p><p>diminuição na quantidade dos mesmos; a alteração ocorre em nível</p><p>molecular e altera a sequência de bases nitrogenadas do DNA.</p><p>Lembre-se</p><p>Cada ser humano normal possui em suas células somáticas 46</p><p>cromossomos. Destes, 44 são autossomos e 2 são cromossomos sexuais.</p><p>Os autossomos são cromossomos presentes tanto nos homens como</p><p>nas mulheres e na mesma quantidade. Estes se distribuem igualmente</p><p>entre os sexos e, sendo assim, temos uma alteração genética em um</p><p>autossomo, que se distribui igualmente entre homens e mulheres, não</p><p>havendo prevalência da característica entre os dois sexos.</p><p>Anomalias Autossômicas Numéricas</p><p>As alterações numéricas que afetam apenas um determinado par de cromossomos</p><p>são chamadas aneuploidias.</p><p>Na espécie humana conhecemos casos de monossomia, quando há apenas um</p><p>cromossomo ao invés de um par. A única monossomia compatível com a vida é a do</p><p>cromossomo X, que acarreta a síndrome de Turner, que será tratada na Seção 3.3,</p><p>quando abordaremos os distúrbios dos cromossomos sexuais. Há também casos de</p><p>trissomia, quando, ao invés de um par, temos 3 cromossomos do mesmo tipo. Temos</p><p>como exemplos de trissomias em autossomos, a Síndrome de Down (trissomia do</p><p>cromossomo 21), a Síndrome de Patau (trissomia do 13) e a Síndrome de Edwards</p><p>(trissomia do 18), entre outras.</p><p>U3</p><p>105Citogenética clínica</p><p>As pessoas com Síndrome de Down apresentam, ao nascer, baixo peso e estatura.</p><p>A aparência é muito característica: microcefalia, com occipital e face achatados, nariz</p><p>pequeno com ponte nasal baixa, olhos com pregas epicânticas internas e fendas</p><p>palpebrais oblíquas com os ângulos externos elevados; a mandíbula e a cavidade bucal</p><p>são pequenas, mas a língua apresenta crescimento normal e fissuras grosseiras; o palato</p><p>é estreito e alto e os dentes têm erupção tardia e irregular; as orelhas são pequenas e de</p><p>implantação baixa, o pescoço é curto e largo. Têm baixa estatura com mãos e dedos</p><p>curtos, com uma única prega palmar transversa; a musculatura é hipotônica. Homens,</p><p>geralmente, são estéreis e mulheres geralmente apresentam hipogonadismo; há</p><p>casos raros em que se tornam mães. Apresentam comprometimento mental grave,</p><p>mas a maioria é educável; conseguem ser alfabetizados e realizar tarefas manuais.</p><p>São, de maneira geral, muito afetuosos e cooperativos. São suscetíveis a infecções</p><p>respiratórias e cerca de 40% apresentam cardiopatia congênita. A Figura 3.2 apresenta</p><p>uma criança com Síndrome de Down.</p><p>Síndrome de Down</p><p>É a síndrome mais frequente, com incidência de 1 a 2 afetados para cada 1.000</p><p>crianças nascidas vivas. Estima-se que, aproximadamente, 30% de todas as crianças</p><p>com retardo mental tenham Síndrome de Down; aproximadamente 70% de todas</p><p>as gestações de embriões com Síndrome de Down sofrem aborto espontâneo.</p><p>A expectativa de vida média passou de menos de 10 anos, em 1930, para mais de</p><p>50 anos nos dias de hoje. Podemos observar no cariótipo (Figura 3.1) a trissomia do</p><p>cromossomo 21.</p><p>Fonte:</p><p>. Acesso</p><p>em: 4 jan. 2016.</p><p>Figura 3.1 | Cariótipo do Sexo Masculino com Síndrome da Down (47, XY, +21)</p><p>U3</p><p>106 Citogenética clínica</p><p>Fonte: . Acesso em: 4 jan.</p><p>2016.</p><p>Figura 3.2 | Menina com Síndrome de Down</p><p>Síndrome de Edwards</p><p>É uma síndrome de malformações congênitas graves, causada pela trissomia do</p><p>cromossomo 18. A incidência está em torno de 1 afetado para cada 5.000 nascidos</p><p>vivos e se relaciona ao aumento da idade materna. A alteração cromossômica é muito</p><p>frequente nos casos de abortos espontâneos. A expectativa de vida é baixa; 50% dos</p><p>afetados morrem na primeira semana de vida; a sobrevida além de um ano é incomum.</p><p>A Figura 3.3 apresenta o cariótipo de um portador de Síndrome de Edwards.</p><p>Os afetados apresentam baixo peso ao nascer, cabeça pequena, alongada e</p><p>estreita com o occipital proeminente. São características frequentes: olhos pequenos</p><p>(microftalmia), fendas palpebrais pequenas, hipertelorismo, mandíbula pequena, lábio</p><p>leporino, palato alto e estreito, na maioria dos casos com fenda palatina, orelhas</p><p>de implantação baixa e malformadas, pescoço curto, pés com proeminência do</p><p>calcâneo, planta arredondada e convexa e mãos fechadas com dedos superpostos.</p><p>Apresentam também retardo mental e do desenvolvimento, sérios defeitos em órgãos</p><p>internos: anomalias cardíacas congênitas, anomalias renais, ausência do corpo caloso</p><p>e do aparelho reprodutor; pode haver hérnia umbilical e inguinal e artéria umbilical</p><p>Fonte: . Acesso em: 4 jan. 2016.</p><p>Figura 3.3 | Cariótipo do Sexo Masculino com Síndrome de Edwards (47, XY, +18)</p><p>U3</p><p>107Citogenética clínica</p><p>Síndrome de Patau</p><p>É uma síndrome de graves malformações múltiplas, que, geralmente, estão</p><p>associadas a um prognóstico ruim. É causada por um cromossomo 13 a mais (trissomia</p><p>do cromossomo 13), geralmente de origem materna. A incidência é de 1 a cada 10.000</p><p>nascidos vivos. A frequência de abortamentos espontâneos com síndrome de Patau</p><p>é muito elevada; os que sobrevivem e nascem, são os menos afetados. A sobrevida</p><p>média é de 3 meses; 50% das crianças morrem na primeira semana de vida; 95% das</p><p>crianças evoluem a óbito antes dos 3 anos de idade. A Figura 3.5 apresenta o cariótipo</p><p>de um portador da síndrome de Patau.</p><p>única. A Figura 3.4 mostra uma criança afetada pela Síndrome de Edwards.</p><p>Fonte: . Acesso em: 4 jan.</p><p>2016.</p><p>Figura 3.4 | Criança com Síndrome de Edwards, em destaque a mão mostrando a posição</p><p>dos dedos, característica da síndrome</p><p>Exemplificando</p><p>Mulheres com idade acima dos 35 anos apresentam maior probabilidade</p><p>do nascimento de crianças com síndromes. Entre elas podemos citar as</p><p>síndromes de Down, de Patau e de Edwards.</p><p>Fonte: . Acesso em: 4 jan. 2016.</p><p>Figura 3.5 | Cariótipo Feminino com Síndrome de Patau (47, XX, +13)</p><p>U3</p><p>108 Citogenética clínica</p><p>Os afetados apresentam graves malformações congênitas, entre elas: microcefalia,</p><p>microftalmia ou anoftalmia, pregas epicânticas internas, hipertelorismo, nariz grande e</p><p>achatado, orelhas de implantação baixa e malformadas, boca pequena, micrognatia,</p><p>lábio leporino e palato fendido, polidactilia e criptorquidismo. São frequentes graves</p><p>defeitos congênitos em órgãos internos, como: fusão dos hemisférios cerebrais,</p><p>defeitos cardíacos, do tubo digestório e do aparelho genitourinário. O peso ao nascer</p><p>é normal, mas são surdos e cegos; apresentam dificuldade para alimentação e o</p><p>desenvolvimento não é normal.</p><p>Anomalias Autossômicas Estruturais</p><p>Na Seção 1.3 discutimos os tipos de alterações estruturais, vale a pena fazer</p><p>uma breve revisão para que compreenda melhor as causas das doenças que serão</p><p>abordadas agora.</p><p>Como consequências de alterações estruturais, temos a síndrome do “miado de</p><p>gato” (cri du chat), causada por uma deleção no braço curto de um dos cromossomos</p><p>5.</p><p>Síndrome Do Miado De Gato (cri du chat)</p><p>Esta síndrome é consequência de uma deleção na região terminal do braço curto</p><p>do cromossomo 5, a mais frequente na espécie humana. Recebe essa denominação</p><p>porque as crianças apresentam um choro característico, agudo, semelhante a um</p><p>miado de gato, em consequência de alterações no desenvolvimento da laringe. A</p><p>incidência é de 1 no intervalo de 20.000 a 50.000 vivos. A taxa de sobrevida é elevada,</p><p>mas a maioria apresenta grave retardo mental e neuromotor, em geral associado a um</p><p>comportamento difícil. Além disso, outras características incluem: choro característico,</p><p>microcefalia, fendas palpebrais com obliquidade antimongoloide, pregas epicânticas</p><p>Reflita</p><p>Para o nascimento de crianças com alterações cromossômicas, sejam elas</p><p>numéricas ou estruturais, a alteração pode ser pré-zigótica, quando ocorre</p><p>nos gametas e nesse caso todas as células da criança serão alteradas, mas</p><p>podem ser pós-zigóticas, ou seja, após a formação do zigoto e, nesse</p><p>caso, dizemos que a criança é um mosaico. No caso do mosaicismo,</p><p>as células originadas daquela alteração também serão alteradas, mas as</p><p>originadas das células normais também serão normais. Quanto mais no</p><p>início do desenvolvimento acontecer a alteração, maior o número de</p><p>células alteradas e mais severa será a manifestação da síndrome.</p><p>U3</p><p>109Citogenética clínica</p><p>Você se lembra caso que a Álvaro estava analisando? Então vamos recordar.</p><p>Álvaro pesquisa a Síndrome de Patau, que causa malformações múltiplas no</p><p>internas, prega palmar transversa completa, orelhas malformadas, implantação</p><p>baixa, baixo peso ao nascer, hipotonia muscular, estrabismo, micrognatia e defeitos</p><p>cardíacos. A Figura 3.6 mostra uma criança com síndrome do miado de gato aos 8</p><p>meses de idade (A), aos 2 anos (B), aos 4 anos (C) e aos 9 anos e meio (D).</p><p>Fonte: . Acesso em: 5 jan. 2016.</p><p>Figura 3.6 | Menino com Síndrome do Miado de Gato</p><p>Pesquise mais</p><p>Para conhecer outras alterações cromossômicas em autossomos, leia o</p><p>capítulo 8 (páginas 79 a 105) do livro a seguir:</p><p>OTTO, P. A.; NETTO, R. C. M.; OTTO, P. G. Genética médica. São Paulo:</p><p>Roca, 2013.</p><p>Faça você mesmo</p><p>As síndromes de Angelman e Prader-Willi resultam de microdeleções no</p><p>braço longo do cromossomo 15. Se a alteração ocorrer no cromossomo</p><p>de origem materna, a criança apresentará a Síndrome de Angelman, mas</p><p>se a alteração ocorrer no cromossomo de origem paterna, a criança terá</p><p>Síndrome de Prader-Willi. Pesquise as características de cada uma dessas</p><p>Síndromes.</p><p>Sem medo de errar</p><p>U3</p><p>110 Citogenética clínica</p><p>O fato de a Sra. Gláucia ter 41 anos, a coloca em um grupo de risco, pois mães</p><p>com mais de 35 anos apresentam maiores chances de ter filhos com algum tipo de</p><p>síndrome. No caso da Síndrome de Patau, a frequência de abortamentos espontâneos</p><p>é muito elevada devido às malformações severas; os que sobrevivem são os menos</p><p>afetados. A sobrevida média é de 3 meses; 50% das crianças morrem na primeira</p><p>semana de vida; e 95% das crianças evoluem a óbito antes dos 3 anos de idade devido</p><p>à gravidade das malformações múltiplas.</p><p>O peso ao nascer é normal, mas são surdos e cegos; apresentam dificuldade para</p><p>alimentação e o desenvolvimento não é normal.</p><p>Lembre-se</p><p>Mulheres com mais de 35 anos têm chances aumentadas de gerarem</p><p>crianças com alterações cromossômicas.</p><p>Atenção!</p><p>A Síndrome de Patau é consequência da trissomia do cromossomo 13</p><p>que, geralmente, é causada pela não disjunção cromossômica na meiose.</p><p>Avançando na prática</p><p>Pratique mais</p><p>Instrução</p><p>Desafiamos você a praticar o que aprendeu, transferindo seus conhecimentos para novas situações</p><p>que pode encontrar no ambiente de trabalho. Realize as atividades e depois as compare com as de</p><p>seus colegas.</p><p>Síndrome de Miller-Diecker</p><p>1. Competência de Fundamento</p><p>da área</p><p>Conhecer a estrutura, o desenvolvimento e o funcionamento</p><p>biofisio-neurológico do organismo humano, identificando as</p><p>inter-relações com os processos psicológicos.</p><p>2. Objetivos de aprendizagem</p><p>Conhecer as anomalias autossômicas, tanto numéricas como</p><p>estruturais.</p><p>recém-nascido devido à trissomia do cromossomo 13. Na última semana, ele</p><p>atendeu o Sr. Marcelo, 39 anos, e a Sra. Gláucia, 41 anos. O casal teve seu primeiro</p><p>filho, Marcelinho, diagnosticado com Síndrome de Patau, e buscam uma explicação</p><p>para o fato. O casal também quer obter informações a respeito da síndrome e de</p><p>possíveis tratamentos para seu filho.</p><p>U3</p><p>111Citogenética clínica</p><p>3. Conteúdos relacionados Herança autossômica dominante e recessiva.</p><p>4. Descrição da SP</p><p>Ilda teve sua primeira filha, Júlia, com microcefalia, micrognatia,</p><p>têmporas estreitas, nariz pequeno e arrebitado, fissura palatina,</p><p>malformações cardíacas, atraso no desenvolvimento, retardo</p><p>mental e convulsões. Os médicos diagnosticaram Júlia</p><p>como portadora da Síndrome de Miller-Diecker. Ilda busca</p><p>informações a respeito da síndrome, pois nunca ouviu falar</p><p>a respeito.</p><p>5. Resolução da SP</p><p>A síndrome de Miller-Diecker, também é chamada de</p><p>Lisencefalia, que significa “cérebro liso”. Recebe esse nome</p><p>porque o cérebro não tem os sulcos e reentrâncias que estão</p><p>presentes em um cérebro normal. Esta anomalia é causada</p><p>por uma falha na migração dos neurônios durante a formação</p><p>do embrião e traz graves problemas neurológicos. A síndrome</p><p>é consequência de pequenas deleções do braço curto do</p><p>cromossomo 17.</p><p>Lembre-se</p><p>A herança autossômica é aquela em que o alelo responsável pela</p><p>característica está localizado em um autossomo, isto é, em um dos</p><p>cromossomos que é igual em ambos os sexos.</p><p>Faça você mesmo</p><p>Busque mais informações sobre as síndromes de origem autossômica e</p><p>pesquise outras síndromes. Você pode buscar essas informações em sites</p><p>ou livros de genética médica.</p><p>Faça valer a pena</p><p>1. As trissomia ocorre quando, ao invés de um par de cromossomos,</p><p>temos:</p><p>a) 1 cromossomo de um tipo e dois de outro tipo.</p><p>b) 3 cromossomos do mesmo tipo.</p><p>c) 3 cromossomos, sendo um de cada tipo.</p><p>d) Apenas um cromossomo de cada tipo.</p><p>e) 3 cromossomos de cada tipo.</p><p>2. Alterações numéricas resultam da _______________________</p><p>ocorrida na meiose ou na mitose e geram indivíduos com o número</p><p>U3</p><p>112 Citogenética clínica</p><p>3. Analise o cariótipo a seguir de uma determinada pessoa:</p><p>Fonte: .</p><p>Acesso em: 6 jan. 2016.</p><p>Sobre essa pessoa, podemos afirmar que:</p><p>a) É fenotipicamente normal.</p><p>b) Apresenta Síndrome do miado de gato.</p><p>c) Apresenta Síndrome de Patau.</p><p>d) Apresenta Síndrome de Edwards.</p><p>e) Apresenta Síndrome de Down.</p><p>de cromossomos alterados (a mais ou a menos). Nas alterações</p><p>cromossômicas estruturais, as alterações ocorrem na estrutura do</p><p>cromossomo, mas _____________ aumento nem diminuição na</p><p>quantidade de cromossomos; a alteração ocorre em ______________ e</p><p>altera a sequência de bases nitrogenadas do DNA.</p><p>Assinale a alternativa que completa corretamente a frase:</p><p>a) Não disjunção cromossômica – não causa – nível molecular.</p><p>b) Disjunção – não causa – nível molecular.</p><p>c) Não disjunção – causa – nível molecular.</p><p>d) Disjunção – causa – nível molecular.</p><p>e) Não disjunção – não causa – nível celular.</p><p>U3</p><p>113Citogenética clínica</p><p>Seção 3.2</p><p>Distúrbio dos autossomos</p><p>Caro aluno! Nesta segunda seção da Unidade 3 iremos estudar os distúrbios</p><p>nos autossomos, abordando as cromossomopatias relacionadas às alterações de</p><p>comportamento.</p><p>Iremos discutir um caso que está sendo estudado pela Marli. Vamos recordá-lo?</p><p>Marli estuda a doença de Alzheimer, também conhecida como demência do idoso.</p><p>Ela atendeu a Sra. Júlia que veio acompanhada de seu marido, Sr. Sílvio, de 66 anos.</p><p>A Sra. Júlia relata que seu marido tem apresentado alterações de comportamento,</p><p>repete diversas vezes a mesma pergunta e não se lembra de fatos recentes. Ela está</p><p>muito preocupada, pois o irmão mais velho do seu marido tem doença de Alzheimer</p><p>e quer saber como pode reverter os sintomas da doença e os riscos que traz à vida de</p><p>seu marido. Como podemos esclarecer as dúvidas da Sra. Júlia?</p><p>Ao longo desta seção iremos apresentar os elementos necessários à resolução</p><p>dessa situação-problema. Esteja atendo às informações e conto com você para</p><p>auxiliar o casal.</p><p>Pronto para começar?</p><p>Então, vamos lá!</p><p>Caro aluno! Na seção anterior estudamos as anomalias cromossômicas resultantes</p><p>de alterações nos autossomos, agora vamos estudar as cromossomopatias e o</p><p>comportamento.</p><p>O comportamento pode ser definido como o conjunto de reações e atitudes</p><p>do indivíduo determinadas por fatores internos variáveis e influenciadas por diversas</p><p>situações ambientais. Da mesma maneira que a locomoção, a respiração, a circulação</p><p>Diálogo aberto</p><p>Não pode faltar</p><p>U3</p><p>114 Citogenética clínica</p><p>Os métodos de estudo utilizados para avaliar quanto uma característica tem de</p><p>hereditária e quanto tem de ambiental são utilizados em gêmeos monozigóticos,</p><p>gêmeos dizigóticos e gêmeos em situação de adoção. Nos monozigóticos, o material</p><p>genético de ambos é igual e o ambiente é o mesmo; nos dizigóticos, a constituição</p><p>genética é diferente e o ambiente é o mesmo. No caso de gêmeos em situação de</p><p>adoção na qual os irmãos são separados, temos cada irmão vivendo em um ambiente</p><p>familiar diferente. Diversos estudos foram realizados e mais de 10.000 pares de</p><p>gêmeos foram analisados para habilidades cognitivas (QI), observou-se forte influência</p><p>genética, pois a correlação é maior entre os gêmeos monozigóticos do que nos</p><p>dizigóticos. Já a personalidade apresenta entre 20 a 50% de influência genética e o</p><p>restante é influenciado pelo ambiente.</p><p>Nosso objetivo é abordar as cromossomopatias, ou seja, patologias que são</p><p>consequência de alterações cromossômicas numéricas ou estruturais. Sendo assim, a</p><p>seguir iremos abordar a deficiência intelectual, a esquizofrenia e a doença de Alzheimer.</p><p>Deficiência Intelectual (Retardo Mental)</p><p>De acordo com a Organização Mundial de Saúde (OMS), retardo mental ou</p><p>deficiência intelectual pode ser definido como a incapacidade cognitiva, evidenciada</p><p>antes dos 18 anos de idade, que resulta em limitações significativas nas funções</p><p>intelectuais e no comportamento adaptativo do indivíduo. Trata-se de um importante</p><p>problema de saúde pública, pois afeta em torno de 2,5% da população mundial. Nos</p><p>países desenvolvidos, nos quais as causas ambientais estão sob controle médico-</p><p>sanitário adequado, aproximadamente 2/3 de todos os casos de retardo mental grave</p><p>não ligados a síndromes são consequência de alelos autossômicos recessivos em</p><p>homozigose, podendo ocorrer com diversos genes diferentes.</p><p>A deficiência intelectual é classificada de acordo com os afastamentos estatísticos</p><p>do que se considera a inteligência média normal da população, que é medida pelo</p><p>quociente de inteligência (QI). É considerado normal para a população o QI entre</p><p>70 e 130 (a inteligência média está entre 90 e 109). De maneira genérica, pessoas</p><p>Assimile</p><p>Não podemos afirmar que todo e qualquer comportamento é hereditário.</p><p>e a digestão, o comportamento, em sua essência, também sofre influência dos genes.</p><p>Podemos afirmar que a faixa normal de variação do comportamento é coordenada</p><p>por diversos genes, cada um deles com um pequeno efeito, mas qualquer mutação</p><p>que afete um desses genes pode influir no comportamento.</p><p>U3</p><p>115Citogenética clínica</p><p>com QI abaixo de 70 são consideradas deficientes intelectuais; entre 50 e 70 são</p><p>considerados deficientes intelectuais leves; entre 35 e 50, moderados; 20 e 35, graves;</p><p>e abaixo de 20, deficiência intelectual severa. Os indivíduos com QI em torno de 70</p><p>ou pouco menos são facilmente educáveis e capazes de atingir níveis adequados de</p><p>independência pessoal e convívio social.</p><p>A deficiência</p><p>intelectual pode ter causas genéticas e não genéticas. São causas não</p><p>genéticas a ingestão de substâncias tóxicas ou medicamentos no primeiro trimestre</p><p>de gestação; ingestão excessiva de álcool na gestação, infecção da gestante por</p><p>vírus (rubéola, citomegalovírus, zika vírus) e microrganismos (toxoplasma) podem</p><p>prejudicar o desenvolvimento normal do embrião e do feto, levando, entre outras</p><p>coisas, à deficiência intelectual. Podemos citar também como causas não genéticas a</p><p>prematuridade do parto, anoxia, traumatismos com lesão no sistema nervoso central,</p><p>envenenamentos entre outras coisas.</p><p>Pesquisadores estimam a existência de mais de 100 diferentes genes autossômicos</p><p>que, quando sofrem mutação, em homozigose, determinam a deficiência intelectual</p><p>não ligada a síndromes, nem a anomalias físicas ou neurológicas. Com relação</p><p>aos genes ligados ao cromossomo X, já são conhecidos mais de 70 que causam</p><p>a deficiência intelectual ligada a síndromes e outros 20 que causam a deficiência</p><p>intelectual não ligada a síndromes.</p><p>Muitas alterações cromossômicas estruturais do tipo deleção ou duplicação</p><p>desequilibram o delicado sistema que condiciona a inteligência e levam à deficiência</p><p>intelectual.</p><p>A causa genética mais frequente de deficiência intelectual é a trissomia do</p><p>cromossomo 21 (Síndrome de Down), na qual existe grande variação de gravidade da</p><p>Reflita</p><p>Se considerarmos que o comportamento envolve a recepção de estímulos</p><p>pelos órgãos sensoriais, a interpretação dos estímulos pelo sistema</p><p>neuroendócrino e a resposta ao estímulo pelos órgãos efetores, entre eles</p><p>os músculos e as glândulas, podemos informar que um comportamento</p><p>envolve o produto de diversos genes.</p><p>Assimile</p><p>As origens da deficiência intelectual podem ser genéticas (anomalias</p><p>cromossômicas, monogênicas, dominantes, recessivas, ligadas ao X,</p><p>poligênicas) ou ambientais (pré-natais, perinatais e pós-natais).</p><p>U3</p><p>116 Citogenética clínica</p><p>deficiência intelectual. Nas síndromes de Patau (trissomia do 13) e de Edwards (trissomia</p><p>do 18) a deficiência intelectual é sempre profunda. A síndrome do cromossomo X</p><p>frágil, que ocorre devido à expansão de nucleotídeos de um gene do cromossomo</p><p>X, é a segunda causa genética mais importante de deficiência intelectual, após a</p><p>Síndrome de Down.</p><p>Esquizofrenia</p><p>A esquizofrenia é um distúrbio neurológico que acomete mais de 51 milhões</p><p>de pessoas em todo o mundo. É caracterizada por delírios, alucinações, redução</p><p>do interesse e motivação, reatividade emocional alterada e comportamento</p><p>desorganizado. Observa-se nos indivíduos com esquizofrenia anormalidades cerebrais</p><p>estruturais, a redução da substância cinzenta e o aumento ventricular; observa-se</p><p>também no cérebro dos esquizofrênicos alterações nos núcleos basais, em áreas</p><p>do lobo frontal, no lobo occipital, no hipocampo e no sistema límbico (Figura 3.7).</p><p>As manifestações clínicas são reconhecidas ao final da segunda década de vida ou</p><p>início da terceira. Apesar disso, os sinais cognitivos estão presentes nos indivíduos com</p><p>esquizofrenia desde o início da infância.</p><p>Os estudos demonstram que há um forte componente genético para a</p><p>esquizofrenia e, assim, o risco para parentes é consideravelmente mais alto do que para</p><p>a população em geral, variando de acordo com o grau de parentesco (grau da relação</p><p>genética) com o indivíduo afetado, sendo maior entre parentes próximos. O risco para</p><p>um filho de um genitor esquizofrênico é de 13%; quando ambos os genitores são</p><p>esquizofrênicos, o risco de</p><p>sua prole aumenta para</p><p>46%. O risco dos irmãos</p><p>de uma pessoa afetada é</p><p>de 9%, mas, quando um</p><p>dos genitores também é</p><p>afetado, o risco aumenta</p><p>para 17%.</p><p>O mecanismo</p><p>de herança para a</p><p>esquizofrenia é complexo;</p><p>suspeita-se que não se</p><p>trata de um distúrbio</p><p>único, mas de um grupo</p><p>de distúrbios que resultam</p><p>da alteração em vários</p><p>genes. Fonte: . Acesso em: 7 jan. 2016.</p><p>Figura 3.7 | Regiões do cérebro afetadas pela esquizofrenia</p><p>U3</p><p>117Citogenética clínica</p><p>Pesquise mais</p><p>Quer conhecer um pouco mais sobre a Doença de Alzheimer? Então leia</p><p>o texto da Associação Brasileira de Alzheimer:</p><p>ABRAz. O que é Alzheimer. Disponível em: . Acesso em: 16 jan. 2016.</p><p>Doença de Alzheimer</p><p>Trata-se de uma doença que geralmente acomete pessoas idosas, mas há casos</p><p>de manifestação precoce (por volta dos 40 anos de idade). Nas famílias com início</p><p>precoce verifica-se que a herança é autossômica dominante, mas a maioria dos</p><p>casos parece ser esporádica ou multifatorial. A doença afeta em torno de 10% das</p><p>pessoas com 65 anos e a incidência aumenta com a idade. Já foram citados genes</p><p>relacionados à doença de Alzheimer localizados nos cromossomos 1, 14, 19 e 21;</p><p>estudos com o cromossomo 14 identificaram alteração no gene em 70% das famílias</p><p>com início precoce da doença, enquanto que alterações no cromossomo 19 estão</p><p>relacionadas à manifestação tardia.</p><p>Estima-se que, no mundo, há cerca de 35,6 milhões de pessoas com a doença e,</p><p>no Brasil, existam 1,2 milhão de casos.</p><p>Os principais sinais histopatológicos são a presença de placas senis formadas por</p><p>depósitos extracelulares de proteínas beta-amiloide, que são produzidas anormalmente</p><p>e se depositam em áreas de degeneração neuronal, presença de um emaranhado</p><p>neurofibrilar intracelular composto de uma proteína do citoesqueleto chamada tau e a</p><p>diminuição da quantidade de neurônios e das sinapses, causando atrofia e progressiva</p><p>redução do volume do cérebro.</p><p>A perda de neurônios acontece de maneira heterogênea, sendo que as áreas</p><p>mais atingidas são as responsáveis pela memória e funções de planejamento e de</p><p>realização de funções complexas; com a progressão das perdas, outras áreas vão</p><p>sendo progressivamente atingidas.</p><p>Os principais sinais clínicos são: alteração da memória recente, desorientação</p><p>espaço-temporal, incapacidade de reconhecer e identificar objetos e deterioração</p><p>do pensamento, da fala e das habilidades motoras; esse quadro leva o paciente</p><p>a apresentar comportamento agressivo e antissocial. Com a doença avançada, a</p><p>pessoa não consegue mais cuidar de si mesma, não reconhece os familiares e nem o</p><p>ambiente. Vale ressaltar que a doença não diminui o tempo de vida do paciente.</p><p>U3</p><p>118 Citogenética clínica</p><p>Exemplificando</p><p>Antigamente era muito comum ouvirmos comentários de que alguém</p><p>estava esclerosado e o termo era sempre relacionado à demência. Hoje</p><p>sabemos que o que se chamava de esclerose é o quadro típico da Doença</p><p>de Alzheimer.</p><p>Faça você mesmo</p><p>Sabendo-se que a Doença de Alzheimer afeta um grande número de</p><p>idosos, imagine-se em seu local de trabalho e elabore uma campanha de</p><p>esclarecimento à população com ações informativas.</p><p>Sem medo de errar</p><p>Lembra-se do caso que a Marli estava analisando? Então vamos recordar!</p><p>Marli, uma das alunas de doutorado do Prof. Dr. Paulo de Abreu, estuda a Doença</p><p>de Alzheimer, também conhecida como demência do idoso. Ela atendeu a Sra. Júlia</p><p>que veio acompanhada de seu marido, Sr. Sílvio, de 66 anos. A Sra. Júlia relata que</p><p>seu marido tem apresentado alterações de comportamento, repete diversas vezes</p><p>a mesma pergunta e não se lembra de fatos recentes. Ela está muito preocupada,</p><p>pois o irmão mais velho do seu marido tem doença de Alzheimer e quer saber como</p><p>pode reverter os sintomas da doença e os riscos que traz à vida de seu marido. Como</p><p>podemos esclarecer as dúvidas da Sra. Júlia?</p><p>A Doença de Alzheimer não tem cura. As pessoas que têm a doença apresentam</p><p>placas senis formadas por depósitos extracelulares de proteínas beta-amiloide que são</p><p>produzidas anormalmente e se depositam em áreas de degeneração neuronal. Além</p><p>disso, há também a presença de um emaranhado neurofibrilar intracelular composto</p><p>de uma proteína do citoesqueleto chamada tau e a diminuição da quantidade de</p><p>neurônios e das sinapses, que causam atrofia e progressiva redução do volume</p><p>cerebral.</p><p>A perda</p><p>de neurônios acontece de maneira heterogênea, sendo que as áreas</p><p>mais atingidas são as responsáveis pela memória e funções de planejamento e de</p><p>realização de funções complexas; com a progressão das perdas, outras áreas vão</p><p>sendo progressivamente atingidas.</p><p>Os principais sinais clínicos são: alteração da memória recente, desorientação</p><p>espaço-temporal, incapacidade de reconhecer e identificar objetos e deterioração</p><p>do pensamento, da fala e das habilidades motoras; esse quadro leva o paciente a</p><p>U3</p><p>119Citogenética clínica</p><p>apresentar comportamento agressivo e antissocial. Com a doença avançada, a</p><p>pessoa não consegue mais cuidar de si mesma, não reconhece os familiares e nem o</p><p>ambiente. Apesar da degeneração dos neurônios e do quadro de demência, a doença</p><p>não diminui o tempo de vida do paciente.</p><p>Sendo assim, a Sra. Júlia não precisa se preocupar quanto aos riscos que a doença</p><p>pode trazer à vida de seu marido, pois, como já foi mencionado anteriormente, a</p><p>Doença de Alzheimer não encurta a vida do paciente. Além disso, também é importante</p><p>esclarecer que, até o momento, não há como reverter a doença. Os medicamentos</p><p>disponíveis retardam o desenvolvimento da doença, mas os danos são irreversíveis e,</p><p>portanto, não há como reverter o quadro já instalado.</p><p>Atenção!</p><p>A Doença de Alzheimer não diminui o tempo de vida do paciente; o óbito</p><p>ocorre em virtude de outras patologias apresentadas.</p><p>Lembre-se</p><p>Atualmente, a Doença de Alzheimer não tem cura. Os medicamentos</p><p>disponíveis auxiliam para que a doença estacione ou para a progressão</p><p>mais lenta da doença, dependendo da resposta individual de cada paciente.</p><p>Avançando na prática</p><p>Pratique mais</p><p>Instrução</p><p>Desafiamos você a praticar o que aprendeu, transferindo seus conhecimentos para novas situações</p><p>que pode encontrar no ambiente de trabalho. Realize as atividades e depois as compare com as de</p><p>seus colegas.</p><p>O caso de Cláudia</p><p>1. Competência de fundamento da</p><p>área</p><p>Conhecer a estrutura, o desenvolvimento e o funcionamento</p><p>biofisio-neurológico do organismo humano, identificando as</p><p>inter-relações com os processos psicológicos.</p><p>2. Objetivos de aprendizagem</p><p>- Conhecer as cromossomopatias que estão associadas ao</p><p>comportamento.</p><p>- Aplicar o conhecimento adquirido no estudo em situações</p><p>próximas da realidade profissional.</p><p>3. Conteúdos relacionados Cromossomopatias e comportamento.</p><p>U3</p><p>120 Citogenética clínica</p><p>4. Descrição da SP</p><p>Cláudia é professora do 2º ano do Ensino Fundamental. Na</p><p>última semana teve uma mudança brusca de comportamento</p><p>na escola; a professora, que é calma fala em tom de voz</p><p>baixo, de repente pôs-se a gritar com seus alunos e falar</p><p>em tom agressivo. Na hora do intervalo, adentrou a sala dos</p><p>professores com uma grande régua de madeira na mão e</p><p>começou a dar ordens aos colegas aquele que não a atendia</p><p>era ameaçado com a régua. A professora estava bastante</p><p>alterada e começou a dar aula aos demais professores exigindo</p><p>silêncio e atenção. Percebendo a alteração da professora,</p><p>assustados, todos colaboraram. A diretora se aproximou e</p><p>com muita calma conseguiu retirar a professora da sala e</p><p>conduzi-la ao pronto socorro, onde foi medicada. Nos dias</p><p>que se sucederam ao fato, a professora apresentava-se calada</p><p>e desconfiada de todos, muitas vezes isolando-se dos demais</p><p>profissionais. Qual é o provável motivo da alteração repentina</p><p>de comportamento da professora?</p><p>5. Resolução da SP</p><p>A professora apresenta um quadro característico de</p><p>esquizofrenia, que é caracterizada por delírios, alucinações,</p><p>redução do interesse e motivação, reatividade emocional</p><p>alterada e comportamento desorganizado.</p><p>Lembre-se</p><p>O mecanismo de herança para a esquizofrenia é complexo; suspeita-se</p><p>que não se trata de um distúrbio único, mas de um grupo de distúrbios</p><p>que resultam da alteração em vários genes.</p><p>Faça você mesmo</p><p>Imagine em seu local de trabalho, como profissional da saúde, quais são as</p><p>ações que poderia desenvolver no atendimento às famílias dos portadores</p><p>de esquizofrenia.</p><p>Faça valer a pena</p><p>1. Da mesma maneira que outras funções desempenhadas pelo</p><p>organismo, o comportamento é coordenado:</p><p>a) Apenas pelo instinto.</p><p>b) Apenas pela educação familiar.</p><p>c) Apenas pelas relações estabelecidas com as pessoas.</p><p>d) Apenas pela educação escolar.</p><p>e) Por diversos genes, cada um deles com efeito pequeno.</p><p>U3</p><p>121Citogenética clínica</p><p>2. Os métodos de estudo utilizados para avaliar quanto uma característica</p><p>tem de hereditária e quanto tem de ambiental é são aplicados em</p><p>_________________, ______________ e _______________ em</p><p>situação de adoção.</p><p>Assinale a alternativa que completa corretamente a frase:</p><p>a) Pai – mãe – filhos.</p><p>b) Pais – irmãos – filhos.</p><p>c) Gêmeos monozigóticos – gêmeos dizigóticos – gêmeos.</p><p>d) Avós – pais – filhos.</p><p>e) Pais – filhos – filhos.</p><p>3. A deficiência intelectual é classificada de acordo com os afastamentos</p><p>estatísticos do que se considera a inteligência média normal da população,</p><p>que é medida por meio do quociente de inteligência (QI). Sobre esse</p><p>assunto, foram feitas as seguintes afirmações:</p><p>I. Pessoas com QI abaixo de 70 são consideradas deficientes intelectuais.</p><p>II. Pessoas com QI entre 50 e 70 são consideradas como deficientes</p><p>intelectuais leves.</p><p>III. Pessoas com QI entre 35 e 50 são consideradas como deficientes</p><p>intelectuais moderados.</p><p>IV. Pessoas com QI entre 20 e 35 são consideradas como deficientes</p><p>intelectuais graves.</p><p>V. Pessoas com QI abaixo de 20 são consideradas deficiência intelectual</p><p>severa.</p><p>Está correto apenas o que se afirma em:</p><p>a) I, II e III.</p><p>b) I, III e V.</p><p>c) II e IV.</p><p>d) II, III, IV e V.</p><p>e) I, II, III, IV e V.</p><p>U3</p><p>122 Citogenética clínica</p><p>U3</p><p>123Citogenética clínica</p><p>Seção 3.3</p><p>Distúrbio dos cromossomos sexuais</p><p>Caro aluno! Nesta terceira seção da Unidade 3 iremos estudar os distúrbios nos</p><p>cromossomos sexuais, abordando a intersexualidade e os distúrbios numéricos e</p><p>estruturais dos cromossomos sexuais.</p><p>Nesta seção iremos discutir um caso que está sendo estudado pela Janete. Vamos</p><p>recordá-lo?</p><p>Janete estuda a Síndrome de Turner, uma monossomia do cromossomo X que</p><p>afeta mulheres. Atendeu o casal Elaine e Leonardo com sua filha Beatriz, de três meses</p><p>de idade. O casal está muito preocupado, pois recebeu a informação de que sua filha</p><p>é portadora da Síndrome de Turner. Eles buscam informações sobre as causas da</p><p>síndrome, tratamento e expectativa de vida para a menina. Como podemos auxiliar</p><p>esse casal no esclarecimento de suas dúvidas?</p><p>Ao longo desta seção iremos apresentar os elementos necessários à resolução</p><p>dessa situação-problema. Esteja atendo às informações e conto com você para</p><p>auxiliar o casal.</p><p>Pronto para começar?</p><p>Então, vamos lá!</p><p>Caro aluno! Na Seção 3.1 estudamos as anomalias cromossômicas resultantes de</p><p>alterações nos autossomos. Agora vamos estudar os distúrbios dos cromossomos</p><p>sexuais. Diferente das alterações autossômicas, nas quais há falta ou o excesso de</p><p>determinado cromossomo, as alterações em cromossomos sexuais resultam em</p><p>indivíduos viáveis e com expectativa de vida normal ou quase normal.</p><p>Diálogo aberto</p><p>Não pode faltar</p><p>U3</p><p>124 Citogenética clínica</p><p>Nesta seção iremos estudar como se dá o desenvolvimento sexual dos seres</p><p>humanos e síndromes que são consequência de alterações nos cromossomos</p><p>sexuais, entre elas as síndromes de Turner e Klinefelter.</p><p>Diferenciação Sexual</p><p>No início da vida embrionária, sob o ponto de vista morfológico, os embriões</p><p>XX e XY são sexualmente neutros, não sendo possível identificar se nascerá um</p><p>menino ou uma menina. O desenvolvimento das gônadas inicia na quinta semana de</p><p>gestação e continua durante a sexta semana; antes da sexta semana de gestação, o</p><p>sexo é indistinguível. A diferenciação sexual ocorre devido à expressividade de genes</p><p>localizados nos cromossomos sexuais. Dependendo do gene presente, a gônada do</p><p>embrião irá se desenvolver em testículo ou ovário, caracterizando o sexo gonadal.</p><p>Por volta da sexta e sétima semanas de gestação, sob a influência dos genes do</p><p>cromossomo Y, começa a ocorrer a organização dos testículos enquanto que a</p><p>diferenciação ovariana ocorre por volta da 12ª semana de gestação.</p><p>Um único gene localizado no cromossomo Y (gene SRY) é o responsável pela</p><p>síntese de uma proteína responsável pela diferenciação da gônada em testículo. Não</p><p>havendo a expressividade do gene SRY, consequentemente não haverá a síntese</p><p>da proteína e a gônada diferencia-se em ovário. Depois de todo o desenvolvimento</p><p>das estruturas sexuais internas, ocorre o desenvolvimento da genitália externa que</p><p>até então encontra-se indiferenciada. Se houver testículos produzindo testosterona</p><p>uma enzima, eles irão desencadear desencadear o desenvolvimento da próstata e</p><p>a diferenciação da genitália indiferenciada em genitália masculina. Se não houver</p><p>testosterona, a genitália indiferenciada irá se desenvolver em genitália feminina.</p><p>Assimile</p><p>As anomalias cromossômicas sexuais são aquelas nas quais as alterações</p><p>genéticas acontecem em cromossomos sexuais.</p><p>Reflita</p><p>Com o resultado da meiose formam-se óvulos com 22 autossomos</p><p>e um cromossomo X e espermatozoides com 22 autossomos e um</p><p>cromossomo X ou um cromossomo Y. Com o resultado das fecundações</p><p>poderemos ter zigotos com 44 autossomos e cromossomos sexuais</p><p>X e Y e zigotos com 44 autossomos e dois cromossomos X. Diante</p><p>disso, podemos afirmar que o sexo, do ponto de vista cromossômico, é</p><p>determinado na fecundação.</p><p>U3</p><p>125Citogenética clínica</p><p>Alterações Numéricas nos Cromossomos Sexuais</p><p>Síndrome de Turner (45, X)</p><p>Resulta da perda de um cromossomo X pela não disjunção na meiose; os</p><p>Intersexualidade</p><p>Os indivíduos são designados como pertencentes a um sexo ou a outro, levando-</p><p>se em conta diversas características morfológicas. Do ponto de vista citogenético,</p><p>indivíduos XY são do sexo masculino e indivíduos XX são do sexo feminino. Se levarmos</p><p>em conta o critério histológico, a presença de tecido testicular determina o sexo</p><p>masculino enquanto o tecido ovariano determina o sexo feminino. Sob o ponto de</p><p>vista anatômico genital anatômico genital, considera-se do sexo masculino indivíduos</p><p>com pênis e bolsa escrotal e do sexo feminino indivíduos com clitóris, grandes e</p><p>pequenos lábios e porção inferior da vagina.</p><p>O estado intersexual é caracterizado pela presença de traços masculinos e</p><p>femininos no mesmo indivíduo. A maioria dos casos de intersexualidade apresenta</p><p>determinado grau de ambiguidade genital, o que geralmente pode ser determinado</p><p>ao nascimento; esses indivíduos são, geralmente, estéreis.</p><p>A presença de tecido testicular e ovariano na mesma gônada ou em gônadas</p><p>diferentes de um mesmo indivíduo é considerado como um caso de hermafroditismo</p><p>verdadeiro, independentemente do número de cromossomos e do fenótipo do</p><p>indivíduo. Nos casos de intersexualidade em que há apenas a presença de tecido</p><p>gonadal de um dos sexos, este é denominado como pseudo-hermafroditismo, que</p><p>pode ser masculino se a gônada for um testículo ou feminino no caso de a gônada ser</p><p>um ovário, independentemente do grau de ambiguidade fenotípica.</p><p>Assimile</p><p>O fenótipo masculino depende da presença do gene SRY e,</p><p>consequentemente, do cromossomo Y. Na sua ausência, o embrião se</p><p>desenvolverá com fenótipo feminino.</p><p>Exemplificando</p><p>As características sexuais secundárias que são consequência da ação</p><p>hormonal e do comportamento (traços psicológicos) não são utilizadas</p><p>para descrever os estados de intersexualidade. Os traços psicológicos,</p><p>como transexuais e travestis, por exemplo, que são caracterizados pela</p><p>discordância entre a morfologia sexual e a psicologia do indivíduo, não</p><p>constituem estados de intersexualidade.</p><p>U3</p><p>126 Citogenética clínica</p><p>A síndrome é, geralmente, diagnosticada ao nascimento, pela presença de</p><p>características como pescoço alado, excesso de pele na região do pescoço, linfedema</p><p>de dorso de mãos e pés, peso e estatura muito baixos ao nascimento; pode haver</p><p>também micrognatia, implantação baixa de cabelos na nuca, tórax em escudo,</p><p>mamilos amplamente espaçados e defeitos renais.</p><p>Durante a infância, a principal preocupação dos pais e das pacientes é com a</p><p>estatura; são meninas com comportamento normal, semelhante ao das demais</p><p>crianças da mesma idade. Quando atingem a idade da puberdade, começam a</p><p>apresentar atraso na maturação psicológica, tornando-se, geralmente, solitárias e</p><p>podendo desenvolver depressão, ansiedade e distúrbios do comportamento. Essas</p><p>meninas não desenvolvem as características sexuais secundárias, nota-se a baixa</p><p>estatura e a ausência de menstruação, pois o útero é infantil e a genitália externa</p><p>tem aspecto pré-puberal. A maioria tem inteligência normal, mas algumas podem</p><p>apresentar leve deficiência intelectual. Nas figuras 3.9A e 3.9B a seguir, você pode</p><p>visualizar algumas das características das portadoras de Síndrome de Turner.</p><p>Fonte: . Acesso em: 28 jan. 2016.</p><p>Figura 3.8 | Cariótipo da Síndrome de Turner</p><p>estudos demonstram que em cerca de 80% dos casos a não disjunção ocorreu no</p><p>gameta masculino e 20% é de origem materna. A frequência é de 1 ocorrência a</p><p>cada 2.500 meninas nascidas vivas. Cerca de 99% dos fetos com 45, X é abortado</p><p>espontaneamente. As mulheres apresentam ovários rudimentares, com ausência das</p><p>células germinativas e de células produtoras de hormônios, acarretando a inibição</p><p>do desenvolvimento das mamas e da genitália externa que permanece infantilizada</p><p>mesmo após a puberdade. A Figura 3.8 mostra um cariótipo de um indivíduo com</p><p>Síndrome de Turner.</p><p>U3</p><p>127Citogenética clínica</p><p>Síndrome de Klinefelter (47, XXY)</p><p>É uma síndrome que acomete apenas indivíduos do sexo masculino e dificilmente</p><p>é diagnosticada antes da puberdade; acomete cerca de 1 a cada 800 meninos</p><p>nascidos vivos. É uma alteração cromossômica considerada comum, sendo superada</p><p>em frequência apenas pela Síndrome de Down. Geralmente é causada pela não</p><p>disjunção na meiose, que em 2/3 dos casos ocorre na meiose materna e em 1/3 dos</p><p>casos na meiose paterna. Esse é mais um caso de síndrome relacionado com a idade</p><p>materna avançada. A Figura 3.10 mostra o cariótipo de um indivíduo com Síndrome</p><p>de Klinefelter.</p><p>A síndrome é caracterizada por alterações que são decorrentes do hipogonadismo</p><p>puberal. Os meninos apresentam estatura elevada, com membros inferiores</p><p>desproporcionalmente longos, genitália externa pequena, ausência de desenvolvimento</p><p>das características sexuais secundárias masculinas, pode haver ginecomastia (aumento</p><p>do volume das mamas), escassez de barba e distribuição feminina de pelos pubianos.</p><p>Nos adultos afetados, os testículos são pequenos (raramente ultrapassam 1,5 cm de</p><p>diâmetro); não há produção de espermatozoides. Pode haver impotência e diminuição</p><p>ou ausência de libido. Geralmente apresentam orientação heterossexual, mas, em</p><p>diversos casos, o ajustamento sexual é insatisfatório.</p><p>Fonte: Figura A. Disponível em: . Acesso em: 28 jan. 2016.</p><p>Fonte: Figura B. Disponível em: . Acesso em: 28 jan. 2016.</p><p>Figura 3.9 | A e B – Características da Síndrome de Turner</p><p>A B</p><p>Fontes: . Acesso em: 28 jan. 2016.</p><p>Figura 3.10 | Cariótipo da Síndrome de Klinefelter</p><p>U3</p><p>128 Citogenética clínica</p><p>São comuns distúrbios de comportamento e</p><p>personalidade (delinquência alcoolismo e psicose),</p><p>principalmente nos casos em que o QI é baixo.</p><p>Na maioria dos casos, a inteligência é normal, mas</p><p>há casos de deficiência intelectual (em torno de</p><p>10% dos portadores). A seguir, na Figura 3.11, você</p><p>pode visualizar as características da síndrome de</p><p>Klinefelter.</p><p>Você se lembra do caso que a Janete estava analisando? Então vamos recordar!</p><p>Janete estuda a Síndrome de Turner, uma monossomia do cromossomo X que</p><p>afeta mulheres, e atendeu o casal Elaine e Leonardo com sua filha Beatriz, de três</p><p>meses</p><p>de idade. O casal está muito preocupado, pois recebeu a informação de que</p><p>Fonte: . Acesso em: 28 jan. 2016.</p><p>Figura 3.11 | Características da Síndrome de Klinefelter</p><p>Pesquise mais</p><p>Para conhecer um pouco mais sobre os distúrbios dos cromossomos</p><p>sexuais, leia o capítulo 11 (páginas 205 a 222) do livro a seguir:</p><p>ADKISON, L. R.; BROWN, M. D. Genética. Rio de Janeiro: Elsevier, 2008.</p><p>Faça você mesmo</p><p>Considerando que a Síndrome de Turner e Klinefelter são causadas</p><p>pela não disjunção na meiose, elabore dois esquemas, sendo um que</p><p>represente a não disjunção e a fecundação desse gameta alterado para a</p><p>Síndrome de Turner e outro para a Síndrome de Klinefelter.</p><p>Sem medo de errar</p><p>U3</p><p>129Citogenética clínica</p><p>sua filha é portadora da Síndrome de Turner. Eles buscam informações sobre as causas</p><p>da síndrome, tratamento e expectativa de vida para a menina. Como podemos auxiliar</p><p>esse casal no esclarecimento de suas dúvidas?</p><p>A Síndrome de Turner é resultado da perda de um cromossomo X pela não</p><p>disjunção na meiose; as pesquisas demonstram que em cerca de 80% dos casos a</p><p>não disjunção ocorre no gameta masculino e em 20% no feminino. O casal pode</p><p>ficar tranquilo com relação à expectativa de vida de sua filha Beatriz, pois a síndrome,</p><p>geralmente, não abrevia a vida do portador.</p><p>As portadoras apresentam ovários rudimentares, com ausência das células</p><p>germinativas e de células produtoras de hormônios, acarretando a inibição do</p><p>desenvolvimento das mamas e da genitália externa que permanece infantilizada</p><p>mesmo após a puberdade. Durante a infância, a principal preocupação dos pais e das</p><p>pacientes é com a estatura; são meninas com comportamento normal, semelhante</p><p>ao das demais crianças da mesma idade. Quando atingem a idade da puberdade,</p><p>começam a apresentar atraso na maturação psicológica, tornando-se, geralmente,</p><p>solitárias e podendo desenvolver depressão, ansiedade e distúrbios do comportamento.</p><p>Essas meninas não desenvolvem as características sexuais secundárias, nota-se a baixa</p><p>estatura e a ausência de menstruação, pois o útero é infantil e a genitália externa</p><p>tem aspecto pré-puberal. A maioria tem inteligência normal, mas algumas podem</p><p>apresentar leve deficiência intelectual. Devido a essas características, recomenda-se</p><p>acompanhamento psicológico e com endocrinologista com experiência na síndrome,</p><p>pois há casos em que é possível a realização de terapia hormonal visando ao bem-</p><p>estar psicológico da paciente pela indução de menstruações, desenvolvimento de</p><p>características sexuais secundárias e amenização da baixa estatura; no entanto, não</p><p>existe tratamento para a esterilidade.</p><p>Atenção!</p><p>A Síndrome de Turner afeta apenas mulheres, pois as portadoras</p><p>apresentam cariótipo 45, X.</p><p>Lembre-se</p><p>A Síndrome de Turner afeta principalmente o desenvolvimento sexual e</p><p>a estatura, mas na maioria dos casos as meninas apresentam inteligência</p><p>dentro dos padrões considerados normais.</p><p>U3</p><p>130 Citogenética clínica</p><p>Avançando na prática</p><p>Pratique mais</p><p>Instrução</p><p>Desafiamos você a praticar o que aprendeu, transferindo seus conhecimentos para novas situações</p><p>que pode encontrar no ambiente de trabalho. Realize as atividades e depois as compare com as de</p><p>seus colegas.</p><p>Investigação Genética</p><p>1. Competência de fundamento da</p><p>área</p><p>Conhecer a estrutura, o desenvolvimento e o funcionamento</p><p>biofisio-neurológico do organismo humano, identificando as</p><p>inter-relações com os processos psicológicos.</p><p>2. Objetivos de aprendizagem</p><p>- Conhecer os distúrbios dos cromossomos sexuais.</p><p>- Aplicar o conhecimento adquirido no estudo em situações</p><p>próximas da realidade profissional.</p><p>3. Conteúdos relacionados Distúrbios dos cromossomos sexuais.</p><p>4. Descrição da SP</p><p>Você trabalha em um hospital e recebe um paciente, do</p><p>sexo masculino, com 25 anos de idade, com 1,95 de altura</p><p>cujo exame físico apresenta ginecomastia, testículos e pênis</p><p>muito pequenos e distribuição dos pelos pubianos muito</p><p>semelhante às pessoas do sexo feminino. O paciente relata</p><p>que não se barbeia, pois não há crescimento de pelos em sua</p><p>face. O rapaz se diz incomodado com o fato de seu corpo não</p><p>ser como o de seus irmãos. Qual é a possível explicação para</p><p>o caso? Como confirmar a suspeita de diagnóstico?</p><p>5. Resolução da SP</p><p>O paciente apresenta características de Síndrome de</p><p>Klinefelter. Para a confirmação do diagnóstico, recomenda-se</p><p>a elaboração do cariótipo a fim de verificar a presença de um</p><p>cromossomo X extra (47, XXY).</p><p>Lembre-se</p><p>O cromossomo Y apresenta genes que desencadeiam a diferenciação</p><p>sexual masculina.</p><p>Faça você mesmo</p><p>Elabore um quadro comparativo com as características e o cariótipo das</p><p>síndromes de Turner e Klinefelter.</p><p>Faça valer a pena</p><p>1. Do ponto de vista citogenético, indivíduos XY e XX são, respectivamente,</p><p>do sexo:</p><p>U3</p><p>131Citogenética clínica</p><p>2. A diferenciação sexual ocorre devido à expressividade de genes</p><p>localizados nos _____________. Dependendo do gene presente, a</p><p>gônada do embrião irá se desenvolver em __________ ou _________,</p><p>caracterizando o sexo gonadal.</p><p>Assinale a alternativa que completa corretamente a frase:</p><p>a) Autossomos – testículo – ovário.</p><p>b) Cromossomos sexuais – testículos – ovários.</p><p>c) Autossomos – homem – mulher.</p><p>d) Cromossomos sexuais – homem – mulher.</p><p>e) Autossomos – testículo – menino.</p><p>3. Considere as seguintes afirmações:</p><p>I. Apresentam ovários rudimentares, com ausência das células germinativas</p><p>e de células produtoras de hormônios.</p><p>II. Inibição do desenvolvimento das mamas.</p><p>III. Genitália externa infantilizada mesmo após a puberdade.</p><p>IV. Pernas anormalmente longas.</p><p>V. Pescoço alado.</p><p>São características da Síndrome de Turner, apenas o que se afirma em:</p><p>a) I, II e III.</p><p>b) I, III e V.</p><p>c) II e IV.</p><p>d) I, II, III e V.</p><p>e) I, II, III, IV e V.</p><p>a) Feminino e masculino.</p><p>b) Intersexual e feminino.</p><p>c) Intersexual e masculino.</p><p>d) Masculino e feminino.</p><p>e) Intersexual e Intersexual.</p><p>U3</p><p>132 Citogenética clínica</p><p>U3</p><p>133Citogenética clínica</p><p>Seção 3.4</p><p>Doenças monogênicas com alto grau de</p><p>heterogeneidade</p><p>Caro aluno! Nesta última seção, iremos estudar as doenças genéticas com alto</p><p>grau de heterogeneidade, abordando o retardo mental e o retardo mental ligado às</p><p>síndromes. Vale dizer que, assim como já o fizemos na Seção 3.1, ao nos referirmos ao</p><p>retardo mental, utilizaremos a denominação "deficiência intelectual".</p><p>Nesta seção iremos discutir um caso que está sendo estudado pelo Renê. Vamos</p><p>recordá-lo?</p><p>Renê estuda casos de retardo mental. Nesta semana atendeu a um casal, o Sr.</p><p>João e a Sra. Ana Lúcia. O casal tem um filho de 5 anos, Carlos, que apresentou</p><p>desenvolvimento lento em relação ao irmão mais velho. Carlos começou a sentar com</p><p>mais de 2 anos e andou com 4 anos. Atualmente, com 5, sua fala ainda não é compatível</p><p>com a idade; apesar de ser estimulado pela mãe, pronuncia incorretamente algumas</p><p>poucas palavras. Na escola, a professora solicitou que Carlos fosse encaminhado</p><p>para averiguação de possível retardo mental. Apesar de não concordarem, os pais</p><p>buscaram ajuda.</p><p>No atendimento, Renê questiona a Sra. Ana Lúcia sobre sua gestação e parto. Ela</p><p>relata que a gestação transcorreu normalmente, mas que o menino nasceu após</p><p>completar 34 semanas de gestação, com baixo peso, e necessitou de cuidados</p><p>específicos para crianças prematuras. A mãe relata que não fez uso de álcool, tabaco</p><p>e medicamentos durante a gestação.</p><p>A família busca a causa da condição de Carlos. Como podemos ajudá-la?</p><p>Ao longo desta seção iremos apresentar os elementos necessários à resolução</p><p>dessa situação-problema. Esteja atento às informações e conto com você para auxiliar</p><p>o casal.</p><p>Diálogo aberto</p><p>U3</p><p>134 Citogenética clínica</p><p>Pronto para começar?</p><p>Então, vamos lá!</p><p>Caro aluno! Na seção anterior estudamos os distúrbios nos cromossomos sexuais.</p><p>Agora iremos estudar as doenças monogênicas com alto grau de complexidade.</p><p>A deficiência intelectual é um importante problema de saúde pública</p><p>em todo o</p><p>mundo. Estima-se que em torno de 2,5% da população mundial seja portadora de</p><p>algum tipo de diminuição significativa da inteligência quando comparada à média geral</p><p>da população. Na maioria dos casos, a deficiência intelectual é caracterizada como</p><p>sendo leve, de origem multifatorial e com pouquíssimas chances de recorrência na</p><p>família. No entanto, quando consideramos todos os casos de deficiência intelectual,</p><p>cerca de 25% deles são graves. Isso significa que em torno de 1% da população mundial</p><p>apresenta deficiência intelectual grave, com as pessoas afetadas sendo totalmente</p><p>dependentes de outras pessoas e resistentes aos meios comuns de educação.</p><p>Nos países desenvolvidos, nos quais as causas ambientais da deficiência intelectual</p><p>já estão sob controle médico-sanitário adequado, cerca de 2/3 dos casos graves têm</p><p>origem genética. Quando analisamos os casos de deficiência intelectual grave não</p><p>relacionado às síndromes, que representam cerca de 1/4 dos casos, verificamos que</p><p>são o resultado da homozigose de alelos autossômicos recessivos, os quais podem</p><p>ocorrer em diversos locos diferentes.</p><p>Ainda hoje, a deficiência intelectual é classificada, basicamente, em função do</p><p>afastamento daquilo que se entende como inteligência média normal da população.</p><p>Para avaliar a inteligência média de uma população, são aplicados testes</p><p>padronizados e individuais aos membros da população; esses testes independem de</p><p>valores, conhecimentos culturais aprendidos ou treinados; eles avaliam a capacidade</p><p>de raciocínio prático e abstrato dos indivíduos submetidos. São considerados dentro</p><p>do intervalo normal de inteligência pessoas com quociente de inteligência (QI) entre</p><p>70 e 130. De maneira geral, pessoas com QI inferior a 70 são consideradas portadoras</p><p>de deficiência intelectual.</p><p>Não pode faltar</p><p>Assimile</p><p>De acordo com a Organização Mundial de Saúde, a deficiência intelectual</p><p>pode ser definida como a incapacidade cognitiva, que se torna evidente</p><p>antes dos 18 anos de idade, resultando em limitações significativas nas</p><p>funções intelectuais e no comportamento do indivíduo.</p><p>U3</p><p>135Citogenética clínica</p><p>Deficiência intelectual com QI entre 50 e 70 são consideradas leves; A partir</p><p>do QI, a deficiência intelectual é classificada em leve (QI entre 50 a 69), moderada</p><p>(QI entre 35 e 49), grave (QI entre 20 e 34) e profunda (QI inferior a 20). Na prática,</p><p>os casos de deficiência intelectual que interessam são os que estão abaixo de 50,</p><p>pois indivíduos com QI próximo de 70, apesar de considerados deficientes</p><p>intelectuais leves, são facilmente educáveis, podendo atingir níveis de</p><p>independência pessoal e social relativamente dentro da normalidade.</p><p>Causas não Genéticas da Deficiência Intelectual</p><p>Nos países subdesenvolvidos e em desenvolvimento, as causas não genéticas</p><p>contribuem com um percentual consideravelmente elevado de todos os casos de</p><p>deficiência intelectual devido a vários fatores, entre eles a miséria, a desnutrição, os</p><p>serviços médico-hospitalares e as condições sanitárias precárias e o despreparo dos</p><p>profissionais de saúde, entre inúmeros outros fatores.</p><p>A ingestão de substâncias tóxicas e/ou determinados medicamentos no primeiro</p><p>trimestre da gestação podem ocasionar a má formação e/ou deficiência intelectual</p><p>do embrião/feto.</p><p>Sabe-se que a ingestão excessiva de bebidas alcoólicas pela gestante pode ocasionar</p><p>síndrome fetal alcoólica; gestantes alcóolatras podem ter bebês com essa síndrome,</p><p>que, além de atraso do crescimento, discreta microcefalia, comprometimento motor</p><p>fino, irritabilidade, hiperatividade entre outras coisas, rebaixa o QI da criança para a faixa</p><p>compreendida entre 50 e 80.</p><p>Quando a gestante é infectada por determinados patógenos, entre eles o vírus da</p><p>rubéola, o citomegalovírus, o zikavírus e o agente causador da toxoplasmose, pode</p><p>comprometer o desenvolvimento do embrião e do feto. Além de diversos problemas</p><p>de saúde e atraso no desenvolvimento, pode também causar a deficiência intelectual</p><p>do embrião e no feto.</p><p>Atenção!</p><p>Sob o ponto de vista clínico, são considerados deficientes intelectuais</p><p>indivíduos com QI inferior a 70 que são incapazes de ter uma vida</p><p>independente. É importante ressaltar que é necessário que o quadro se</p><p>instale antes dos 18 anos de idade.</p><p>Reflita</p><p>As campanhas de vacinação em massa são fundamentais para a redução</p><p>de gestantes infectadas por microrganismos que causam atraso no</p><p>desenvolvimento e malformações no embrião e no feto.</p><p>U3</p><p>136 Citogenética clínica</p><p>Entre as causas perinatais da deficiência intelectual, podemos citar a prematuridade,</p><p>intercorrências no parto com hipóxia ou anoxemia intercorrente e incompatibilidade</p><p>materno-fetal Rh. Como causas pós-natais devem ser considerados os traumatismos</p><p>com lesão no sistema nervoso central, casos de envenenamento e convulsões.</p><p>Também são consideradas causas da deficiência intelectual nos países em</p><p>desenvolvimento e subdesenvolvidos a desnutrição da gestante e da criança, além da</p><p>falta falta de assistência médica adequada à gestante, ao parto e ao recém-nascido.</p><p>Causas Genéticas da Deficiência Intelectual</p><p>Nos países industrializados, aproximadamente 2/3 dos casos de deficiência</p><p>intelectual têm origem genética. A herança monogênica, seja ela dominante ou</p><p>recessiva, autossômica ou ligada ao X, geralmente determina um quadro de deficiência</p><p>intelectual que se enquadra na faixa de moderado ou grave.</p><p>Estima-se que há, cerca de 100 diferentes locos de alelos autossômicos que</p><p>podem abrigar genes que sofreram algum tipo de mutação e que, quando presentes</p><p>em homozigose, determinam a deficiência intelectual pura, isto é, uma deficiência</p><p>intelectual que não está relacionada a nenhuma síndrome ou anomalias físicas,</p><p>neurológicas ou má-formação.</p><p>Além disso, hoje já conhecemos mais de 70 diferentes genes ligados aos</p><p>cromossomos X associados à deficiência intelectual sindrômica e outros 20, no</p><p>mesmo cromossomo, que ocasionam a deficiência intelectual não relacionada às</p><p>síndromes.</p><p>Muitas alterações estruturais, como as deleções ou as duplicações, nas quais ocorre</p><p>a falta ou o excesso, respectivamente, de material genético, desequilibram o delicado</p><p>sistema genético responsável pela inteligência, levando à deficiência intelectual.</p><p>Nas alterações numéricas do cromossomo X, a deficiência intelectual é rara e,</p><p>quando ocorre, é leve. O mesmo não ocorre nas alterações numéricas de autossomos.</p><p>A Síndrome de Down é a causa genética mais frequente de deficiência intelectual, que</p><p>tem grau variável, dependendo do caso, mas está sempre presente. Nos casos de</p><p>trissomia dos cromossomos 13 e 18 (síndromes de Patau e Edwards, respectivamente),</p><p>Exemplificando</p><p>A deficiência intelectual pode ter origem genética (anomalias</p><p>cromossômicas, monogênicas dominantes, recessivas, ligadas ao X,</p><p>poligênicas) ou causas ambientais (pré-natais, perinatais e pós-natais).</p><p>U3</p><p>137Citogenética clínica</p><p>a deficiência intelectual está sempre presente no nível profundo.</p><p>Depois da Síndrome de Down, a Síndrome do X-frágil é a causa genética mais</p><p>frequente de deficiência intelectual. Ela é causada pela expansão de trinucleotídeos</p><p>em um gene específico localizado no cromossomo X.</p><p>A Síndrome do X-frágil tem a incidência estimada entre em 1 a cada 4.000 ou 6.000</p><p>homens e 1 a cada 9.000 mulheres; cerca de 1 a 5% dos meninos com deficiência</p><p>intelectual nas escolas são portadores desta deficiência.</p><p>São características dos portadores dessa síndrome, a deficiência intelectual,</p><p>macrorquidia (aumento do volume dos testículos), face alongada e estreita, orelhas</p><p>grandes e em abano, palato alto, queixo proeminente, entre outras. A Figura 3.12</p><p>apresenta um menino com Síndrome do X-frágil.</p><p>Fonte: . Acesso em: 7 fev. 2016.</p><p>Figura 3.12 | Menino com Síndrome do X-frágil</p><p>Pesquise mais</p><p>Para conhecer um pouco mais sobre a Síndrome do X-Frágil, acesse o</p><p>site da Associação X-frágil do Brasil, lá você encontra informações,</p><p>fotos,</p><p>vídeos e muitas coisas interessantes a respeito da síndrome:</p><p>ASSOCIAÇÃO X-FRÁGIL DO BRASIL. Disponível em: . Acesso em: 7 fev. 2016.</p><p>Não podemos nos esquecer das doenças metabólicas, como a fenilcetonúria e a</p><p>galactosemia, estudadas na Seção 2.3 que, quando não tratadas desde o início da vida,</p><p>levam a deficiência intelectual à irreversibilidade.</p><p>U3</p><p>138 Citogenética clínica</p><p>Você se lembra do caso que o Renê está estudando? Então vamos recordar!</p><p>Renê estuda casos de retardo mental. Nesta semana atendeu a um casal, o Sr. João</p><p>e a Sra. Ana Lúcia. O casal tem um filho de 5 anos, que apresentou desenvolvimento</p><p>lento em relação ao irmão mais velho. Carlos começou a sentar com mais de 2</p><p>anos e andou com 4 anos. Atualmente, com 5 anos, sua fala ainda não é compatível</p><p>com a idade; apesar de ser estimulado pela mãe, pronuncia incorretamente algumas</p><p>poucas palavras. Na escola, a professora solicitou que Carlos fosse encaminhado</p><p>para averiguação de possível retardo mental. Apesar de não concordarem com a</p><p>professora, os pais buscaram ajuda.</p><p>No atendimento, Renê questionou a Sra. Ana Lúcia sobre sua gestação e parto. Ela</p><p>relatou que a gestação transcorreu normal, mas que o menino nasceu após completar</p><p>34 semanas de gestação, com baixo peso, e necessitou de cuidados específicos para</p><p>crianças prematuras. A mãe relata que não fez uso de álcool, tabaco e medicamentos</p><p>durante a gestação.</p><p>A família busca a causa da condição de Carlos. Como podemos ajudá-la?</p><p>A deficiência intelectual é um importante problema de saúde pública em todo o</p><p>mundo. Nos países subdesenvolvidos e em desenvolvimento, as causas não genéticas</p><p>contribuem com um percentual consideravelmente elevado a todos os casos de</p><p>deficiência intelectual devido a vários fatores, entre eles a miséria, a desnutrição,</p><p>serviços médico-hospitalares e condições sanitárias precárias e o despreparo dos</p><p>profissionais de saúde, entre inúmeros outros fatores.</p><p>Faça você mesmo</p><p>Faça uma pesquisa com seus amigos, familiares, colegas de trabalho,</p><p>de faculdade, vizinhos e verifique se nas famílias há casos de deficiência</p><p>intelectual. Converse com essas pessoas a fim de identificar se esses</p><p>casos estão ligados a alguma síndrome ou má-formação ou se são casos</p><p>de deficiência intelectual isolada. Procure saber também como foi a</p><p>gestação das mães desses portadores para identificar fatores que podem</p><p>ter contribuído para a deficiência intelectual.</p><p>Sem medo de errar</p><p>Atenção!</p><p>A deficiência intelectual pode ter causas genéticas e não genéticas.</p><p>U3</p><p>139Citogenética clínica</p><p>A ingestão de substâncias tóxicas e/ou determinados medicamentos no primeiro</p><p>trimestre da gestação pode ocasionar a má-formação e/ou deficiência intelectual do</p><p>embrião e do feto. Mas, no caso de Carlos, nenhuma dessas situações se aplica.</p><p>Também temos como causas de deficiência intelectual os eventos perinatais, entre</p><p>eles a prematuridade. Foi revelado pela mãe que Carlos nasceu prematuro na 34ª</p><p>semanas de gestação. Como o menino não apresenta má-formação, é possível que</p><p>sua deficiência intelectual seja uma consequência do nascimento prematuro. Não</p><p>existe tratamento para reverter o quadro, mas há serviços de apoio psicológico que</p><p>auxiliam no desenvolvimento da criança.</p><p>Lembre-se</p><p>Entre as causas perinatais da deficiência intelectual, podemos citar a</p><p>prematuridade, intercorrências no parto com hipóxia ou anoxemia</p><p>intercorrente incompatibilidade materno-fetal Rh.</p><p>Avançando na prática</p><p>Pratique mais</p><p>Instrução</p><p>Desafiamos você a praticar o que aprendeu, transferindo seus conhecimentos para novas situações</p><p>que pode encontrar no ambiente de trabalho. Realize as atividades e depois as compare com as de</p><p>seus colegas.</p><p>O caso de Mariazinha</p><p>1. Competência de fundamento da</p><p>área</p><p>Conhecer a estrutura, o desenvolvimento e o funcionamento</p><p>biofisio-neurológico do organismo humano, identificando as</p><p>inter-relações com os processos psicológicos.</p><p>2. Objetivos de aprendizagem</p><p>- Reconhecer as doenças monogênicas com alto grau de</p><p>heterogeneidade.</p><p>- Aplicar o conhecimento adquirido no estudo em situações</p><p>próximas da realidade profissional.</p><p>3. Conteúdos relacionados Doenças monogênicas com alto grau de heterogeneidade.</p><p>4. Descrição da SP</p><p>Mariazinha, hoje com 7 anos, foi diagnosticada no teste</p><p>do pezinho, com fenilcetonúria. Sua mãe, sempre muito</p><p>cuidadosa com sua alimentação, fez acompanhamento</p><p>médico e nutricional desde que foi diagnosticada a doença.</p><p>Em sua casa, a alimentação é toda balanceada e controlada,</p><p>mas, na escola, Mariazinha tem compartilhado o lanche</p><p>de seus colegas. É comum Mariazinha ingerir alimentos</p><p>derivados do leite e à base de proteínas com seus colegas</p><p>de escola. O que pode acontecer caso a criança continue</p><p>ingerindo os alimentos compartilhados por seus coleguinhas</p><p>de escola? Como proceder com Mariazinha?</p><p>U3</p><p>140 Citogenética clínica</p><p>5. Resolução da SP</p><p>Na fenilcetonúria há a carência de uma enzima que converte</p><p>a fenilalanina em tirosina. A alimentação deve ser controlada,</p><p>pois, caso contrário, com o consumo de leite e derivados e de</p><p>alimentos proteicos, pode ocorrer o acúmulo de fenilalanina</p><p>ocasionando deficiência intelectual irreversível. É preciso</p><p>orientar a criança e realizar acompanhamento psicológico.</p><p>Lembre-se</p><p>A idade materna avançada está intimamente relacionada ao aumento da</p><p>probabilidade do nascimento de crianças com alterações cromossômicas.</p><p>Dependendo da alteração cromossômica presente, a deficiência</p><p>intelectual é uma das características.</p><p>Faça você mesmo</p><p>Pesquise mais sobre deficiência intelectual, como prevenir, diagnosticar e</p><p>tratar, além dos direitos e benefícios dos portadores, no site da APAE de São</p><p>Paulo:</p><p>APAE. Disponível em: . Acesso em: 7 fev. 2016.</p><p>Faça valer a pena</p><p>1. Estima-se que em torno de 2,5% da população mundial seja portadora de</p><p>algum tipo de diminuição significativa da inteligência quando comparada</p><p>à média geral da população. Na maioria dos casos a deficiência intelectual</p><p>é caracterizada como:</p><p>a) Leve, de origem multifatorial e com pouquíssimas chances de</p><p>recorrência na família.</p><p>b) Grave, de origem multifatorial e com pouquíssimas chances de</p><p>recorrência na família.</p><p>c) Leve, autossômica recessiva e com poucas chances de recorrência na</p><p>família.</p><p>d) Moderada, autossômica dominante e com muitas chances de</p><p>recorrência na família.</p><p>e) Severa, de origem multifatorial e com chances de recorrência na família.</p><p>U3</p><p>141Citogenética clínica</p><p>2. De acordo com a Organização Mundial de Saúde, a deficiência</p><p>intelectual pode ser definida como a _______________________, que</p><p>se torna evidente antes dos ___________ anos de idade, resultando em</p><p>limitações significativas nas funções intelectuais e no comportamento do</p><p>indivíduo.</p><p>a) Incapacidade cognitiva – 14.</p><p>b) Incapacidade cognitiva – 18.</p><p>c) Capacidade cognitiva – 18.</p><p>d) Capacidade cognitiva – 12.</p><p>e) Incapacidade cognitiva – 12.</p><p>3. Ainda hoje, a deficiência intelectual é classificada, basicamente, em</p><p>função do afastamento daquilo que se entende como inteligência média</p><p>normal da população. Sobre as faixas de QI, considere as seguintes</p><p>afirmativas:</p><p>I. São considerados dentro do intervalo normal de inteligência pessoas</p><p>com quociente de inteligência (QI) entre 70 e 130.</p><p>II. De maneira geral, pessoas com QI inferior a 70 são consideradas</p><p>portadoras de deficiência intelectual.</p><p>III. Deficiência intelectual com QI entre 50 e 70 são consideradas leves.</p><p>IV. Deficiência intelectual entre 35 e 50 é profunda.</p><p>Estão corretas o que se afirma em:</p><p>a) I, II e III.</p><p>b) II, III e IV.</p><p>c) I, III e IV.</p><p>d) I e III.</p><p>e) I, II, III e IV.</p><p>U3</p><p>142 Citogenética clínica</p><p>U3</p><p>143Citogenética clínica</p><p>Referências</p><p>ADKISON, L. R.; BROWN, M. D. Genética. Rio de Janeiro: Elsevier, 2008.</p><p>ASSOCIAÇÃO X-FRÁGIL DO BRASIL. Disponível em: http://www.xfragil.org.br/. Acesso</p><p>em: 07 fev. 2016.</p><p>ABRAZ. O que é Alzheimer. Disponível em:</p><p>http://abraz.org.br/sobre-alzheimer/o-que-</p><p>e-alzheimer. Acesso em: 16 fev. 2016.</p><p>BORGES-OSÓRIO, M. R.; ROBINSON, W. M. Genética humana. 2. ed. Porto Alegre:</p><p>Artmed, 2001.</p><p>PIERCE, B. A. Genética essencial: conceitos e conexões. Rio de Janeiro: Guanabara</p><p>Koogan, 2012.</p><p>PIERCE, B. A. Genética: um enfoque conceitual. 3. ed. Rio de Janeiro: Guanabara</p><p>Koogan, 2011.</p><p>OTTO, P. A.; MINGRONI NETTO, R. C.; OTTO, P. G. Genética médica. São Paulo: Roca,</p><p>2013.</p><p>YOUNG, I. D. Genética médica. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2007.</p><p>GENÉTICA DOS DISTÚRBIOS</p><p>DO COMPORTAMENTO</p><p>Nesta unidade vamos discutir a genética dos distúrbios do</p><p>comportamento. Para isso, estudaremos a herança multifatorial I:</p><p>caracteres com limiar multifatorial e distúrbios complexos da idade adulta;</p><p>herança multifatorial II: distúrbios mentais e herança multifatorial e doenças</p><p>mentais e herança multifatorial; herança multifatorial III: malformações</p><p>congênitas multifatoriais; genética do comportamento: características</p><p>comportamentais normais e características comportamentais patológicas.</p><p>Competência de fundamentos da área:</p><p>Conhecer a estrutura, o desenvolvimento e o funcionamento</p><p>biofisioneurológico do organismo humano, identificando as inter-</p><p>relações com os processos psicológicos.</p><p>Objetivos específicos:</p><p>- Conhecer as características de herança multifatorial.</p><p>- Conhecer caracteres com limiar multifatorial.</p><p>- Conhecer os distúrbios complexos da idade adulta.</p><p>- Conhecer os distúrbios mentais de herança multifatorial.</p><p>- Conhecer as doenças mentais de herança multifatorial.</p><p>- Diferenciar distúrbios mentais de doenças mentais.</p><p>- Conhecer as principais malformações congênitas multifatoriais.</p><p>- Conhecer características comportamentais normais.</p><p>Convite ao estudo</p><p>Unidade 4</p><p>U4</p><p>146 Genética dos distúrbios do comportamento</p><p>- Conhecer características comportamentais patológicas.</p><p>- Aplicar o conhecimento adquirido no estudo em situações próximas</p><p>da realidade profissional.</p><p>Nesta quarta e última unidade do livro didático continuaremos analisando</p><p>as situações vivenciadas no laboratório de pesquisas do professor Paulo</p><p>de Abreu. Em cada seção será retomado um dos casos apresentados</p><p>para darmos sequência à resolução das situações-problema. Vamos</p><p>conhecer os demais trabalhos realizados no laboratório mencionado. O</p><p>Prof. Dr. Paulo de Abreu é responsável pelo laboratório de pesquisas em</p><p>Genética Humana da Universidade Anhanguera. Nas unidades 1, 2 e 3, você</p><p>conheceu os estudantes de doutorado que trabalham nesse laboratório,</p><p>agora você irá conhecer outros quatro alunos e os trabalhos que cada</p><p>um desenvolve, Lucas pesquisa os distúrbios causados por herança</p><p>multifatorial. Rosana pesquisa os transtornos mentais e a dependência de</p><p>substâncias psicoativas; Thiago estuda as causas do lábio leporino e da</p><p>fenda palatina; e Marcela estuda a homossexualidade.</p><p>Na última semana cada um dos quatro pós-graduandos atendeu a um</p><p>caso. Lucas atendeu o Sr. Arthur, que há 32 anos sofre de obesidade, desde</p><p>a infância. O Sr. Arthur já se submeteu a diversas dietas para perda de</p><p>peso, mas não obteve o sucesso esperado e agora busca uma explicação</p><p>para sua obesidade crônica. Na seção 4.1 continuaremos com esse caso.</p><p>Rosana atendeu a Sra. Fátima que veio acompanhada de seu marido, o</p><p>Sr. João. A Sra. Fátima relata que, apesar de toda a estrutura familiar e</p><p>cuidados, seu filho mais velho é dependente químico. Ela já tentou vários</p><p>tratamentos para livrar seu filho da dependência, mas não obteve sucesso.</p><p>O casal busca uma explicação para a dependência química de seu filho.</p><p>Na seção 4.2 iremos analisar o caso acompanhado por Rosana. Thiago</p><p>está estudando as causas do lábio leporino e da fenda palatina e recebeu</p><p>a Sra. Carla e o Sr. Paulo. O casal relata que seu primeiro filho, Renato,</p><p>nasceu com lábio leporino e fenda palatina e buscam uma explicação</p><p>para o fato. Na seção 4.3 você conhecerá um pouco mais sobre esse caso.</p><p>Marcela estuda a homossexualidade. Nesta semana, atendeu o Sr.Flávio</p><p>e a Sra. Claudia. O casal tem um filho de 14 anos, Otávio, e relata que o</p><p>menino apresenta comportamento homossexual, não sentindo atração</p><p>pelas meninas e sim por meninos. Na seção 4.4 você irá acompanhar o</p><p>trabalho de Marcela.</p><p>Agora que você já conhece os casos, vamos estudar os conceitos que</p><p>U4</p><p>147Genética dos distúrbios do comportamento</p><p>lhe permitirão solucionar as situações-problema apresentadas.</p><p>Preparados? Então vamos começar!</p><p>U4</p><p>148 Genética dos distúrbios do comportamento</p><p>U4</p><p>149Genética dos distúrbios do comportamento</p><p>Seção 4.1</p><p>Herança multifatorial I</p><p>Caro aluno, na primeira seção da unidade 4 iremos estudar a herança</p><p>multifatorial, abordando os caracteres com limiar multifatorial e os distúrbios</p><p>complexos da idade adulta. Recomendamos que retorne às seções anteriores e</p><p>faça uma revisão sobre a célula, o mecanismo de síntese de proteínas e os tipos</p><p>de herança genética.</p><p>Você deve estar lembrado de que na abertura da Unidade 4 foi apresentado</p><p>o laboratório de pesquisas em Genética Humana do Prof. Dr. Paulo de Abreu</p><p>e o trabalho de quatro doutorandos que estão sob a sua orientação. Pois bem,</p><p>nesta seção iremos discutir um caso que está sendo estudado pelo Lucas. Vamos</p><p>recordá-lo?</p><p>Lucas atendeu o Sr. Arthur, que há 32 anos sofre de obesidade, desde a infância.</p><p>O Sr. Arthur já se submeteu a diversas dietas para perda de peso, mas não obteve</p><p>o sucesso esperado e agora busca uma explicação para sua obesidade crônica.</p><p>Como podemos explicar a ele sua condição? Ao longo desta seção, iremos</p><p>apresentar os elementos necessários à resolução dessa situação-problema. Esteja</p><p>atento às informações e conto com você para auxiliar Arthur!</p><p>Pronto para começar? Então vamos lá!</p><p>Diálogo aberto</p><p>Nas seções anteriores estudamos diversas doenças que são determinadas por</p><p>herança autossômica ou ligada ao X; estas podiam ser, ainda, classificadas em</p><p>dominantes e recessivas. Sabemos que esses padrões de herança explicam apenas</p><p>uma pequena parcela das doenças genéticas humanas. A maioria das malformações</p><p>congênitas não é causada por genes únicos ou por defeitos nos cromossomos.</p><p>Doenças como o câncer, as doenças do coração e o diabetes possuem componentes</p><p>genéticos, mas elas não são causadas pela alteração de um único gene ou apenas</p><p>Não pode faltar</p><p>U4</p><p>150 Genética dos distúrbios do comportamento</p><p>Nesta seção vamos estudar a herança multifatorial; como o próprio nome diz,</p><p>esse padrão de herança se refere a características que se manifestam em virtude</p><p>de diversos fatores envolvidos. O projeto "Genoma Humano" constatou a presença</p><p>de aproximadamente 20 a 25 mil genes. Quando tratamos de herança multifatorial</p><p>estamos tratando de características que envolvem a interação de diferentes genes</p><p>do indivíduo e entre eles e os fatores ambientais.</p><p>Certas características multifatoriais, como grande parte das malformações</p><p>congênitas, não apresentam uma distribuição contínua na população, existindo</p><p>um limiar que separa os indivíduos em 2 grupos: os normais e os anormais, sendo</p><p>que, entre os anormais, as anomalias variam de moderadas a graves. Nesse caso,</p><p>dizemos que a característica e sua herança são multifatoriais com efeito de limiar.</p><p>Podemos citar como exemplo de característica multifatorial com efeito de limiar, a</p><p>suscetibilidade a doenças. As pessoas são classificadas em resistentes ou suscetíveis</p><p>à determinada doença; dentre os suscetíveis, temos os poucos e os muitos</p><p>suscetíveis. Isso se explica pelo fato de haver uma quantidade mínima de genes</p><p>necessários para que a característica se manifeste em um determinado ambiente</p><p>(limiar genotípico). Nesses casos, o efeito clínico não é observado até que o limiar</p><p>seja atingido. Os indivíduos acima do limiar apresentam a anomalia porque têm</p><p>mais alelos de suscetibilidade e porque foram expostos a fatores ambientais que</p><p>conduzem ao fenótipo em relação aos indivíduos abaixo do limiar. São exemplos</p><p>de anomalias congênitas que seguem esse padrão: lábio leporino</p><p>eucariótica animal e suas respectivas funções.</p><p>Assimile</p><p>O citoesqueleto é fundamental para a formação das fibras do fuso,</p><p>estrutura responsável pela movimentação dos cromossomos na divisão</p><p>celular. Você sabia que se os cromossomos não se movimentarem de</p><p>maneira adequada na formação de gametas pode ocorrer o nascimento</p><p>de crianças com síndromes genéticas, por exemplo, a Síndrome de Down?</p><p>Fonte: . Acesso</p><p>em: 20 out. 2015.</p><p>Figura 1.1 | Célula Eucarionte Animal</p><p>Célula Eucarionte Animal</p><p>Complexo de Golge</p><p>Citoplasma</p><p>Membrana</p><p>Ribossomos</p><p>Lisossomo</p><p>Retículo</p><p>Endoplasmático</p><p>Liso</p><p>Retículo</p><p>Endoplasmático</p><p>Rugoso</p><p>Mitocôndria</p><p>Núcleo</p><p>Peroxíssomo</p><p>Centríolo</p><p>As bases cromossômica e genética da hereditariedade</p><p>U1</p><p>15</p><p>Ribossomos – são estruturas granulares formadas por RNAr e proteína, que têm</p><p>a função de sintetizar proteínas. Podem ser encontrados livres e dispersos pelo</p><p>citosol, aderidos às paredes do retículo endoplasmático ou unidos uns aos outros</p><p>por uma fita de RNAm. As proteínas que são produzidas pelos ribossomos que</p><p>estão livres no citosol geralmente são utilizadas no interior da própria célula, e as</p><p>proteínas que são sintetizadas pelos ribossomos que estão aderidos à superfície do</p><p>retículo endoplasmático são destinadas ao uso externo à célula (enzimas digestivas,</p><p>por exemplo). Na comparação com a fábrica de bolos, os ribossomos podem ser</p><p>comparados ao confeiteiro, a pessoa responsável pela produção dos bolos.</p><p>Retículo endoplasmático – constituído por uma rede de membranas duplas</p><p>que se comunica com a membrana nuclear. Pode ser liso ou rugoso. O retículo</p><p>endoplasmático rugoso (RER) possui inúmeros ribossomos aderidos à superfície de</p><p>sua membrana, o que lhe dá o aspecto rugoso. Esses ribossomos produzem proteínas</p><p>que são liberadas no interior do retículo endoplasmático. Algumas células têm o RER</p><p>muito desenvolvido, por exemplo, as células que produzem enzimas digestivas (células</p><p>do pâncreas). O retículo endoplasmático liso (REL) não possui ribossomos aderidos e</p><p>é responsável pela síntese de lipídios e pelo transporte de substâncias no interior das</p><p>células. As células do fígado são ricas em REL, pois são responsáveis também pela</p><p>retirada de substâncias potencialmente tóxicas, como o álcool, do organismo. O REL</p><p>também é o local de síntese de hormônios esteroides, e por isso é bem desenvolvido</p><p>nas células da glândula adrenal. Voltando à fábrica de bolos o RE seriam os corredores</p><p>da fábrica, por onde os bolos são transportados até seu destino final.</p><p>Complexo de Golgi – organela membranosa, com aparência de sacos achatados</p><p>e empilhados, localizada próximo ao núcleo e ao RE. Recebe proteínas e lipídios do RE</p><p>que chegam no interior de vesículas que brotam da superfície do RE. Essas vesículas se</p><p>fundem à membrana do complexo de Golgi, e as substâncias vindas nas vesículas são</p><p>armazenadas e/ou modificadas no complexo de Golgi e depois são despachadas para</p><p>outras regiões da célula por meio de vesículas de secreção que brotam da membrana</p><p>do complexo de Golgi. Essas vesículas podem conter enzimas digestivas e permanecer</p><p>no interior da célula, originando os lisossomos, ou podem se deslocar em direção à</p><p>membrana plasmática e liberar seu conteúdo para o meio externo à célula. Por meio</p><p>desse processo são liberadas enzimas digestivas pelas células do pâncreas, muco</p><p>pelas células do sistema respiratório e pelas células intestinais e ocorre a formação do</p><p>acrossomo nos espermatozoides.</p><p>O acrossomo é uma bolsa repleta de enzimas digestivas localizada na extremidade</p><p>anterior dos espermatozoides dos mamíferos. Essas enzimas são importantes para a</p><p>perfuração do revestimento protetor do óvulo na fecundação. Elas são produzidas</p><p>pelos ribossomos do RER e transportadas pelas vesículas até o complexo de Golgi,</p><p>onde são processadas e originam o acrossomo.</p><p>Voltando à fábrica de bolos: alguns bolos podem ser comercializados da maneira</p><p>As bases cromossômica e genética da hereditariedade</p><p>U1</p><p>16</p><p>como saem do forno − um bolo simples para um café, por exemplo. Mas outros bolos</p><p>recebem um acabamento especial, ou seja, ganham recheio, cobertura e tornam-</p><p>se um bolo de festa. O complexo de Golgi tem essa função: algumas proteínas,</p><p>assim como os bolos, são utilizadas da maneira como foram produzidas, mas outras</p><p>precisam de “um acabamento especial”, que é feito pelo complexo de Golgi.</p><p>Lisossomos – são vesículas originadas do complexo de Golgi, repletas de enzimas</p><p>digestivas. São responsáveis pela digestão intracelular; podem digerir materiais vindos</p><p>do meio externo, como microrganismos ou partes desgastadas da própria célula.</p><p>Quando a membrana do lisossomo se rompe, as enzimas digestivas contidas em seu</p><p>interior são liberadas no citosol e causam a autodestruição celular; esse processo é</p><p>denominado autofagia. Por meio dele a membrana plasmática pode ser destruída</p><p>e essas enzimas, então, podem extravasar para o meio externo e danificar células</p><p>vizinhas, que também irão se romper, gerando uma reação em cadeia. Esse processo</p><p>é responsável pela necrose dos tecidos. Existe também um processo chamado</p><p>apoptose, que é um tipo normal e benigno de morte celular, no qual a célula encolhe,</p><p>fragmenta seu DNA e altera sua superfície para ativar a fagocitose pelos macrófagos.</p><p>Na Figura 1.2 você pode observar as proteínas (produzidas pelos ribossomos ligados</p><p>ao RER) sendo liberadas no interior do retículo, envolvidas em vesículas e encaminhadas</p><p>ao complexo de Golgi. Lá as proteínas são armazenadas e/ou processadas e então são</p><p>liberadas em vesículas que podem permanecer no interior do citoplasma, originando</p><p>os lisossomos, ou podem ser enviadas à membrana plasmática onde serão liberadas</p><p>para uso no meio externo à célula.</p><p>Fonte: Uzunian e Birner (2005).</p><p>Figura 1.2 | Transporte de substâncias por meio de vesículas de secreção</p><p>As bases cromossômica e genética da hereditariedade</p><p>U1</p><p>17</p><p>Mitocôndrias – são organelas com formato de feijão; em seu interior há diversas</p><p>enzimas, DNA, RNA e ribossomos. São responsáveis pela respiração celular aeróbia.</p><p>Na respiração celular, as moléculas orgânicas vindas dos alimentos reagem com</p><p>o oxigênio proveniente da respiração e produzem CO</p><p>2</p><p>, água e liberam energia na</p><p>forma de ATP (trifosfato de adenosina). O ATP produzido no interior das mitocôndrias</p><p>fornece a energia necessária às diversas atividades celulares.</p><p>Reflita</p><p>Como podemos explicar, do ponto de vista celular, a morte dos</p><p>organismos pluricelulares?</p><p>Quando um organismo pluricelular morre, a membrana dos lisossomos</p><p>se rompe e as enzimas digestivas são liberadas no interior das células,</p><p>causando a autodestruição celular. Além desse processo, também ocorre</p><p>a destruição celular pela ação das bactérias decompositoras.</p><p>Pesquise mais</p><p>Você já pensou que a autofagia tem um papel duplo? Ela pode ajudar</p><p>a sobreviver quando elimina células tumorais ou pode dificultar a</p><p>sobrevivência ao eliminar todos os tipos celulares de um organismo.</p><p>Vamos conhecer um pouco mais sobre o assunto? Então leia o artigo:</p><p>FIORAVANTI, C. Autofagia para a sobrevivência. Revista Pesquisa Fapesp,</p><p>São Paulo, p. 42-47, fev. 2010. Disponível em: . Acesso em: 9</p><p>dez. 2015.</p><p>Exemplificando</p><p>Você sabia que o diabetes é causado pelo mau funcionamento das</p><p>células? Qual a relação existente entre o funcionamento inadequado das</p><p>células e a ocorrência do diabetes?</p><p>Sabemos que o diabetes está relacionado ao aumento da taxa de glicose</p><p>no sangue. A glicose é a principal fonte de energia para o metabolismo</p><p>humano e é ingerida na alimentação. Após cada refeição, o sistema</p><p>nervoso envia uma mensagem ao pâncreas, que libera um hormônio</p><p>chamado insulina na corrente sanguínea. A insulina atua no transporte</p><p>da glicose para o interior das células; dentro das células, essa glicose é</p><p>processada nas mitocôndrias para liberar energia.</p><p>isolado e/ou</p><p>associado à fenda palatina e os defeitos do tubo neural (anencefalia e espinha</p><p>bífida). Podemos citar como exemplo de influência ambiental os casos de defeitos</p><p>do tubo neural, nos quais o aumento da ingestão de ácido fólico antes e durante a</p><p>gravidez auxilia a evitar esses defeitos, como a espinha bífida e a anencefalia.</p><p>Dentre as doenças comuns da vida adulta em que há influência dos fatores</p><p>ambientais, além do componente genético, temos câncer, diabetes, hipertensão</p><p>arterial, cardiopatia, alcoolismo, obesidade e transtornos psiquiátricos (Doença de</p><p>Alzheimer, esquizofrenia, transtorno bipolar, por exemplo).</p><p>Assimile</p><p>As características que são causadas pelos efeitos combinados</p><p>de diversos genes são denominadas poligênicas (muitos genes).</p><p>Quando os fatores ambientais também podem causar variação nessas</p><p>características, dizemos que a herança é multifatorial.</p><p>por anomalias nos cromossomos, elas resultam de uma interação complexa entre</p><p>os fatores genéticos e os ambientais, o que chamamos de herança multifatorial.</p><p>U4</p><p>151Genética dos distúrbios do comportamento</p><p>Distúrbios Complexos da Idade Adulta</p><p>Apresentaremos uma breve abordagem das doenças multifatoriais que</p><p>acometem a população adulta. Dentre elas, iremos abordar as cardiopatias, a</p><p>hipertensão arterial, o diabetes e a obesidade.</p><p>Doenças do Coração</p><p>A causa mais comum de doenças do coração é a doença arterial coronariana,</p><p>que é decorrente da aterosclerose, um estreitamento das artérias coronarianas</p><p>resultante da deposição de lipídios, que impede o fluxo sanguíneo para o coração,</p><p>podendo levar ao infarto do miocárdio, que é a morte do tecido cardíaco devido ao</p><p>suprimento inadequado de oxigênio. Quando a aterosclerose ocorre nas artérias</p><p>que irrigam o cérebro, pode haver o Acidente Vascular Cerebral (AVC).</p><p>São fatores de risco para a doença arterial coronariana: obesidade, tabagismo,</p><p>hipertensão arterial, níveis elevados de colesterol e histórico familiar para a doença</p><p>(presença de um ou mais parentes de 1º grau afetados).</p><p>Estudos revelam que o histórico familiar positivo dá uma predisposição de 2 a</p><p>7 vezes mais a sofrer da doença do que indivíduos sem histórico familiar. O risco</p><p>é maior se existir mais de um parente afetado, se o parente afetado for do sexo</p><p>feminino, pois é o sexo menos comumente afetado e se a idade do aparecimento</p><p>no parente afetado for precoce (antes dos 55 anos de idade).</p><p>Diversos genes envolvidos no metabolismo e no transporte dos lipídios já</p><p>foram identificados. Cabe ressaltar que diversos fatores ambientais, facilmente</p><p>evitáveis, estão intimamente relacionados ao desenvolvimento da doença arterial</p><p>coronariana. Podemos citar o tabagismo e a obesidade como fatores ambientais</p><p>que aumentam o risco, enquanto exercícios físicos e uma dieta baixa em gorduras</p><p>saturadas diminuem esse risco.</p><p>Obesidade</p><p>A obesidade é consequência do acúmulo excessivo de tecido adiposo no corpo</p><p>como resultado de uma alimentação muito calórica, quando relacionada ao gasto</p><p>energético que é representado não apenas pela prática regular de atividade física,</p><p>mas também pelo metabolismo basal.</p><p>Com relação ao acúmulo de tecido adiposo, pode-se dizer que é consequência</p><p>tanto dos hábitos alimentares como também de outros fatores, como o estilo de</p><p>vida, alterações metabólicas, neuroendócrinas e dos componentes hereditários.</p><p>Os genes controlam a manutenção do peso e da gordura corporal estáveis ao longo</p><p>do tempo, pois participam do controle da produção de substâncias, como a leptina,</p><p>por exemplo, que é uma proteína secretada pelos adipócitos; ela age no sistema</p><p>U4</p><p>152 Genética dos distúrbios do comportamento</p><p>Exemplificando</p><p>Há casos de obesos que apresentam diabetes e hipertensão que</p><p>simplesmente deixam de existir após o tratamento de emagrecimento.</p><p>Isso demonstra a influência dos fatores ambientais no aparecimento</p><p>dessas doenças.</p><p>Conheça um pouco mais sobre a relação da leptina e a obesidade no</p><p>site a seguir:</p><p>UFMT. Leptina. Disponível em: . Acesso em: 21 fev. 2016.</p><p>Pesquise mais</p><p>nervoso central promovendo a diminuição da ingestão de alimentos e o aumento</p><p>do gasto de energia; também atua na função neuroendócrina em impulsionar o</p><p>metabolismo da glicose e de gorduras. Os genes também estão envolvidos na síntese</p><p>de neurotransmissores, de hormônios, como a insulina, por exemplo.</p><p>Estudos sugerem que o balanço final entre a energia ingerida e gasta, depende</p><p>em torno de 40% da herança genética, afetando tanto na ingestão quanto no</p><p>gasto e 60% depende dos fatores ambientais. Esses estudos indicam que há</p><p>uma base genética, que é transmissível através das gerações, que promove a</p><p>manutenção do peso corporal estável por meio de mecanismos como o controle</p><p>da síntese de substâncias envolvidas com a regulação do apetite, nas variações</p><p>do metabolismo basal e no controle da utilização de nutrientes energéticos para</p><p>suprir as necessidades do organismo.</p><p>A presença de vários indivíduos obesos na mesma família confirma que a herança</p><p>genética exerce forte influência sobre a obesidade. Estima-se que pais obesos têm</p><p>entre 50% a 80% de chance de seus filhos também serem obesos. Além do que,</p><p>como já foi anteriormente discutido, os fatores genéticos podem também influenciar</p><p>os efeitos da atividade física sobre o peso e a constituição corporal.</p><p>Quando nos referimos aos fatores ambientais, chamamos a atenção para o fato</p><p>de a obesidade estar, dentre outros fatores, relacionada às mudanças no estilo de</p><p>vida das pessoas com o aumento do consumo de alimentos ricos em gorduras e</p><p>diminuição da prática de atividade física regular. Essas mudanças associadas a uma</p><p>predisposição genética para a obesidade resultam em um fenótipo obeso.</p><p>U4</p><p>153Genética dos distúrbios do comportamento</p><p>Hipertensão arterial</p><p>Hipertensão é um termo utilizado para caracterizar a pressão arterial elevada</p><p>crônica de caráter patológico; trata-se de um problema de saúde pública mundial.</p><p>Alterações na pressão arterial estão intimamente relacionadas às doenças</p><p>cardiovasculares, renais e mortalidade.</p><p>Estudos demonstram que a hipertensão arterial está dentre as patologias de</p><p>herança multifatorial, pois é consequência da influência de diferentes genes e de</p><p>fatores ambientais. Estima-se que em torno de 15 a 60% das alterações de pressão</p><p>arterial podem ser atribuídas a fatores genéticos e que o caráter hereditário da</p><p>hipertensão aparece em 74% dos pacientes.</p><p>Temos diversos genes que exercem influência na hipertensão arterial, dentre</p><p>eles, os que codificam produtos envolvidos direta ou indiretamente na homeostase</p><p>do volume sanguíneo, no equilíbrio das taxas de Na+ (sódio), além de genes</p><p>responsáveis pela codificação da síntese de proteínas que intermediam processos</p><p>intercelulares que estimulam a atividade dos vasos sanguíneos.</p><p>Na grande maioria dos casos (em torno de 90 a 95%) não há cura para</p><p>a hipertensão, e o controle é realizado através do uso de medicamentos e de</p><p>mudanças no estilo de vida.</p><p>Dentre os fatores ambientais que estão relacionados ao aumento da pressão</p><p>arterial, temos a ingestão de quantidades elevadas de sal, obesidade, sedentarismo</p><p>e estresse.</p><p>Diabetes</p><p>Trata-se de uma patologia causada pela carência total ou parcial de insulina no</p><p>organismo. A insulina é um hormônio produzido pelo pâncreas que está envolvida</p><p>no transporte da glicose para quase todas as células do organismo. A elevação da</p><p>taxa de glicose no organismo eleva a secreção da insulina que irá transportá-la para</p><p>o interior das células, onde a glicose será utilizada no processo de respiração celular.</p><p>A produção insuficiente ou a não produção de insulina faz com que as</p><p>taxas de glicose no sangue aumentem, pois ela não será levada para o</p><p>interior das células.</p><p>Lembre-se</p><p>U4</p><p>154 Genética dos distúrbios do comportamento</p><p>Temos dois tipos de diabetes: o Diabetes Mellitus tipo 1 e o Diabetes Mellitus</p><p>tipo 2. O primeiro caso trata-se de uma doença autoimune na qual, geralmente,</p><p>os primeiros sintomas surgem na infância ou na adolescência. No diabetes tipo 1,</p><p>o pâncreas não produz insulina ou a produz em pequena quantidade e por isso</p><p>são necessárias doses diárias de insulina. No diabetes tipo 2 a insulina é produzida</p><p>normalmente, no entanto, há alterações na secreção e na ação da insulina,</p><p>ocasionando acúmulo de glicose no sangue, o que caracteriza o diabetes.</p><p>No diabetes tipo 2 temos a influência de fatores genéticos e ambientais. Dentre</p><p>os fatores ambientais, podemos citar o sedentarismo, alimentação inadequada com</p><p>consumo excessivo de carboidratos e excesso de peso.</p><p>Estudos demonstram que há diversos genes presentes em vários tecidos, que</p><p>atuam influenciando na homeostase dos carboidratos, na sensibilidade à insulina e no</p><p>padrão de secreção da insulina. Cada um desses genes, isoladamente, apresentam</p><p>um risco muito limitado para o desenvolvimento da doença, mas a ação dos</p><p>vários genes, simultaneamente em um mesmo indivíduo e a presença dos fatores</p><p>ambientais, podem ocasionar a patologia. Diante dos resultados desses estudos, é</p><p>possível concluir que grande parcela da população pode ser susceptível ao diabetes</p><p>caso ocorram alterações dos hábitos de vida. Isso pode explicar o aumento brusco</p><p>dos casos de obesidade e diabetes em populações que alteraram drasticamente seu</p><p>estilo de vida nas últimas décadas.</p><p>Você se lembra do caso que o Lucas estava analisando? Então vamos recordar...</p><p>Lucas atendeu o Sr. Arthur, que há 32 anos sofre de obesidade desde a infância.</p><p>O Sr. Arthur já se submeteu a diversas dietas para perda de peso, mas não obteve o</p><p>Por que os pacientes portadores de Diabetes Mellitus tipo 1 devem tomar</p><p>doses diárias de insulina enquanto os pacientes diagnosticados com</p><p>Diabetes Mellitus tipo 2 não necessariamente fazem uso de insulina?</p><p>Reflita</p><p>Faça você mesmo</p><p>Você se lembra um levantamento junto aos alunos de sua turma sobre</p><p>a existência de alunos e familiares obesos, portadores de diabetes tipo</p><p>2 e hipertensão arterial e analise a existência da relação entre essas</p><p>patologias.</p><p>Sem medo de errar</p><p>U4</p><p>155Genética dos distúrbios do comportamento</p><p>sucesso esperado e agora busca uma explicação para sua obesidade crônica. Como</p><p>podemos explicar ao Sr. Arthur sua condição?</p><p>Para que Lucas possa auxiliar o Sr. Arthur, é necessário conhecer um pouco</p><p>mais sobre seu histórico familiar e seus hábitos. É preciso investigar se na família há</p><p>mais pessoas obesas e, como é relatado que a obesidade vem desde sua infância,</p><p>é necessário também investigar como são os hábitos alimentares e de vida do</p><p>paciente. É preciso explicar ao Sr. Arthur que existe sim a influência de genes na</p><p>obesidade, mas que ao adotar hábitos de vida saudáveis, com a ingestão calórica</p><p>balanceada com o gasto energético, é possível reverter este quadro. É preciso</p><p>buscar a reeducação alimentar e a prática regular de atividades físicas. As mudanças</p><p>de hábitos devem ser permanentes e não apenas passageiras. O que provavelmente</p><p>acontece com o Sr. Arthur é que ao atingir o peso desejado, ele volta aos antigos</p><p>hábitos, ganhando peso novamente.</p><p>A obesidade está relacionada a presença de genes que influenciam no</p><p>metabolismo e de hábitos de vida.</p><p>Lembre-se</p><p>Atenção!</p><p>A obesidade é uma doença. Não basta perder peso e voltar aos hábitos</p><p>antigos. É necessário adotar um novo estilo de vida para manter o peso</p><p>dentro dos padrões de normalidade.</p><p>Avançando na prática</p><p>Pratique mais!</p><p>Instrução</p><p>Desafiamos você a praticar o que aprendeu, transferindo seus conhecimentos para novas situações</p><p>que possa encontrar no ambiente de trabalho. Realize as atividades e depois compare-as com as de</p><p>seus colegas.</p><p>Obesidade na família Barros</p><p>1. Competência de fundamento de</p><p>área</p><p>Conhecer a estrutura, o desenvolvimento e o funcionamento</p><p>biofisioneurológico do organismo humano, identificando as</p><p>inter-relações com os processos psicológicos.</p><p>2. Objetivos de aprendizagem</p><p>- Conhecer as características de herança multifatorial.</p><p>- Conhecer caracteres com limiar multifatorial.</p><p>- Conhecer os distúrbios complexos da idade adulta.</p><p>3. Conteúdos relacionados Herança multifatorial I.</p><p>(continua)</p><p>U4</p><p>156 Genética dos distúrbios do comportamento</p><p>Faça valer a pena!</p><p>1. Algumas doenças possuem componentes genéticos, mas elas não</p><p>são causadas pela alteração de um único gene ou apenas por anomalias</p><p>nos cromossomos; elas resultam de uma interação complexa entre os</p><p>fatores genéticos e os ambientais. Essas doenças têm herança:</p><p>a) Autossômica dominante.</p><p>b) Autossômica recessiva.</p><p>c) Ligada ao X dominante.</p><p>d) Ligada ao X recessiva.</p><p>e) Multifatorial.</p><p>4. Descrição da SP</p><p>Na família Barros, constituída pelo casal e 3 filhos, todos,</p><p>exceto a filha do meio, são obesos. A mãe não gosta de</p><p>cozinhar e todos se alimentam constantemente de alimentos</p><p>industrializados e congelados. Além disso, consomem muita</p><p>bolacha recheada, salgadinhos e embutidos. O casal acha</p><p>normal a obesidade na família, pois a atribuem a fatores</p><p>genéticos.</p><p>O casal tem razão quanto à justificativa para a obesidade na</p><p>família?</p><p>5. Resolução da SP</p><p>A obesidade está relacionada a fatores genéticos e ambientais.</p><p>No caso da família Barros, os fatores ambientais estão bastante</p><p>evidentes. O consumo excessivo de alimentos industrializados</p><p>e ricos em gorduras contribui para a obesidade da família.</p><p>Mesmo havendo uma predisposição genética, os fatores</p><p>ambientais exercem forte influência na obesidade.</p><p>A obesidade faz parte do grupo de doenças de herança multifatorial,</p><p>sofrendo a influência de fatores genéticos e ambientais.</p><p>Lembre-se</p><p>Faça você mesmo</p><p>Pesquise sobre hábitos alimentares saudáveis e elabore um cardápio</p><p>com alimentação adequada para um adulto que trabalha o dia inteiro e</p><p>estuda à noite. O seu cardápio deve conter sugestões viáveis para um</p><p>estudante com o seu perfil socioeconômico.</p><p>U4</p><p>157Genética dos distúrbios do comportamento</p><p>2. As características multifatoriais não apresentam uma distribuição</p><p>contínua na população, existindo um limiar que separa os indivíduos</p><p>em 2 grupos: os normais e os ___________, sendo que entre os</p><p>anormais, as anomalias variam de _________a _________.</p><p>Assinale a alternativa que completa corretamente a frase:</p><p>a) Anormais; moderada; grave.</p><p>b) Anormais; leves; moderadas.</p><p>c) Sindrômicos; moderada; grave.</p><p>d) Afetados; leve; grave.</p><p>e) Afetados; leve; severa.</p><p>3. As anomalias de herança multifatorial são aquelas em que há diversos</p><p>genes envolvidos além dos fatores ambientais. Considere as patologias</p><p>abaixo:</p><p>I. Síndrome de Down.</p><p>II. Obesidade.</p><p>III. Síndrome de Klinefelter.</p><p>IV. Diabetes Mellitus.</p><p>V. Síndrome de Patau.</p><p>Assinale a alternativa que contenha apenas patologias de herança</p><p>multifatorial:</p><p>a) I, II e III.</p><p>b) I, III e IV.</p><p>c) III, IV e V.</p><p>d) I, III e V.</p><p>e) II e IV.</p><p>U4</p><p>158 Genética dos distúrbios do comportamento</p><p>U4</p><p>159Genética dos distúrbios do comportamento</p><p>Seção 4.2</p><p>Herança multifatorial II</p><p>Caro aluno, nesta segunda seção da Unidade 4 iremos estudar a segunda parte</p><p>de herança multifatorial, em que são abordados os distúrbios mentais de herança</p><p>multifatorial e as doenças mentais de herança multifatorial.</p><p>Nesta seção iremos discutir um caso que está sendo estudado pela Rosana.</p><p>Vamos recordá-lo?</p><p>Rosana pesquisa os transtornos mentais e a dependência de substâncias</p><p>psicoativas; ela atendeu a Sra. Fátima que veio acompanhada de seu marido, o Sr.</p><p>João. A Sra. Fátima relata que, apesar de toda a estrutura familiar e cuidados, seu</p><p>filho mais velho é dependente químico. A Sra. Fátima já tentou vários tratamentos</p><p>para livrar seu filho da dependência, mas não obteve sucesso. O casal busca uma</p><p>explicação para a dependência química de seu filho. Como podemos esclarecer</p><p>as dúvidas dessa família?</p><p>Ao longo desta seção, vamos apresentar os elementos necessários à resolução</p><p>dessa situação-problema. Esteja atento às informações e conto com você para</p><p>auxiliar esse casal!</p><p>Pronto para começar? Então vamos lá!</p><p>Diálogo aberto</p><p>Caro aluno, na seção anterior estudamos</p><p>a primeira parte de herança</p><p>multifatorial, em que você aprendeu o conceito de herança multifatorial e algumas</p><p>doenças da idade adulta, como o diabetes, a obesidade, as doenças do coração</p><p>e a hipertensão arterial. Agora vamos caminhar mais um pouco no estudo da</p><p>herança multifatorial abordando os distúrbios e as doenças mentais, ambos de</p><p>herança multifatorial.</p><p>Não pode faltar</p><p>U4</p><p>160 Genética dos distúrbios do comportamento</p><p>Ao buscarmos no dicionário Michaelis a definição da palavra "doença",</p><p>encontramos “falta de saúde, enfermidade, indisposição, moléstia, processo</p><p>mórbido definido, com sintomas característicos, que pode afetar o corpo todo</p><p>ou uma ou várias de suas partes”. Já para "distúrbio", o dicionário define como</p><p>sendo “perturbação, agitação, desordem, desinteligência, anomalia funcional de</p><p>um órgão ou de um sistema”.</p><p>Em nosso texto, quando falamos de distúrbios mentais, estamos nos</p><p>referindo a situações nas quais existe limitação no desenvolvimento das funções</p><p>imprescindíveis para a compreensão e interação com o meio, ou seja, estamos</p><p>tratando de deficiência mental; neste caso, as funções intelectuais apresentam-</p><p>se significativamente inferiores à média da população e está acompanhada</p><p>de limitações, como, por exemplo, com autocuidados, autossuficiência,</p><p>relacionamentos sociais, comunicação e habilidades acadêmicas. Quando nos</p><p>referimos à doença mental, estamos tratando de situações nas quais as funções</p><p>indispensáveis à compreensão e interação com o meio estão presentes, no entanto,</p><p>essas funções estão comprometidas por fenômenos psíquicos, estando, muitas</p><p>vezes, aumentadas ou anormais; há um comprometimento do desempenho</p><p>global do indivíduo afetando os âmbitos social, familiar, ocupacional e pessoal.</p><p>Distúrbios Mentais e Herança Multifatorial</p><p>Como já citamos anteriormente, neste tópico iremos tratar das deficiências</p><p>intelectuais (também denominadas "deficiências mentais") de herança multifatorial.</p><p>Vale ressaltar o motivo que nos levou a optar pelo uso do termo “deficiência</p><p>intelectual” em lugar de “deficiência mental” pois, segundo Sassaki (2005),</p><p>desde 1995 passou-se a utilizar o termo "deficiência intelectual" por se acreditar</p><p>ser mais apropriado, pois o deficiente não apresenta uma deficiência geral do</p><p>funcionamento da mente como um todo, o que há, na verdade, é uma deficiência</p><p>apenas no funcionamento do intelecto.</p><p>Não existe causa única para os casos de deficiência intelectual; ela possui</p><p>causas diferentes, sendo a manifestação final de diversos processos patológicos</p><p>que afetam o funcionamento do sistema nervoso central. Ela pode ter causas</p><p>genéticas e ambientais.</p><p>Dentre as causas ambientais, podemos citar as alterações no desenvolvimento</p><p>Assimile</p><p>A doença mental afeta o desempenho da pessoa na sociedade,</p><p>pois, dentre as alterações, temos as de humor, do bom senso e de</p><p>concentração.</p><p>U4</p><p>161Genética dos distúrbios do comportamento</p><p>causadas por toxinas, como nos casos de consumo de álcool e drogas pela</p><p>gestante, e infecções como, por exemplo, rubéola, sífilis, toxoplasmose, zika vírus,</p><p>desnutrição materna e fetal, nascimento de bebês prematuros, hipóxia e trauma</p><p>encefálico. Após o nascimento, a deficiência intelectual também pode ser causada</p><p>por envenenamento, traumas e infecções.</p><p>Dentre os fatores genéticos, temos as mutações estruturais (estudadas na</p><p>seção 1.3) que resultam em erros inatos do metabolismo (estudados na seção 2.3);</p><p>podem ainda resultar de alterações que ocorrem no início do desenvolvimento</p><p>embrionário (30% dos casos), de alterações cromossômicas numéricas (ex.:</p><p>Síndrome de Down) ou estruturais (ex.: Síndrome do X-frágil), ambas estudadas na</p><p>seção 1.3.</p><p>Os casos de deficiência intelectual de causas genéticas podem ocorrer como</p><p>consequência de síndromes ou de alterações cromossômicas ou ainda podem</p><p>ser o resultado da interação entre fatores genéticos e ambientais, caracterizando a</p><p>presença de herança multifatorial.</p><p>Doenças Mentais e Herança Multifatorial</p><p>As doenças mentais, também chamadas de "transtornos mentais", caracterizam-</p><p>se pelo estado de sofrimento e/ou anormalidade de ordem psicológica, mental ou</p><p>cognitiva, e geralmente apresentam um impacto significativo na vida da pessoa,</p><p>ocasionando desconforto emocional, distúrbios de conduta e enfraquecimento</p><p>da memória.</p><p>Diversos são os fatores que podem desencadear um transtorno mental, dentre</p><p>eles, os aspectos genéticos, alterações químicas no cérebro, como alterações</p><p>hormonais, e o uso de substâncias tóxicas que atingem o cérebro. Temos vários</p><p>exemplos de transtornos mentais, dentre eles podemos citar a dependência</p><p>química e psicológica (alcoolismo, uso de alucinógenos, maconha, cocaína e</p><p>tranquilizantes), os transtornos alimentares (anorexia e bulimia), os transtornos de</p><p>ansiedade (transtorno da ansiedade generalizada, síndrome do pânico e transtorno</p><p>obsessivo-compulsivo), transtornos emocionais (transtorno bipolar e depressão) e</p><p>transtornos delirantes (esquizofrenia).</p><p>Em geral, o estudo do componente genético nas doenças mentais é muito</p><p>difícil, pois há grande dificuldade em se estabelecer o fenótipo característico, ou</p><p>seja, há dificuldade de determinar os limites básicos para as categorias diagnósticas.</p><p>Assimile</p><p>As doenças mentais se dividem em dois grupos: as neuroses, nas quais</p><p>estão presentes a ansiedade e o medo exagerado, e as psicoses, nas</p><p>U4</p><p>162 Genética dos distúrbios do comportamento</p><p>Transtorno Bipolar</p><p>É caracterizado por alterações ao longo da vida de estados de depressão e</p><p>euforia de intensidades variadas, indo de leves a moderados e graves. Dentre as</p><p>causas do transtorno bipolar estão os fatores genéticos e os ambientais. Estudos</p><p>indicam que o risco de um parente em primeiro grau de um portador do transtorno</p><p>bipolar desenvolver o mesmo quadro está entre 2% e 15%; entre gêmeos idênticos</p><p>(univitelinos), quando um gêmeo apresenta o transtorno, a probabilidade de o</p><p>outro também desenvolver é de 60% a 80%. A grande contribuição genética foi</p><p>confirmada estudando-se gêmeos idênticos criados por famílias diferentes. Os</p><p>fatores ambientais também exercem influência sobre a manifestação da doença.</p><p>Para que se manifeste, é necessário que haja a presença de um conjunto de genes</p><p>de suscetibilidade que interagem entre si e que sofrem e recebem a influência dos</p><p>fatores ambientais. Com isso, ocorrem alterações fisiológicas que se expressam</p><p>na doença.</p><p>A doença acomete entre 1,8 a 15 milhões de pessoas no Brasil e traz prejuízos</p><p>no trabalho, nos relacionamentos interpessoais e para as atividades intelectuais.</p><p>O diagnóstico é difícil, pois muitas vezes confunde-se com depressão ou com</p><p>alterações de humor que são atribuídas à personalidade do indivíduo.</p><p>Dependência Química</p><p>Quando nos referimos à dependência química, estamos remetendo à</p><p>dependência de qualquer substância cujo uso é nocivo, seja ela lícita ou ilícita.</p><p>Não temos o objetivo de abordar individualmente cada uma das substâncias que</p><p>causam dependência e, portanto, faremos uma abordagem geral.</p><p>Estudos realizados demonstram a importância dos fatores genéticos na</p><p>dependência química, no entanto, não há um único gene responsável por tal</p><p>condição; também não foram encontrados genes exclusivos para a dependência</p><p>química. Esse é mais um caso de doença que é consequência da atuação</p><p>conjunta de vários genes que produzem uma situação de vulnerabilidade, que,</p><p>em conjunto com a ação do ambiente, resultam no fenótipo da doença, ou</p><p>seja, trata-se de herança multifatorial. A conclusão desses estudos indica que</p><p>a dependência química é o resultado da interação complexa entre os fatores</p><p>genéticos, psicossociais e culturais. Sabemos, hoje, que as condições biológicas</p><p>como a transmissão genética, a interferência da personalidade e de diferentes</p><p>reações individuais aos efeitos das drogas, além das alterações nos sistemas de</p><p>neurotransmissão e do metabolismo bioquímico das drogas, sob ação do meio</p><p>ambiente são responsáveis pela expressão do fenótipo.</p><p>Variações nos</p><p>genes envolvidos nos mecanismos neurofisiológicos do cérebro</p><p>quais há delírios, perseguições e confusão mental.</p><p>U4</p><p>163Genética dos distúrbios do comportamento</p><p>provocam variações cerebrais, originando padrões neuropsicológicos e afetivos</p><p>vulneráveis ao aparecimento da doença. Alterações nos genes envolvidos no</p><p>delicado sistema de neurotransmissão, que atuando em conjunto, podem ampliar</p><p>a suscetibilidade da pessoa à dependência química.</p><p>Ansiedade, Depressão e Síndrome do Pânico</p><p>Assim como as doenças anteriormente discutidas, os transtornos de ansiedade,</p><p>depressão e pânico surgem em decorrência de uma predisposição genética e</p><p>influência de fatores ambientais.</p><p>Como explicar a reação de algumas pessoas a determinadas situações? Há</p><p>pessoas que ficam extremamente ansiosas diante de uma determinada situação,</p><p>ao passo que outras permanecem calmas e lidam com naturalidade. A resposta</p><p>a essa pergunta pode estar nos particulares do cérebro de cada pessoa e na</p><p>maneira como os genes coordenam seu funcionamento. Pesquisas indicam que</p><p>há uma relação muito estreita entre o grau de ansiedade e a presença de certos</p><p>receptores de serotonina nas células do cérebro; as pessoas que apresentam grau</p><p>mais elevado de ansiedade apresentam menor quantidade desses receptores nas</p><p>células cerebrais.</p><p>Com relação à depressão, popularmente se acredita que é o resultado</p><p>de experiências de vida traumática pelas quais a pessoa passa. No entanto, há</p><p>evidências de um componente genético na depressão. Pessoas que têm um parente</p><p>próximo que sofre de depressão têm algo em torno de 40 a 50% de probabilidade</p><p>de desenvolver a depressão. Para prevenir a depressão, essas pessoas devem evitar</p><p>os fatores ambientais que podem influenciar no aparecimento da doença, buscar</p><p>estar ao lado de pessoas positivas e alegres, controlar os níveis de estresse, cuidar</p><p>da saúde mental e do lazer. Sabe-se que, para a depressão se desenvolver, não</p><p>basta a predisposição genética, é necessária a presença de um evento externo</p><p>que desencadeie a doença. Acredita-se que os genes relacionados à depressão</p><p>estejam associados à serotonina.</p><p>O transtorno do pânico é caracterizado pelo aparecimento repentino de</p><p>ataques de ansiedade e medo exacerbado; afeta cerca de 4,8% da população, com</p><p>predomínio em mulheres jovens. É importante ressaltar que os ataques de pânico</p><p>não ocorrem como consequência de alterações fisiológicas diretas e também não</p><p>Estudos revelam que a densidade de receptores específicos para</p><p>serotonina nas células do cérebro diminui em torno de 10% a cada 10</p><p>anos de vida.</p><p>Reflita</p><p>U4</p><p>164 Genética dos distúrbios do comportamento</p><p>Sem medo de errar</p><p>Você se lembra do caso que a Rosana estava analisando? Então vamos recordar!</p><p>Rosana pesquisa os transtornos mentais e a dependência de substâncias</p><p>psicoativas; ela atendeu a Sra. Fátima que veio acompanhada de seu marido, o</p><p>Quer conhecer um pouco mais sobre os aspectos genéticos do</p><p>transtorno do pânico? Então leia a tese a seguir:</p><p>BAYA. Carolina. Aspectos genéticos no transtorno do pânico. Universidade</p><p>Federal do Rio Grande do Sul, Porto Alegre, março 2008. Disponível em:</p><p>.Acesso em: 28 fev. 2016.</p><p>Pesquise mais</p><p>Exemplificando</p><p>A ansiedade faz parte da vida das pessoas; ficamos ansiosos ao iniciar</p><p>um novo trabalho ou por encontrar alguém por quem está apaixonado.</p><p>O problema surge quando a ansiedade começa a trazer prejuízos à</p><p>vida, dificultando ou até mesmo impedindo as atividades diárias, como</p><p>ir à escola, ao trabalho ou desempenhar tarefas rotineiras.</p><p>Faça você mesmo</p><p>Converse com seus colegas e familiares e liste situações relatadas por</p><p>eles que possam ser identificadas pela presença de ansiedade. Dentre os</p><p>relatos, busque identificar situações que possivelmente são patológicas.</p><p>Por questões éticas, você deve preservar a identidade dos entrevistados.</p><p>são sintomas de outros transtornos mentais. Os ataques podem ser espontâneos e,</p><p>com o desenvolvimento da doença, podem ser situacionais.</p><p>Estudos revelam que os parentes em 1º grau de um paciente de transtorno do</p><p>pânico têm maior probabilidade de desenvolver a doença. Segundo as pesquisas,</p><p>tanto os fatores genéticos como os ambientais colaboram para o desenvolvimento</p><p>de fobias, dos transtornos de ansiedade, depressão e pânico. Assim como discutido</p><p>anteriormente, acredita-se que a ação de diversos genes contribua com um</p><p>pequeno efeito na predisposição à doença, mas que a ação dos fatores ambientais</p><p>é imprescindível para o desenvolvimento do transtorno.</p><p>U4</p><p>165Genética dos distúrbios do comportamento</p><p>Sr.João. A Sra. Fátima relata que, apesar de toda a estrutura familiar e cuidados, seu</p><p>filho mais velho é dependente químico. A Sra. Fátima já tentou vários tratamentos</p><p>para livrar seu filho da dependência, mas não obteve sucesso. O casal busca uma</p><p>explicação para a dependência química de seu filho. Como podemos esclarecer as</p><p>dúvidas dessa família?</p><p>É necessário explicar a essa família o que é a dependência química e quais os</p><p>fatores envolvidos, além de encaminhar o doente a um tratamento adequado.</p><p>Sabemos que há fatores genéticos na dependência química, no entanto não há</p><p>um único gene responsável por tal condição, também não se conhecem genes</p><p>exclusivos para a dependência química. A dependência química é uma doença</p><p>que é consequência da atuação conjunta de vários genes que produzem uma</p><p>situação de vulnerabilidade, que, em conjunto com a ação do ambiente, resultam</p><p>no fenótipo da doença, ou seja, trata-se de herança multifatorial; é o resultado</p><p>da interação complexa entre os fatores genéticos, psicossociais e culturais. As</p><p>condições biológicas como a transmissão genética, a interferência da personalidade</p><p>e de diferentes reações individuais aos efeitos das drogas, além das alterações</p><p>nos sistemas de neurotransmissão e do metabolismo bioquímico das drogas, sob</p><p>ação do meio ambiente, são responsáveis pela expressão do fenótipo. Variações</p><p>nos genes envolvidos nos mecanismos neurofisiológicos do cérebro provocam</p><p>variações cerebrais, originando padrões neuropsicológicos e afetivos vulneráveis</p><p>ao aparecimento da doença. E, por fim, alterações nos genes envolvidos no</p><p>delicado sistema de neurotransmissão, que atuando em conjunto, podem ampliar a</p><p>suscetibilidade da pessoa à dependência química.</p><p>Atenção!</p><p>Não existe um único gene responsável pela dependência química. Ela</p><p>é o resultado da interação de diversos genes e das ações do ambiente.</p><p>A dependência química é o resultado de uma complexa interação entre</p><p>os fatores genéticos, psicossociais e culturais.</p><p>Lembre-se</p><p>Pratique mais!</p><p>Instrução</p><p>Desafiamos você a praticar o que aprendeu, transferindo seus conhecimentos para novas situações</p><p>que possa encontrar no ambiente de trabalho. Realize as atividades e depois compare-as com as de</p><p>seus colegas.</p><p>Avançando na prática</p><p>(continua)</p><p>U4</p><p>166 Genética dos distúrbios do comportamento</p><p>Doenças Mentais</p><p>1. Competência de fundamento de</p><p>área</p><p>Conhecer a estrutura, o desenvolvimento e o funcionamento</p><p>biofisioneurológico do organismo humano, identificando as</p><p>inter-relações com os processos psicológicos.</p><p>2. Objetivos de aprendizagem</p><p>- Conhecer os distúrbios mentais de herança multifatorial.</p><p>- Conhecer as doenças mentais de herança multifatorial.</p><p>- Diferenciar distúrbios mentais de doenças mentais.</p><p>- Aplicar o conhecimento adquirido no estudo em situações</p><p>próximas da realidade profissional.</p><p>3. Conteúdos relacionados Herança multifatorial; doenças mentais.</p><p>4. Descrição da SP</p><p>Janaína é uma jovem de temperamento difícil; há momentos</p><p>em que não quer conversar com ninguém, fica calada,</p><p>chora sem motivo aparente e mostra-se muito entristecida.</p><p>Em outros momentos, Janaína está muito alegre, eufórica,</p><p>conversa muito, mostra-se bastante extrovertida. Sua</p><p>mãe sofre de depressão e a família está preocupada com</p><p>essa instabilidade de humor e busca ajuda psicológica.</p><p>Pela descrição, você acredita que Janaína tenha alguma</p><p>patologia? Qual?</p><p>5. Resolução da SP</p><p>Pelo quadro descrito Janaína pode apresentar transtorno</p><p>bipolar. Essa doença se caracteriza por alterações, ao longo</p><p>da vida, de estados de depressão e euforia de intensidades</p><p>variadas, indo desde leve a moderada e podendo chegar a</p><p>intensidade grave.</p><p>Faça valer a pena!</p><p>1. A justificativa mais adequada para se utilizar a expressão “deficiência</p><p>intelectual” no lugar de “deficiência mental” é:</p><p>a) O termo deficiência intelectual é mais atual do que deficiência mental.</p><p>b) O deficiente não apresenta uma deficiência geral do funcionamento</p><p>da mente como um todo, o que há, na verdade, é uma deficiência apenas</p><p>O transtorno bipolar é uma doença na qual há o envolvimento de</p><p>diversos genes associados aos fatores ambientais.</p><p>Lembre-se</p><p>Faça você mesmo</p><p>Imagine-se em seu local de trabalho, como profissional da saúde. Quais</p><p>as ações que poderia desenvolver no atendimento aos portadores de</p><p>transtorno bipolar?</p><p>U4</p><p>167Genética dos distúrbios do comportamento</p><p>no funcionamento do intelecto.</p><p>c) O deficiente deve ter expresso na denominação sua deficiência</p><p>específica.</p><p>d) O deficiente apresenta uma deficiência geral no funcionamento do</p><p>cérebro como um todo e não apenas no intelecto.</p><p>e) Há frentes de movimentos em favor dos direitos humanos que</p><p>exigiram a substituição da denominação por se tratar de algo menos</p><p>preconceituoso.</p><p>2. Sobre as causas da deficiência intelectual foram feitas as seguintes</p><p>afirmações:</p><p>I. Não existe causa única para os casos de deficiência intelectual.</p><p>II. A deficiência intelectual possui causas diferentes, sendo a manifestação</p><p>final de diversos processos patológicos que afetam o funcionamento do</p><p>sistema nervoso central.</p><p>III. A deficiência intelectual pode ter causas genéticas e ambientais.</p><p>IV. Dentre as causas ambientais da deficiência intelectual, podemos</p><p>citar as alterações no desenvolvimento causadas por toxinas, como nos</p><p>casos de consumo de álcool e drogas pela gestante e infecções.</p><p>Está correto apenas o que se afirma em:</p><p>a) I, II e III.</p><p>b) II, III e IV.</p><p>c) I e III.</p><p>d) II e IV.</p><p>e) I, II, III, IV.</p><p>3. As doenças mentais, também chamadas de transtornos mentais,</p><p>caracterizam-se pelo estado de ______________ e/ou anormalidade de</p><p>ordem psicológica, mental ou cognitiva, geralmente, apresentando um</p><p>impacto significativo na vida da pessoa, ocasionando ________________</p><p>emocional, distúrbios de conduta e enfraquecimento da memória.</p><p>U4</p><p>168 Genética dos distúrbios do comportamento</p><p>Assinale a alternativa que completa corretamente a frase:</p><p>a) Euforia; bem-estar.</p><p>b) Sofrimento; bem-estar.</p><p>c) Euforia; sofrimento.</p><p>d) Sofrimento; desconforto.</p><p>e) Sofrimento; estabilidade.</p><p>U4</p><p>169Genética dos distúrbios do comportamento</p><p>Seção 4.3</p><p>Herança multifatorial III</p><p>Caro aluno, nesta terceira seção da Unidade 4 iremos estudar a terceira parte</p><p>de herança multifatorial, em que são abordadas as malformações congênitas</p><p>multifatoriais.</p><p>Nesta seção iremos discutir um caso que está sendo estudado pelo Thiago.</p><p>Vamos recordá-lo?</p><p>Thiago está estudando as causas do lábio leporino e da fenda palatina e recebeu</p><p>a Sra. Carla e o Sr. Paulo. O casal relata que seu primeiro filho, Renato, nasceu com</p><p>lábio leporino e fenda palatina e buscam uma explicação para o fato, pois não há</p><p>nenhum caso de malformação na família. Além disso, buscam informações sobre</p><p>a expectativa de vida da criança. Como podemos explicar ao casal o nascimento</p><p>de seu filho com a má-formação?</p><p>Ao longo desta seção iremos apresentar os elementos necessários à resolução</p><p>dessa situação-problema. Esteja atento às informações e conto com você para</p><p>auxiliar o casal!</p><p>Pronto para começar? Então vamos lá!</p><p>Diálogo aberto</p><p>Caro aluno, na seção anterior estudamos a segunda parte de herança</p><p>multifatorial, em que você aprendeu sobre as doenças mentais e os distúrbios</p><p>mentais, ambas de herança multifatorial. Agora vamos caminhar mais um pouco</p><p>no estudo da herança multifatorial, abordando as malformações congênitas</p><p>multifatoriais.</p><p>Não pode faltar</p><p>U4</p><p>170 Genética dos distúrbios do comportamento</p><p>As malformações congênitas constituem anomalias estruturais e funcionais do</p><p>recém-nascido, que podem estar manifestadas ou latentes; estão entre as questões</p><p>de saúde mais difíceis de prevenir e curar.</p><p>Elas ocorrem em consequência de inúmeros fatores, dentre eles, herança</p><p>genética, doenças maternas preexistentes ou adquiridas no início da gravidez e</p><p>consumo de medicamentos pela gestante nos primeiros meses de gestação. Ela</p><p>pode resultar da ação isolada de um único fator ou da ação conjunta de diversos</p><p>fatores, nos casos em que as malformações genéticas são consequência da</p><p>combinação de fatores genéticos e ambientais, temos a herança multifatorial.</p><p>Afetam órgãos sensoriais, ossos, articulações, músculos, sistemas nervoso,</p><p>circulatório, respiratório e o metabolismo do recém-nascido.</p><p>O período compreendido entre a concepção e o final da oitava semana de</p><p>gestação é chamado de período embrionário. Nessa fase são desenvolvidas</p><p>as estruturas essenciais à constituição do corpo e inicia-se o processo de</p><p>diferenciação. A partir da oitava semana, o embrião passa a ser chamado de feto.</p><p>No feto a diferenciação dos tecidos e o crescimento são concluídos. Há anomalias</p><p>que se manifestam no feto, principalmente no cérebro, ouvido interno e olhos.</p><p>Entretanto, é no embrião que ocorre a maioria das malformações.</p><p>Há diversas malformações congênitas de herança multifatorial, a seguir vamos</p><p>estudar o lábio leporino com ou sem fenda palatina e os defeitos de fechamento</p><p>do tubo neural, dentre eles a anencefalia e a espinha bífida.</p><p>Lábio Leporino/Fenda Palatina</p><p>O lábio leporino com ou sem fenda palatina ocorre por herança multifatorial,</p><p>ou seja, sofre influência genética e ambiental.</p><p>A manifestação do lábio leporino ocorre por meio de fendas parciais ou</p><p>completas no lábio superior, podendo ser unilateral ou bilateral e comprometer</p><p>ou não a gengiva. A má-formação ocorre no embrião, entre a quinta e a oitava</p><p>semana de gestação pelo não fechamento das estruturas embrionárias que irão</p><p>originar o lábio superior e a boca. O lábio leporino pode estar restrito ao lábio ou</p><p>se estender até o sulco existente entre os dentes incisivo lateral e canino, atingindo</p><p>a gengiva, o maxilar superior e alcançar o nariz. Nos casos em que a fenda se</p><p>prolonga para trás até o canal palatino posterior, temos também a presença da</p><p>fenda palatina também chamada de palato fendido.</p><p>A fenda palatina apresenta-se como uma abertura no palato (“céu da boca”) que</p><p>pode prolongar-se por toda a sua extensão e o assoalho do nariz; nesses casos</p><p>existe uma comunicação direta entre a cavidade bucal e a narina, mas há casos</p><p>nos quais a abertura palatina é pequena.</p><p>U4</p><p>171Genética dos distúrbios do comportamento</p><p>A incidência de lábio leporino não ligado a síndromes, associado ou não à</p><p>fenda palatina está em torno de 1 ocorrência a cada 1.000 crianças nascidas vivas,</p><p>e é mais frequente entre os meninos do que as meninas, atingindo duas vezes</p><p>mais homens do que mulheres. Cerca de 10% dos portadores de lábio leporino</p><p>apresentam outras malformações associadas (pé torto congênito, defeitos</p><p>vertebrais, polidactilia) ou, então, síndromes complexas graves (ex.: Síndrome de</p><p>Patau ou trissomia do cromossomo 13). A figura 4.1 mostra uma criança com lábio</p><p>leporino unilateral.</p><p>O lábio leporino e a fenda palatina não são apenas problemas estéticos.</p><p>A primeira dificuldade é a alimentação dos recém-nascidos, pois a abertura no</p><p>lábio dificulta a sucção e a fenda palatina pode facilitar a aspiração do alimento</p><p>para o sistema respiratório e dificultar a fala. Além disso, pode haver distúrbios</p><p>respiratórios, de audição, da fala, infecções respiratórias e auditivas crônicas e</p><p>alterações na dentição. Há também os problemas emocionais, de autoestima e</p><p>sociabilidade.</p><p>O tratamento é longo, se estendendo até a idade adulta. Geralmente, inicia-</p><p>se com tratamento cirúrgico; primeiro fecha-se o lábio (por</p><p>volta dos 3 meses</p><p>de vida) e depois o palato, que deve ser fechado antes de a criança começar</p><p>a falar, geralmente até os 18 meses de vida. Além da cirurgia, é necessário um</p><p>acompanhamento multidisciplinar com dentistas, fonoaudiólogos, cirurgiões,</p><p>Fonte: http://www.istockphoto.com/photo/she-s-such-an-angel-gm526059357 53171236?st=c07217d. Acesso em:</p><p>05 fev. 2016.</p><p>Figura 4.1 | Criança com Lábio Leporino</p><p>U4</p><p>172 Genética dos distúrbios do comportamento</p><p>Assimile</p><p>O lábio leporino com ou sem fenda palatina é mais um exemplo de</p><p>anomalia de herança multifatorial.</p><p>Defeitos de Fechamento do Tubo Neural</p><p>Os defeitos de fechamento do tubo neural constituem malformações congênitas,</p><p>que ocorrem com frequência devido à falha no fechamento do tubo neural do</p><p>embrião durante a quarta semana de gestação. São consequência da interação de</p><p>vários genes e da influência de fatores ambientais (herança multifatorial).</p><p>A carência de ácido fólico é considerada o fator ambiental mais importante</p><p>no nascimento de crianças com defeitos de fechamento do tubo neural. Foi</p><p>descoberto que o ácido fólico protege o desenvolvimento normal do tubo neural</p><p>e reduz significativamente o risco de repetição do defeito na prole de casais que já</p><p>tiveram um filho afetado. Recomenda-se que a suplementação com ácido fólico</p><p>seja iniciada de 2 a 3 meses antes de uma gravidez planejada e que continue</p><p>durante o primeiro trimestre da gestação. Isso tem reduzido o risco de nascimento</p><p>de crianças com defeitos de fechamento do tubo neural em 50 a 70%.</p><p>Essas malformações apresentam um espectro clínico bastante variável, mas as</p><p>mais comuns são a anencefalia (ausência parcial ou completa do cérebro e de</p><p>parte óssea do crânio neural) e a espinha bífida (defeito no fechamento ósseo</p><p>posterior da coluna vertebral), que pode estar oculta devido ao defeito estar</p><p>recoberto por pele normal (espinha bífida oculta) ou pode estar associada com</p><p>uma protrusão cística; pode conter meninges anormais e líquido cefalorraquidiano</p><p>(meningocele) ou, ainda, pode apresentar elementos da medula espinhal e/ou</p><p>nervos (mielomeningocele), no qual o cérebro e as meninges herniam-se por meio</p><p>de um defeito na calota craniana.</p><p>A incidência da anencefalia é de cerca de 2 ocorrências a cada 1.000 nascidos</p><p>vivos e de espinha bífida é de 3 a cada 1.000 nascimentos. Ambos surgem com</p><p>maior frequência no sexo feminino.</p><p>A anencefalia é o mais grave defeito de fechamento do tubo neural e é</p><p>absolutamente incompatível com a vida, cerca de 50% a 60% são neo ou</p><p>natimortos, os demais vivem cerca de horas ou alguns dias e geralmente vão a</p><p>óbito por parada respiratória. A Figura 4.2 demonstra um caso de anencefalia.</p><p>otorrinolaringologistas, psicólogos, dentre outros.</p><p>U4</p><p>173Genética dos distúrbios do comportamento</p><p>Espinha Bífida</p><p>A espinha bífida oculta pode ter uma evolução assintomática durante toda a</p><p>vida do indivíduo. No entanto, pode ocorrer a espinha bífida, acompanhada ou não</p><p>de meningocele, quando há herniação apenas da meninge, ou mielomeningocele,</p><p>quando ocorre herniação da medula e da meninge.</p><p>As crianças com meningocele ou mielomeningocele podem apresentar</p><p>incapacidades crônicas graves, como hidrocefalia, paralisia dos membros,</p><p>deformação da coluna vertebral e de membros, disfunções sexual, intestinal e</p><p>vesical, dificuldade de aprendizagem e riscos de desajuste psicossocial.</p><p>Essas crianças sobrevivem um pouco mais do que os casos de anencefalia devido</p><p>aos tratamentos médicos e cirúrgicos a que são submetidas. O risco de morte</p><p>depende da gravidade da lesão e do tratamento médico que a criança recebe. A</p><p>Figura 4.3 mostra um exame de ultrassonografia de um caso de espinha bífida.</p><p>Em caso de anencefalia a legislação brasileira permite a interrupção</p><p>precoce da gravidez, pois trata-se de uma anomalia muito grave e</p><p>completamente incompatível com a vida.</p><p>Reflita</p><p>Fonte: https://commons.wikimedia.org/wiki/File:Anencefalia.jpg?uselang=pt-br. Acesso em: 06 mar. 2016.</p><p>Figura 4.2 | Um Caso de Anencefalia</p><p>U4</p><p>174 Genética dos distúrbios do comportamento</p><p>Fonte: https://commons.wikimedia.org/wiki/File:Spina_bifida_lombare_sagittale.jpg?uselang=pt-br. Acesso em: 06</p><p>mar. 2016.</p><p>Figura 4.3 | Ultrassonografia de um feto com espinha bífida</p><p>Assimile</p><p>A carência de ácido fólico é considerada o fator ambiental mais</p><p>importante no nascimento de crianças com defeitos de fechamento</p><p>do tubo neural.</p><p>Para conhecer um pouco mais da polêmica que envolve a anencefalia</p><p>e o direito ao aborto, leia o artigo a seguir:</p><p>DINIZ, D.; VÉLEZ, A. C. G. Aborto na suprema corte: o caso da anencefalia</p><p>no Brasil. Estudos Feministas, v. 16, n. 2, maio/ago. 2008, p. 647-652.</p><p>Disponível em: . Acesso em: 12 mar. 2016.</p><p>Pesquise mais</p><p>Exemplificando</p><p>Ao receber a notícia de que está gestante de uma criança com</p><p>anencefalia, a mãe vive um grande conflito, pois o aborto é um tema</p><p>U4</p><p>175Genética dos distúrbios do comportamento</p><p>polêmico que envolve questões éticas e religiosas. É preciso estar atento,</p><p>pois há um caso de anencefalia em que a criança de nome Marcela de</p><p>Jesus, nascida no município de Patrocínio Paulista, contrariou todas as</p><p>expectativas de médicos do mundo inteiro e sobreviveu por um ano,</p><p>oito meses e vinte dias!</p><p>Faça você mesmo</p><p>Realize uma pesquisa com seus colegas de trabalho e familiares sobre</p><p>o conhecimento que as pessoas têm a respeito do lábio leporino e da</p><p>fenda palatina e da anencefalia e espinha bífida.</p><p>Sem medo de errar</p><p>Você se lembra do caso que o Thiago estava analisando? Então vamos recordar!</p><p>Thiago está estudando as causas do lábio leporino e da fenda palatina e recebeu</p><p>a Sra. Carla e o Sr. Paulo. O casal relata que seu primeiro filho, Renato, nasceu com</p><p>lábio leporino e fenda palatina e buscam uma explicação para o fato, pois não há</p><p>nenhum caso de má-formação na família. Além disso, buscam informações sobre a</p><p>expectativa de vida da criança. Como podemos explicar ao casal o nascimento de</p><p>seu filho com a má-formação?</p><p>O lábio leporino com ou sem fenda palatina ocorre por herança multifatorial, ou</p><p>seja, sofre influência genética e ambiental. A má-formação ocorre no embrião, entre a</p><p>quinta e a oitava semana de gestação pelo não fechamento das estruturas embrionárias</p><p>que irão originar o lábio superior e a boca. A incidência de lábio leporino não ligado a</p><p>síndromes, associado ou não à fenda palatina, está em torno de 1 ocorrência a cada</p><p>1.000 crianças nascidas vivas, e é mais frequente entre os meninos do que as meninas,</p><p>atingindo duas vezes mais homens do que mulheres. O lábio leporino e a fenda</p><p>palatina não são apenas problemas estéticos. A primeira dificuldade é a alimentação</p><p>dos recém-nascidos, pois a abertura no lábio dificulta a sucção e a fenda palatina</p><p>pode facilitar a aspiração do alimento para o sistema respiratório e também dificultar</p><p>a fala. Além disso, pode haver distúrbios respiratórios, de audição, da fala, infecções</p><p>respiratórias e auditivas crônicas e alterações na dentição. O tratamento é longo,</p><p>se estendendo até a idade adulta. Geralmente, inicia-se com tratamento cirúrgico;</p><p>primeiro fecha-se o lábio (por volta dos 3 meses de vida) e depois o palato, que deve</p><p>ser fechado antes de a criança começar a falar, geralmente até os 18 meses de vida.</p><p>Além da cirurgia, é necessário um acompanhamento multidisciplinar com dentistas,</p><p>fonoaudiólogos, cirurgiões, otorrinolaringologistas, psicólogos, dentre outros. O lábio</p><p>leporino e a fenda palatina não encurtam a vida do portador.</p><p>U4</p><p>176 Genética dos distúrbios do comportamento</p><p>Pratique mais!</p><p>Instrução</p><p>Desafiamos você a praticar o que aprendeu, transferindo seus conhecimentos para novas situações</p><p>que possa encontrar no ambiente de trabalho. Realize as atividades e depois compare-as com as de</p><p>seus colegas.</p><p>Avançando na prática</p><p>Anencefalia</p><p>1. Competência de fundamento de</p><p>área</p><p>Conhecer a estrutura, o desenvolvimento e o funcionamento</p><p>biofisioneurológico do organismo humano,</p><p>identificando as</p><p>inter-relações com os processos psicológicos.</p><p>2. Objetivos de aprendizagem</p><p>- Conhecer as malformações congênitas.</p><p>- Aplicar o conhecimento adquirido no estudo em situações</p><p>próximas da realidade profissional.</p><p>3. Conteúdos relacionados Herança multifatorial e malformações congênitas.</p><p>4. Descrição da SP</p><p>Joana, grávida de 7 meses, foi informada pelo seu obstetra</p><p>que o bebê que está esperando tem anencefalia. Ela ficou</p><p>desesperada porque ouviu dizer que seu bebê não irá</p><p>sobreviver. Qual a orientação que Joana deve receber diante</p><p>do caso?</p><p>5. Resolução da SP</p><p>Bebês anencéfalos podem nascer sem vida ou viver poucos</p><p>minutos após o nascimento, no entanto, há raros casos nos</p><p>quais a criança pode viver por meses. Há um caso descrito na</p><p>literatura de que a criança sobreviveu por 1 ano e 8 meses. Nos</p><p>casos de anencefalia, o aborto é permitido e a decisão deve</p><p>ser da mãe.</p><p>Atenção!</p><p>Não existe um único gene responsável pelo lábio leporino, pois é o</p><p>resultado da interação de diversos genes e das ações do ambiente.</p><p>Qualquer pessoa tem a probabilidade de ter uma criança portadora de</p><p>lábio leporino e fenda palatina, independentemente da presença de</p><p>pessoas afetadas na família.</p><p>Lembre-se</p><p>A grande maioria dos bebês diagnosticados com anencefalia vive alguns</p><p>minutos ou poucas horas após o nascimento.</p><p>Lembre-se</p><p>U4</p><p>177Genética dos distúrbios do comportamento</p><p>Faça valer a pena!</p><p>1. O período compreendido entre a concepção e o final da oitava</p><p>semana de gestação é chamado de período:</p><p>a) Gestacional.</p><p>b) Fetal.</p><p>c) Embrionário.</p><p>d) 1º bimestre.</p><p>e) Inicial.</p><p>2. Sobre as malformações congênitas foram feitas as seguintes</p><p>afirmações:</p><p>I. São anomalias estruturais e funcionais do recém-nascido.</p><p>II. Ocorrem em consequência de herança genética, doenças maternas</p><p>preexistentes ou adquiridas no início da gestação e consumo de</p><p>medicamentos nos primeiros meses de gravidez.</p><p>III. Resultam apenas da ação isolada de um dos fatores citados na</p><p>afirmativa II.</p><p>IV. Afetam apenas o sistema nervoso e os órgãos sensoriais do embrião.</p><p>Estão corretas apenas as afirmativas:</p><p>a) I e II.</p><p>b) I e III.</p><p>c) II e IV.</p><p>d) I, II e III.</p><p>Faça você mesmo</p><p>Imagine-se em seu local de trabalho, como profissional da saúde.</p><p>Quais as ações que poderia desenvolver no atendimento às mães de</p><p>bebês que nasceram com anencefalia?</p><p>U4</p><p>178 Genética dos distúrbios do comportamento</p><p>e) I, II, III e IV.</p><p>3. O lábio leporino, com ou sem fenda palatina, ocorre por herança</p><p>________________.</p><p>a) Autossômica dominante.</p><p>b) Autossômica recessiva.</p><p>c) Ligada ao X dominante.</p><p>d) Ligada ao X recessiva.</p><p>e) Multifatorial.</p><p>U4</p><p>179Genética dos distúrbios do comportamento</p><p>Seção 4.4</p><p>Genética do comportamento</p><p>Caro aluno, nesta última seção iremos estudar a genética do comportamento,</p><p>abordando as características comportamentais normais e as patológicas.</p><p>Nesta seção iremos discutir um caso que está sendo estudado pela Marcela.</p><p>Vamos recordá-lo?</p><p>Marcela estuda a homossexualidade. Nesta semana atendeu a um casal, o Sr.</p><p>Flávio e a Sra. Claudia. O casal tem um filho de 14 anos, Otávio, e relata que o menino</p><p>apresenta comportamento homossexual, não sentindo atração pelas meninas e</p><p>sim por meninos. Os pais estão inconformados com a situação e buscam uma</p><p>explicação para o fato, pois Otávio foi criado como menino e, segundo os pais,</p><p>foi ensinado pelo pai a ser homem! Como podemos esclarecer à família sobre a</p><p>situação de Otávio?</p><p>Ao longo desta seção iremos apresentar os elementos necessários à resolução</p><p>dessa situação-problema. Esteja atento às informações e conto com você para</p><p>auxiliar o casal!</p><p>Pronto para começar? Então vamos lá!</p><p>Caro aluno, na seção anterior estudamos as malformações congênitas de</p><p>herança multifatorial. Agora iremos estudar as características comportamentais</p><p>normais e patológicas.</p><p>O comportamento pode ser definido como um conjunto de atitudes e reações</p><p>do indivíduo, determinado por diversos fatores internos e influenciado por situações</p><p>ambientais.</p><p>Diálogo aberto</p><p>Não pode faltar</p><p>U4</p><p>180 Genética dos distúrbios do comportamento</p><p>A genética do comportamento é um ramo da genética que estuda os</p><p>mecanismos genéticos e neurobiológicos envolvidos nos comportamentos tanto</p><p>humanos como animais. Trata-se de uma área que está entre a genética e a</p><p>psicologia.</p><p>Se considerarmos que o comportamento envolve a recepção de estímulos pelos</p><p>órgãos sensoriais – a interpretação desse estímulo pelo sistema neuroendócrino e</p><p>a resposta ao estímulo pelos órgãos efetores (músculos e glândulas) –, podemos</p><p>concluir que um comportamento envolve o produto de vários genes e, como já</p><p>estudamos anteriormente, qualquer mutação sofrida por algum desses genes irá</p><p>influenciar no comportamento.</p><p>Podemos afirmar que, apesar de qualquer um dos muitos genes poder perturbar</p><p>o desenvolvimento do comportamento, existe uma faixa normal de variação</p><p>comportamental que é coordenada por um sistema de muitos genes, cada um</p><p>deles com um pequeno efeito.</p><p>Características Comportamentais Normais</p><p>Temos diversos exemplos que podem ser citados como características</p><p>comportamentais normais que sofrem influência genética, dentre elas podemos</p><p>citar a inteligência, a personalidade e a homossexualidade.</p><p>Inteligência</p><p>Trata-se de um conjunto de habilidades intelectuais medidas por testes (teste</p><p>de QI), que geralmente avaliam as áreas verbal e a de desempenho. No que diz</p><p>respeito à área verbal, são avaliadas funções como fluência verbal, vocabulário,</p><p>raciocínio verbal, habilidade numérica e compreensão; já no desempenho, são</p><p>avaliadas a percepção espacial, a rapidez, a exatidão, a atenção, dentre outros.</p><p>Esses testes são, em geral, influenciados por diversos fatores, como por exemplo,</p><p>a escolarização.</p><p>A inteligência é a característica mais estudada do comportamento. Com relação</p><p>à influência genética, o que se sabe é que existem diversos genes que condicionam</p><p>a inteligência e que estão no padrão de herança multifatorial. Parece haver</p><p>diferença da influência genética entre as habilidades específicas, isto é, algumas</p><p>parecem ser mais influenciadas geneticamente do que outras. Por exemplo, em</p><p>ordem decrescente temos as relações espaciais, para a qual parece haver um</p><p>gene principal localizado no cromossomo X, além de outros genes autossômicos,</p><p>vocabulário, fluência verbal, habilidade numérica e raciocínio verbal.</p><p>Dentre os fatores ambientais que podem influenciar na inteligência temos a</p><p>nutrição (um dos fatores que mais influencia o desenvolvimento neurológico da</p><p>concepção até os 7 anos de idade), a estimulação precoce (o meio cultural e os</p><p>U4</p><p>181Genética dos distúrbios do comportamento</p><p>motivos sociais adquiridos durante a fase de socialização, que vai dos 3 aos 6</p><p>anos, podem favorecer ou acentuar as diferenças de comportamento), a ordem</p><p>de nascimento e o tamanho das famílias (pesquisas indicam que os primogênitos</p><p>costumam ter QI mais alto, pois as famílias com 2 ou 3 filhos oferecem maiores</p><p>possibilidades de desenvolvimento para os mais jovens e o nível de inteligência dos</p><p>irmãos mais velhos influencia no desenvolvimento dos mais jovens), as atitudes dos</p><p>pais (pesquisas demonstram que genitores de baixo nível socioeconômico têm</p><p>menores aspirações ocupacionais e intelectuais para seus filhos e que a hostilidade</p><p>dos pais influencia no QI dos filhos) e as relações interpessoais (crianças com QI</p><p>mais elevado são mais competitivas, independentes, com autoiniciativa e maior</p><p>necessidade de realização).</p><p>Personalidade</p><p>É mais complexo de se estudar do que a inteligência. Supõe-se que tem herança</p><p>multifatorial. Os testes utilizados para avaliar a personalidade de uma pessoa são</p><p>muito influenciados pela cultura, pautando-se na introversão ou na extroversão.</p><p>Os estudos mais recentes concentraram-se em um modelo de personalidade que</p><p>abrange 5 fatores: extroversão ou capacidade de exteriorizar sentimentos, aderência</p><p>ou capacidade de concordar, diligência, ou ter o desejo de realizar, neurotização</p><p>ou negatividade</p><p>e inteligência. A inteligência pode ser considerada um fator</p><p>separadamente da personalidade, mas é um traço que a influencia. Hoje, considera-se</p><p>que a personalidade global de um indivíduo, com base nesses cinco fatores, apresenta</p><p>uma hereditariedade de aproximadamente 50%. No entanto, sabe-se que os fatores</p><p>ambientais exercem forte influência sobre a personalidade humana.</p><p>Homossexualidade</p><p>A homossexualidade é definida como sendo o padrão sexual de atração erótica</p><p>ou atividade sexual preferencial ou exclusivamente entre pessoas do mesmo sexo,</p><p>independentemente da disponibilidade de parceiros heterossexuais.</p><p>Não sabemos ainda a razão pela qual as pessoas têm sentimentos de pertencer</p><p>a um gênero ou ao outro, ou por que são homo, bi ou heterossexuais. Os</p><p>pesquisadores acreditam que a homossexualidade seja o resultado da interação</p><p>entre a ação dos genes e dos fatores ambientais.</p><p>Do ponto de vista genético, a homossexualidade pode ser considerada como</p><p>sendo uma variante de um comportamento mais comum.</p><p>U4</p><p>182 Genética dos distúrbios do comportamento</p><p>Assimile</p><p>Para que você possa compreender melhor, vamos fazer um paralelo</p><p>com a cor dos olhos. Quanto à cor dos olhos, o mais comum são</p><p>os olhos castanhos e os azuis, no entanto, temos uma variante desse</p><p>padrão que são os olhos verdes. Pois bem, com a orientação sexual</p><p>acontece algo semelhante, temos os heterossexuais que são os mais</p><p>comuns e uma variante que seriam os homossexuais.</p><p>A explicação para essa variação é a presença ou a ausência de hormônios</p><p>androgênicos durante o período de diferenciação do cérebro para características</p><p>masculinas ou femininas. A presença de andrógenos organiza o sistema nervoso</p><p>central para a mediação do comportamento sexual e social típicos do sexo</p><p>masculino; a ausência desses hormônios resulta em uma organização diferente</p><p>do sistema nervoso central que vão mediar o comportamento sexual feminino.</p><p>Há também uma hipótese de que pelo menos alguns indivíduos apresentam</p><p>diferenças neuroanatômicas e neurofisiológicas que poderiam contribuir para</p><p>a orientação homossexual: anatomicamente, dois núcleos hipotalâmicos</p><p>apresentam tamanhos diferentes nos homens homo e heterossexuais; um deles</p><p>apresenta nos homens homossexuais, tamanho e número de células semelhantes</p><p>aos das mulheres, enquanto o outro apresenta tamanho maior quando</p><p>comparado com indivíduos heterossexuais, independente da orientação sexual.</p><p>Alguns homossexuais masculinos apresentam respostas hormonais hipotalâmicas</p><p>semelhantes ao padrão feminino.</p><p>Apesar das evidências genéticas, não podemos esquecer que, por se tratar de</p><p>mais um caso de herança multifatorial, temos forte influência de fatores ambientais.</p><p>Características Comportamentais Patológicas</p><p>Dentre as características comportamentais patológicas, temos como</p><p>exemplo o retardo mental ou a deficiência intelectual (estudado na seção 4.1), os</p><p>transtornos do humor, dentre eles, os transtornos depressivos e os transtornos</p><p>bipolares, a depressão, a esquizofrenia, os transtornos relacionados ao álcool,</p><p>os transtornos de ansiedade, como o transtorno de pânico, a fobia específica, o</p><p>transtorno obsessivo-compulsivo, o transtorno de estresse pós-traumático e o</p><p>transtorno de ansiedade generalizada e a Doença de Alzheimer. Diversos desses</p><p>comportamentos patológicos já foram estudados em seções anteriores. Para</p><p>finalizarmos o estudo de Bases Biológicas do Comportamento, iremos estudar os</p><p>transtornos de ansiedade, mais especificamente a fobia específica, o transtorno</p><p>obsessivo-compulsivo e o transtorno de estresse pós-traumático.</p><p>U4</p><p>183Genética dos distúrbios do comportamento</p><p>Transtornos de Ansiedade</p><p>O termo "ansiedade" é aplicado em situações diversas; pode ser uma sensação</p><p>temporária normal, com características adaptativas; pode ser um sintoma de</p><p>transtorno psiquiátrico; ou ainda um grupo de transtornos nos quais a ansiedade é</p><p>o elemento que predomina.</p><p>Como um transtorno emocional transitório é desagradável, a ansiedade pode</p><p>ser adaptativa, no momento em que sinaliza uma ameaça antecipada ou iminente.</p><p>Não devemos confundir ansiedade com medo, pois, no medo, a ameaça é bem</p><p>conhecida e na ansiedade essa ameaça não é bem definida.</p><p>Os pacientes com ansiedade expressam emoções, como: tensão, preocupação</p><p>excessiva, inquietação, pânico, nervosismo, apreensão e preocupação. Podem</p><p>também apresentar sintomas somáticos, como tremores, contrações, ondas de</p><p>frio ou calor, sudorese, palpitações, aperto no peito, dificuldades para engolir,</p><p>náuseas, diarreia, boca seca e diminuição da libido; sintomas cognitivos como</p><p>hipervigilância, dificuldade de concentração, confusão, medo de perder o controle</p><p>ou de ficar louco e pensamentos catastróficos; sintomas comportamentais, como</p><p>expressões de medo, retraimento, irritabilidade, imobilidade, hiperventilação e</p><p>sintomas perceptivos, como despersonalização e desrealização (sensação de</p><p>irrealidade, de distanciamento de si mesmo, como se estivesse distante de seu</p><p>corpo e assistindo a um filme). A pessoa parece estar anestesiada e tem a sensação</p><p>de não ter controle das próprias ações, sente como se estivesse sonhando e com</p><p>sensibilidade excessiva a estímulos.</p><p>Há diversos transtornos de ansiedade, dentre eles o transtorno do pânico</p><p>(estudado na seção 4.2), a fobia específica, o transtorno obsessivo-compulsivo, o</p><p>transtorno de estresse pós-traumático e o transtorno de ansiedade generalizada</p><p>(estudado na seção 4.2).</p><p>Fobia Específica</p><p>A fobia específica se caracteriza por ansiedade provocada pela exposição da</p><p>pessoa a um objeto ou situação específica, como por exemplo, altitude, água,</p><p>baratas, ratos, tempestades entre outros. Esse objeto ou situação desperta um</p><p>medo exagerado na pessoa, causando perturbações; ela o reconhece como algo</p><p>que pode comprometer sua integridade física e até colocar sua vida em risco.</p><p>A fobia difere do medo pelo fato ser um medo excessivo e exacerbado.</p><p>Reflita</p><p>U4</p><p>184 Genética dos distúrbios do comportamento</p><p>Transtorno Obsessivo-Compulsivo</p><p>Caracteriza-se por obsessões ou compulsões da pessoa, trazendo-lhe</p><p>sofrimento, desperdício de tempo e interferindo na sua rotina normal. De maneira</p><p>geral, a pessoa sente a necessidade de repetir inúmeras vezes seus pensamentos</p><p>(obsessões) ou comportamentos (compulsões).</p><p>As obsessões mais frequentes são ideias, impulsos ou imagens repetitivas de</p><p>violência, contaminação e dúvida; com relação às compulsões, as mais comuns</p><p>são rituais de limpeza, verificação e organização.</p><p>Os estudos revelam forte componente hereditário no transtorno obsessivo-</p><p>compulsivo.</p><p>Transtorno de Estresse Pós-Traumático</p><p>É resultado da exposição a uma situação traumática, na qual a pessoa vivenciou,</p><p>testemunhou ou foi colocada em situações que envolvem morte, ferimentos</p><p>graves, ameaça a própria integridade física ou de outros. Esse evento acaba sendo</p><p>revivenciado inúmeras vezes na forma de pensamentos, sonhos e recordações</p><p>angustiantes.</p><p>Esses eventos costumam estar associados à fuga constante de situações que</p><p>geraram o trauma, afastamento das pessoas, perda de interesse por atividades que</p><p>antes eram significativas, excitabilidade aumentada, o que compromete o sono e</p><p>aumenta a irritabilidade. Esses sintomas, em geral, duram no mínimo 4 semanas,</p><p>acarretando problemas de convívio social, ocupacional e na rotina do dia a dia.</p><p>Esse é um transtorno que só existe quando há uma causa definida, por</p><p>exemplo, um estupro, um homicídio, um sequestro. No entanto, apenas o trauma</p><p>não é o suficiente para que o transtorno exista, pois muitas pessoas traumatizadas</p><p>não o desenvolvem. É preciso haver uma predisposição para o transtorno; isso</p><p>é observado em pessoas com histórico familiar de doenças psiquiátricas, mais</p><p>especificamente de transtornos de ansiedade.</p><p>Exemplificando</p><p>Verificar se todas as portas e janelas estão fechadas antes de sairmos</p><p>de casa é um ato normal. No entanto, quando essa verificação é</p><p>repetida diversas vezes a cada vez que vai se retirar de casa, fazendo,</p><p>muitas vezes, acabe se atrasando ou perdendo compromissos porque</p><p>precisou verificar cada porta e janela por diversas vezes, caracteriza um</p><p>transtorno obsessivo-compulsivo.</p><p>U4</p><p>185Genética dos distúrbios do comportamento</p><p>Você se lembra do caso que a Marcela estava estudando? Então vamos recordar!</p><p>Marcela estuda a homossexualidade. Nesta semana atendeu a um casal, o Sr. Flávio e</p><p>a Sra. Claudia. O casal tem um filho de 14 anos, Otávio, e relata que o menino apresenta</p><p>comportamento homossexual, não sentindo atração pelas meninas e sim por meninos.</p><p>Os pais estão inconformados com a situação e buscam uma explicação para o fato, pois</p><p>Otávio foi criado como menino e, segundo os pais, foi ensinado pelo pai a ser homem!</p><p>Como podemos esclarecer à família sobre a situação de Otávio?</p><p>É preciso iniciar esclarecendo aos pais que, apesar de muitas pesquisas, ainda</p><p>não sabemos a razão pela qual as pessoas têm sentimentos de pertencer a um</p><p>gênero ou ao outro, ou por que são homo, bi ou heterossexuais. Os pesquisadores</p><p>acreditam que a homossexualidade seja o resultado da interação entre a ação dos</p><p>genes e dos fatores ambientais. Do ponto de vista genético, a homossexualidade</p><p>pode ser considerada como sendo uma variante de um comportamento mais</p><p>comum. A explicação para essa variação é a presença ou a ausência de hormônios</p><p>androgênicos durante o período de diferenciação do cérebro para características</p><p>masculinas ou femininas. A presença de andrógenos organiza o sistema nervoso</p><p>central para a mediação do comportamento sexual e social típicos do sexo</p><p>Atenção!</p><p>O transtorno de estresse pós-traumático só existe quando há uma</p><p>causa definida, por exemplo, um estupro, um homicídio, um sequestro.</p><p>Para conhecer um pouco mais sobre o diagnóstico do estresse</p><p>póstraumático, leia o artigoo a seguir:</p><p>FIQUEIRA, I.; MENDLOWICZ, M. Diagnóstico do transtorno de estresse pós-</p><p>traumático. Rev. Bras. Psiquiatr., n. 25, 2003. Disponível em: . Acesso em: 21 mar. 2016.</p><p>Pesquise mais</p><p>Faça você mesmo</p><p>Pesquise com seus familiares e colegas de trabalho ou de turma, a</p><p>existência de algum tipo de fobia, transtorno obsessivo-compulsivo e</p><p>estresse pós-traumático, e elabore um plano de trabalho para auxiliar</p><p>essas pessoas a terem uma melhor qualidade de vida.</p><p>Sem medo de errar</p><p>U4</p><p>186 Genética dos distúrbios do comportamento</p><p>Há também uma hipótese de que pelo menos alguns indivíduos apresentam</p><p>diferenças neuroanatômicas e neurofisiológicas que poderiam contribuir para</p><p>a orientação homossexual: anatomicamente, dois núcleos hipotalâmicos</p><p>apresentam tamanhos diferentes nos homens homo e heterossexuais; um deles</p><p>apresenta nos homens homossexuais, tamanho e número de células semelhantes</p><p>aos das mulheres, enquanto o outro apresenta tamanho maior quando</p><p>comparado com indivíduos heterossexuais, independente da orientação sexual.</p><p>Alguns homossexuais masculinos apresentam respostas hormonais hipotalâmicas</p><p>semelhantes ao padrão feminino.</p><p>Atenção!</p><p>É importante ressaltar que a orientação sexual não é resultado de falhas</p><p>na criação do indivíduo e nem uma condição patológica. Trata-se de</p><p>uma variante de um comportamento mais comum.</p><p>Apesar das evidências genéticas, não podemos esquecer que, por se</p><p>tratar de mais um caso de herança multifatorial, temos forte influência</p><p>de fatores ambientais.</p><p>Lembre-se</p><p>Pratique mais!</p><p>Instrução</p><p>Desafiamos você a praticar o que aprendeu, transferindo seus conhecimentos para novas situações</p><p>que possa encontrar no ambiente de trabalho. Realize as atividades e depois compare-as com as de</p><p>seus colegas.</p><p>Avançando na prática</p><p>O trauma de Fátima</p><p>1. Competência de fundamento de</p><p>área</p><p>Conhecer a estrutura, o desenvolvimento e o funcionamento</p><p>biofisioneurológico do organismo humano, identificando as</p><p>inter-relações com os processos psicológicos.</p><p>2. Objetivos de aprendizagem</p><p>- Conhecer características comportamentais normais.</p><p>- Conhecer características comportamentais patológica.;</p><p>- Aplicar o conhecimento adquirido no estudo em situações</p><p>próximas da realidade profissional.</p><p>3. Conteúdos relacionados Genética do Comportamento.</p><p>(continua)</p><p>masculino; a ausência desses hormônios resulta em uma organização diferente</p><p>do sistema nervoso central que vão mediar o comportamento sexual feminino.</p><p>U4</p><p>187Genética dos distúrbios do comportamento</p><p>4. Descrição da SP</p><p>A Sra. Fátima, de 51 anos, após ter presenciado um assalto</p><p>que terminou com o óbito da vítima, recusa-se a sair de</p><p>casa e passa os dias e as noites trancada em seu quarto,</p><p>onde também se alimenta. Apenas sua mãe pode entrar no</p><p>quarto para levar-lhe o alimento, nem mesmo seu marido</p><p>pode entrar. Quando uma outra pessoa da família abre</p><p>a porta de seu quarto, a sra. Fátima se encolhe na cama e</p><p>começa a chorar. Essa situação já dura 3 meses. A família está</p><p>desesperada. O que está acontecendo com a Sra. Fátima?</p><p>5. Resolução da SP</p><p>A sra. Fátima apresenta transtorno de estresse pós-traumático</p><p>que é desencadeado por uma situação trágica presenciada</p><p>pelo indivíduo. Cabe ressaltar que para que a pessoa desenvolva</p><p>esse transtorno é necessário que haja uma predisposição.</p><p>O estresse pós-traumático é desencadeado por uma situação trágica</p><p>que a pessoa presenciou.</p><p>Lembre-se</p><p>Faça você mesmo</p><p>Converse com seus familiares, colegas de trabalho ou de turma e</p><p>procure identificar a presença de fobias específicas. Diferencie medo</p><p>de fobia e proponha um trabalho para minimizar o sofrimento dessas</p><p>pessoas.</p><p>Faça valer a pena!</p><p>1. O comportamento pode ser definido como:</p><p>a) Um conjunto de atitudes e reações do indivíduo, determinado pela</p><p>maneira com que foi criado.</p><p>b) Um conjunto de atitudes e reações do indivíduo, determinado por</p><p>diversos fatores internos e influenciados pelos familiares.</p><p>c) Um conjunto de atitudes e reações do indivíduo, determinado por</p><p>situações ambientais.</p><p>d) Um conjunto de atitudes e reações do indivíduo, determinado por</p><p>diversos fatores internos e influenciados por situações ambientais.</p><p>e) A postura do indivíduo diante de determinados desafios do cotidiano.</p><p>U4</p><p>188 Genética dos distúrbios do comportamento</p><p>2. Se considerarmos que o comportamento envolve a recepção de</p><p>estímulos pelos órgãos sensoriais – a interpretação desses estímulos</p><p>pelo sistema neuroendócrino e a resposta aos estímulos pelos</p><p>órgãos efetores (músculos e glândulas) – podemos concluir que um</p><p>comportamento envolve o produto de ____________________e,</p><p>como já estudamos anteriormente, qualquer mutação sofrida por algum</p><p>desses ___________ irá ___________ no comportamento.</p><p>Assinale a alternativa que completa corretamente a frase:</p><p>a) Um único gene; gene; melhorar.</p><p>b) Um único gene; cromossomos; influenciar.</p><p>c) Vários genes; cromossomos; influenciar.</p><p>d) Vários genes; genes; melhorar.</p><p>e) Vários genes; genes; influenciar.</p><p>3. Analise os padrões comportamentais normais citados abaixo e suas</p><p>definições:</p><p>I. Inteligência – trata-se de um conjunto de habilidades intelectuais</p><p>medidas por testes.</p><p>II. Personalidade – os testes utilizados para avaliá-la são muito</p><p>influenciados pela cultura, pautando-se na introversão ou na extroversão.</p><p>III. Homossexualidade – padrão sexual de atração erótica ou atividade</p><p>sexual preferencial ou exclusivamente entre pessoas de sexos diferentes,</p><p>independente da disponibilidade de parceiros homossexuais.</p><p>Assinale a alternativa que contenha apenas a relação correta entre o</p><p>padrão de comportamento e sua definição:</p><p>a) I.</p><p>b) I e II.</p><p>c) I e III.</p><p>d) II e III.</p><p>e) I, II e III.</p><p>U4</p><p>189Genética dos distúrbios do comportamento</p><p>Referências</p><p>BLAYA, C. Aspectos genéticos no transtorno do pânico. 156 f. Tese (Doutorado</p><p>em Psiquiatria) – Faculdade de Medicina, Universidade Federal do Rio Grande do</p><p>Sul, Porto Alegre, 2008. Disponível em: . Acesso em: 28 fev. 2016.</p><p>BORGES-OSÓRIO, M. R.; ROBINSON, W. M. Genética Humana. 2. ed. Porto Alegre:</p><p>Artmed, 2001.</p><p>DINIZ, D.; VÉLEZ,</p><p>A. C. G. Aborto na suprema corte: o caso da anencefalia no Brasil.</p><p>Revista Estudos Feministas. V. 16, n. 2, p. 647-652, maio-ago. 2008. Disponível em:</p><p>.</p><p>Acesso em: 12 mar. 2016.</p><p>FIGUEIRA, I.; MENDLOWICZ, M. Diagnóstico do transtorno de estresse pós-</p><p>traumático. Revista Brasileira de Psiquiatria. 25 (Supl.I): 12-6, 2003. Disponível</p><p>em: . Acesso em: 21 mar.</p><p>2016.</p><p>JORDE, L. B.; CAREY, J. C.; BAMSHAD, M. J.; WHITE, R. L. Genética Médica. Rio de</p><p>Janeiro: Elsevier, 2004.</p><p>MICHAELIS. Moderno dicionário de português on line. Ed. Editora Melhoramentos</p><p>Ltda, 1998-2009. Disponível em: . Acesso em: 12</p><p>abr. 2016.</p><p>NUSSBAUM, R. L.; MCINNES, R. R.; WILLARD, H. F. Thompson &Thompson:</p><p>Genética Médica. 7. ed. Rio de Janeiro: Elsevier, 2008</p><p>NUTROLOGIA. Leptina. Disponível em: . Acesso em: 21 fev.16.</p><p>OTTO, P. A.; MINGRONI NETTO, R. C.; OTTO, P. G. Genética Médica. São Paulo:</p><p>Roca, 2013.</p><p>SASSAKI, R. K. Atualizações semânticas na inclusão de pessoas: deficiência mental</p><p>ou intelectual? Doença ou transtorno mental? Revista Nacional de Reabilitação,</p><p>São Paulo, ano IX, n. 43, p. 9-10, mar./abr. 2005.</p><p>K</p><p>LS</p><p>B</p><p>A</p><p>SES B</p><p>IO</p><p>LÓ</p><p>G</p><p>IC</p><p>A</p><p>S D</p><p>O</p><p>CO</p><p>M</p><p>PO</p><p>RTA</p><p>M</p><p>EN</p><p>TO</p><p>Bases</p><p>biológicas do</p><p>comportamento</p><p>KLS</p><p>A insulina é produzida pelas células do pâncreas. Se essas células</p><p>As bases cromossômica e genética da hereditariedade</p><p>U1</p><p>18</p><p>produzirem uma quantidade insuficiente de insulina, a glicose não entrará</p><p>nas células e se acumulará na corrente sanguínea. A elevação dos níveis</p><p>de glicose no sangue é conhecida como diabetes.</p><p>Você se lembra do caso que o Rafael estava analisando? Vamos recordar!</p><p>Rafael pesquisa as causas da infertilidade masculina e atende a casais que estão</p><p>há vários anos tentando engravidar sem sucesso; na última semana ele atendeu o</p><p>Sr. Antônio e a Sra. Márcia, casados há 12 anos. Há pelo menos cinco anos tentam,</p><p>sem sucesso, ter um filho. O casal já se submeteu a diversos exames e foi constatado</p><p>que a Sra. Márcia não apresenta nenhum problema reprodutivo e que o Sr. Antônio</p><p>apresenta taxa normal de produção de espermatozoides. O casal busca uma resposta</p><p>para o fato de a Sra. Márcia não engravidar.</p><p>Como você explica isso? Se estivesse no lugar do Rafael, quais hipóteses levantaria</p><p>para explicar a infertilidade do casal? Será que agora você consegue ajudar Rafael a</p><p>explicar por que o Sr. Antônio e a Sra. Márcia não conseguem ter um filho?</p><p>O fato de o Sr. Antônio apresentar uma taxa de produção de espermatozoides</p><p>dentro da normalidade não garante que esses espermatozoides estejam em condições</p><p>de fecundar um óvulo. Cada espermatozoide apresenta em sua extremidade anterior o</p><p>acrossomo, que se origina a partir das vesículas que “brotam” do complexo de Golgi. O</p><p>acrossomo é uma bolsa repleta de enzimas que são responsáveis por perfurar a membrana</p><p>do ovócito, possibilitando a fecundação. No caso do Sr. Antônio, o que possivelmente</p><p>está acontecendo é que seus espermatozoides não apresentam acrossomo ou que</p><p>as enzimas presentes no acrossomo não são funcionais e não conseguem perfurar a</p><p>membrana do ovócito; sendo assim, a fecundação não acontece.</p><p>Sem medo de errar</p><p>Atenção!</p><p>Uma das funções do complexo de Golgi é o processamento de proteínas</p><p>e posterior secreção através de vesículas para uso em outra região da</p><p>célula ou fora dela.</p><p>Lembre-se</p><p>A produção de espermatozoides não é garantia de que um homem será</p><p>pai. Para que isso ocorra, é necessário que os espermatozoides produzidos</p><p>contenham todas as estruturas necessárias à fecundação do óvulo.</p><p>As bases cromossômica e genética da hereditariedade</p><p>U1</p><p>19</p><p>Considere o seguinte enunciado para responder as questões 1, 2 e 3:</p><p>O Sr. Fritz é o proprietário de uma famosa confeitaria localizada no município de</p><p>Santa Catarina. Os bolos produzidos em sua confeitaria são feitos a partir de um livro de</p><p>Avançando na prática</p><p>Pratique mais</p><p>Instrução</p><p>Desafiamos você a praticar o que aprendeu, transferindo seus conhecimentos para novas situações</p><p>que pode encontrar no ambiente de trabalho. Realize as atividades e depois as compare com as de</p><p>seus colegas.</p><p>Morte celular não Programada: necrose</p><p>1. Competência de fundamento da</p><p>área</p><p>Conhecer a estrutura, o desenvolvimento e o funcionamento</p><p>bio-fisio-neurológico do organismo humano, identificando as</p><p>inter-relações com os processos psicológicos.</p><p>2. Objetivos de aprendizagem Compreender a diferença entre necrose e apoptose.</p><p>3. Conteúdos relacionados Organelas celulares e suas funções.</p><p>4. Descrição da SP</p><p>A Sra. Maria deu entrada em um serviço de pronto-socorro</p><p>com queixa de dores na coxa direita que surgiram após uma</p><p>pancada forte. Verificou-se que apresenta febre e secreção</p><p>purulenta na região. Após exame, o médico diagnosticou</p><p>necrose. A necrose está entre as principais causas de</p><p>amputação. Nela, ocorre a morte celular, muitas vezes por</p><p>falta de circulação sanguínea.</p><p>5. Resolução da SP</p><p>Para solucionar esta situação-problema, volte à seção</p><p>“Não pode faltar” e verifique a função dos lisossomos e o</p><p>que acontece quando ele se rompe. Qual a relação entre a</p><p>falta de circulação e a morte celular? A morte celular pode</p><p>ocorrer também por um processo chamado apoptose. Qual a</p><p>diferença entre apoptose e necrose?</p><p>Lembre-se</p><p>Os lisossomos são responsáveis pela digestão intracelular e, para isso,</p><p>possuem enzimas digestivas.</p><p>Faça você mesmo</p><p>Vamos verificar seus conhecimentos? Há dois tipos de ácidos nucleicos:</p><p>DNA e RNA. Quais as diferenças entre eles?</p><p>Faça valer a pena!</p><p>As bases cromossômica e genética da hereditariedade</p><p>U1</p><p>20</p><p>receitas alemãs que o ele trouxe quando veio para o Brasil. No entanto, há um problema.</p><p>Todas as receitas estão escritas em alemão e ele não lê nem escreve em português. Por</p><p>esse motivo, diariamente, Frida, a filha do Sr. Fritz, traduz uma das receitas do livro e deixa</p><p>sobre a mesa da confeitaria para que os funcionários possam fazer os bolos. O livro de</p><p>receitas original, em alemão, fica guardado no escritório da confeitaria e o Sr. Fritz não</p><p>permite que ninguém o retire de lá; apenas ele e sua filha têm a chave para entrar no</p><p>escritório e manusear o livro de receitas.</p><p>1. Para relacionar o funcionamento da célula à confeitaria do Sr. Fritz,</p><p>podemos comparar a receita em português e a receita em alemão,</p><p>respectivamente:</p><p>a) Ao DNA e ao RNA.</p><p>b) Aos ribossomos e ao DNA.</p><p>c) Ao complexo de Golgi e ao DNA.</p><p>d) Ao RNA e ao DNA.</p><p>e) Aos ribossomos e às mitocôndrias.</p><p>2. Na confeitaria do Sr. Fritz são vendidos dois tipos de bolos: o bolo</p><p>simples, para um café da tarde, e o bolo de festa, com recheio e cobertura.</p><p>Fazendo uma analogia com o funcionamento celular, o local onde os</p><p>bolos recebem o recheio e a cobertura corresponde:</p><p>a) Ao complexo de Golgi.</p><p>b) Ao retículo endoplasmático liso.</p><p>c) Ao retículo endoplasmático rugoso.</p><p>d) Às mitocôndrias.</p><p>e) Aos ribossomos.</p><p>3. Relacionando a confeitaria à célula, o escritório, a cozinha e os</p><p>funcionários correspondem, respectivamente, a:</p><p>a) Citoplasma, núcleo e retículo endoplasmático rugoso.</p><p>b) Núcleo, citoplasma e ribossomos.</p><p>c) Ribossomos, mitocôndrias e DNA.</p><p>d) Lisossomos, complexo de Golgi e ribossomos.</p><p>e) Citosol, DNA e RNA.</p><p>As bases cromossômica e genética da hereditariedade</p><p>U1</p><p>21</p><p>Seção 1.2</p><p>Estrutura e função gênica</p><p>Caro aluno, nesta seção estudaremos a estrutura e a função gênica. Para isso,</p><p>aprenderemos sobre o código genético e os processos de transcrição e tradução</p><p>proteica.</p><p>Vamos voltar ao laboratório de pesquisas em Genética Humana do Prof. Dr.</p><p>Paulo de Abreu. Vamos discutir o caso estudado por Rodrigo, doutorando que tem</p><p>por objetivo investigar a relação entre as alterações do código genético humano e o</p><p>aparecimento de doenças na população adulta. Vamos recordar esse caso?</p><p>Rodrigo recebeu o Sr. Cláudio e a Sra. Marlene, acompanhados de seus filhos</p><p>Marcelo, de cinco anos, e Camila, de dois anos. O Sr. Cláudio é portador da doença</p><p>de Fabry e o casal está preocupado com a possibilidade de seus filhos apresentarem</p><p>a doença.</p><p>Ao longo desta seção, apresentaremos os elementos necessários à resolução</p><p>desta situação-problema. Esteja atento às informações!</p><p>Pronto para começar? Então vamos lá!</p><p>Código Genético</p><p>Caro aluno, na Seção 1.1 falamos um pouco sobre o DNA e o RNA. Agora iremos</p><p>nos aprofundar um pouco mais neste assunto.</p><p>Todas as instruções para a construção e o funcionamento de qualquer ser vivo estão</p><p>contidas na molécula de DNA. Essas instruções genéticas são escritas em um “alfabeto”</p><p>de apenas quatro letras (A, T, C, G), que são as quatro diferentes bases nitrogenadas que</p><p>irão fazer parte de quatro diferentes nucleotídeos do DNA. As informações genéticas</p><p>Diálogo aberto</p><p>Não pode faltar</p><p>As bases cromossômica e genética da hereditariedade</p><p>U1</p><p>22</p><p>contidas no DNA devem especificar a sequência de aminoácidos de cada proteína. No</p><p>entanto, o DNA não comanda diretamente a síntese de proteínas, ele coordena este</p><p>processo, que é desempenhado por outras estruturas celulares.</p><p>Quando determinada proteína precisa ser produzida, a sequência de nucleotídeos</p><p>do DNA, responsável pela síntese dessa proteína, é copiada em um RNA, que servirá</p><p>como molde para a síntese da proteína. O fluxo da informação genética das células</p><p>tem sempre</p><p>a mesma sequência: DNA → RNA → Proteína.</p><p>A cada três bases nitrogenadas há um códon. Cada códon corresponde a um</p><p>aminoácido que será ligado para originar a proteína. Existem apenas 20 tipos de</p><p>aminoácidos.</p><p>O código genético é universal, ou seja, ele funciona da mesma maneira em</p><p>todos os seres vivos da Terra (bactéria, planta, inseto, ser humano etc.). Cada gene</p><p>corresponde a uma região do DNA (sequência de bases) responsável por codificar</p><p>uma proteína ou característica.</p><p>Assimile</p><p>Na Seção 1.1 aprendemos sobre DNA e RNA. Vamos recordar!</p><p>Os ácidos nucleicos podem ser de dois tipos: DNA e RNA. Cada um deles</p><p>é formado por unidades menores, os nucleotídeos, que, por sua vez, são</p><p>constituídos por um açúcar, um fosfato e uma base nitrogenada. A união</p><p>dos nucleotídeos dá origem ao ácido nucleico.</p><p>Ácido desoxirribonucleico (DNA) − tem como açúcar a desoxirribose e</p><p>suas bases nitrogenadas são: Adenina (A), Citosina (C), Guanina (G) e Timina</p><p>(T). Nele, as ligações entre as bases são sempre: A-T e C-G e vice-versa.</p><p>Ácido ribonucleico (RNA) – tem como açúcar a ribose e suas bases</p><p>nitrogenadas são: Adenina (A), Citosina (C), Guanina (G) e Uracila (U). Nele,</p><p>as ligações entre as bases nitrogenadas são sempre: A-U e C-G e vice-versa.</p><p>Reflita</p><p>Se há apenas 20 tipos de aminoácidos e todas as proteínas são formadas</p><p>por uma sequência de aminoácidos, como existem tantas proteínas</p><p>diferentes? A resposta é simples. Cada proteína é constituída por um</p><p>número diferente de aminoácidos que se combinam em diferentes</p><p>sequências para originar cada uma das proteínas.</p><p>As bases cromossômica e genética da hereditariedade</p><p>U1</p><p>23</p><p>Para iniciar a transcrição, é necessário que as duplas-hélices do DNA se separem. Isso</p><p>ocorre pela ação de enzimas específicas. Uma vez aberta, apenas uma fita servirá de molde</p><p>para a construção do RNA (fita molde); a outra fita não será transcrita (fita complementar).</p><p>Na construção da molécula de RNA ocorre o pareamento entre as bases nitrogenadas,</p><p>pois elas são complementares. Se no DNA tiver Citosina, será ligada uma Guanina e vice</p><p>versa; se no DNA tiver uma Timina será ligada uma Adenina. Como o RNA não tem Timina,</p><p>mas sim Uracila, se no DNA houver uma Adenina, será ligada uma Uracila. Esse processo</p><p>também é mediado por outra enzima. Depois de concluído o processo, a molécula</p><p>de RNA recém-sintetizada se solta do molde, atravessa a carioteca e vai em direção ao</p><p>citoplasma da célula, onde irá comandar a síntese de proteínas. Após a saída do RNA, as</p><p>duas fitas de DNA se unem novamente, refazendo a dupla-hélice.</p><p>A Figura 1.3 demonstra o processo de transcrição. Note que a fita de DNA é dupla,</p><p>pois ele é formado por duas fitas que se unem, enquanto o RNA apresenta uma única fita.</p><p>Como vimos, o RNA é formado a partir da fita molde de DNA. Como as bases nitrogenadas</p><p>são complementares, a fita de RNA é igual à fita complementar do DNA (aquela que não</p><p>serviu de molde). A única diferença é que no RNA, no lugar de Timina, temos Uracila.</p><p>Transcrição (DNA RNA)</p><p>A primeira etapa que a célula segue para a leitura de seus genes é a cópia da</p><p>sequência dos nucleotídeos desse gene em uma molécula de RNA. Esse processo é</p><p>chamado de transcrição.</p><p>Assimile</p><p>Transcrição é a cópia da sequência de nucleotídeos do DNA em RNA.</p><p>Quando você copia uma informação de um livro, por exemplo, dizemos</p><p>que você transcreveu o texto do livro para seu caderno. A mesma coisa</p><p>acontece com o DNA e o RNA. A “receita” é transcrita, ou seja, é copiada</p><p>do DNA para o RNA.</p><p>Fonte: Alberts (2011).</p><p>Figura 1.3 | Transcrição (produção do RNA com o DNA como molde)</p><p>As bases cromossômica e genética da hereditariedade</p><p>U1</p><p>24</p><p>Tradução (RNA Proteína)</p><p>O RNA vindo do núcleo da célula traz a informação genética para a síntese da proteína.</p><p>Essa informação será traduzida em proteína. Para que a tradução ocorra, o ribossomo se</p><p>liga à fita de RNAm, localiza o códon AUG (códon de iniciação) e, a partir de então, inicia-</p><p>se a tradução. Para cada códon, um RNAt traz o aminoácido correspondente para que</p><p>ocorra a ligação entre os aminoácidos (ligação peptídica). O processo de tradução vai</p><p>ocorrendo até que na sequência de trincas surja um códon de parada (UAA, UAG, UGA).</p><p>A Figura 1.4 apresenta a sequência de nucleotídeos do RNAm e os aminoácidos que</p><p>correspondem a cada códon.</p><p>Fonte: A autora. (2015).</p><p>Figura 1.4 | Códons de RNAm e os Aminoácidos Especificados</p><p>GCA</p><p>GCC</p><p>GCG</p><p>GCU</p><p>AGA</p><p>AGG</p><p>CGA</p><p>CGC</p><p>CGG</p><p>CGU</p><p>GAC</p><p>GAU</p><p>AAC</p><p>AAU</p><p>UGC</p><p>UGU</p><p>GAA</p><p>GAG</p><p>CAA</p><p>CAG</p><p>GGA</p><p>GGC</p><p>GGG</p><p>GGU</p><p>CAC</p><p>CAU</p><p>AUA</p><p>AUC</p><p>AUU</p><p>UUA</p><p>UUG</p><p>CUA</p><p>CUC</p><p>CUG</p><p>CUU</p><p>AAA</p><p>AAG AUG</p><p>UUC</p><p>UUU</p><p>CCA</p><p>CCC</p><p>CCG</p><p>CCU</p><p>AGC</p><p>AGU</p><p>UCA</p><p>UCC</p><p>UCG</p><p>UCU</p><p>ACA</p><p>ACC</p><p>ACG</p><p>ACU UGG</p><p>UAC</p><p>UAU</p><p>GUA</p><p>GUC</p><p>GUG</p><p>GUU</p><p>UAA</p><p>UAG</p><p>UGA</p><p>Ala Arg Asp Asn Cys Glu Gln Gly His Ile Leu Lys Met Phe Pro Ser Thr Trp Tyr Val Stop</p><p>Faça você mesmo</p><p>Observando a Figura 1.4, verificamos que cada códon (trinca de bases)</p><p>codifica um aminoácido. Sendo assim, AUA codifica Isoleucina (Ile), CCA</p><p>codifica Prolina (Pro), GUU codifica Valina (Val) e assim por diante. Na</p><p>sequência de códons AUGGGAAAUCCU, temos a seguinte sequência de</p><p>aminoácidos: Met – Gly – Asn – Pro. Como ficaria a cadeia de aminoácidos</p><p>se a sequência fosse AUGCCCUGGAGACAA?</p><p>A Figura 1.5 ilustra a molécula de RNAm saindo do núcleo através dos poros da</p><p>membrana nuclear (carioteca) e indo para o citoplasma. As moléculas de RNAt estão</p><p>trazendo os aminoácidos (representados com as letras Met e Ala). Vemos, ainda, o</p><p>ribossomo ligado ao RNAm e as duas moléculas de RNAt ligando-se ao RNAm para</p><p>a ocorrência da ligação peptídica entre os aminoácidos. Finalizada a ligação entre</p><p>os aminoácidos, o RNAt se solta e vai em busca de outro aminoácido, enquanto o</p><p>ribossomo se desloca para a direita e assim sucessivamente, até encontrar o códon</p><p>de parada.</p><p>As bases cromossômica e genética da hereditariedade</p><p>U1</p><p>25</p><p>A saúde de uma pessoa depende tanto do mecanismo de tradução quanto do</p><p>mecanismo de transcrição. Vamos imaginar que durante a transcrição ocorra uma</p><p>ligação “errada” de algum nucleotídeo no RNAm. Isso fará com que a sequência de</p><p>aminoácido também seja alterada, resultando em uma proteína não funcional. Quando</p><p>isso acontece, geralmente surgem doenças genéticas, como a doença de Fabry.</p><p>A doença de Fabry é uma doença de depósito lisossômico, ou seja, uma doença</p><p>que resulta do acúmulo de algum substrato nos lisossomos das células.</p><p>Esse acúmulo é resultado da redução ou da ausência completa da atividade da enzima</p><p>alfa-galactosidase (alfa-GAL), que leva ao acúmulo progressivo de glicoesfingolipídios</p><p>no plasma e nos lisossomos das células de vários órgãos, principalmente pele, rins,</p><p>coração, olhos e cérebro. A ausência da enzima é consequência de uma alteração no</p><p>gene responsável por sua codificação.</p><p>A doença causa o estreitamento e a dilatação dos vasos, podendo progredir para</p><p>isquemia e infarto, entre outras complicações. Por se tratar de uma doença genética</p><p>Fonte: Uzunian e Briner (2005)</p><p>Figura 1.5 | Tradução Síntese de Proteínas</p><p>Lembre-se</p><p>Na Seção 1.1, estudamos as células e suas organelas, entre elas, os</p><p>lisossomos. Você se lembra da função dos lisossomos?</p><p>Eles são responsáveis pela digestão intracelular e, por isso, são repletos de</p><p>enzimas digestivas.</p><p>As bases cromossômica e genética da hereditariedade</p><p>U1</p><p>26</p><p>em que o gene está localizado no cromossomo X, um homem afetado irá transmitir</p><p>o gene alterado a todas as suas filhas, mas a nenhum filho, pois os meninos recebem</p><p>o cromossomo Y de seus pais.</p><p>Pesquise mais</p><p>Pesquisadores da USP identificaram a causa genética da Síndrome de</p><p>Richieri-Costa Pereira, uma doença rara que causa anomalias craniofaciais</p><p>e defeitos na formação das mãos e dos pés. Quer conhecer um pouco</p><p>mais sobre o assunto, leia o artigo:</p><p>PIVETTA, M. Uma mutação, vários defeitos. Revista Pesquisa FAPESP, São</p><p>Paulo, fev. 2014. Disponível em: . Acesso em: 23 out. 2015.</p><p>Exemplificando</p><p>Você sabia que a hemofilia é uma doença causada por alterações no</p><p>material genético das células?</p><p>A hemofilia é uma doença genética e hereditária na qual o portador tem</p><p>hemorragias de difícil controle. Elas podem ocorrer espontaneamente</p><p>ou devido a algum ferimento. Nesses pacientes há falta de um fator de</p><p>coagulação do sangue, e por isso as hemorragias são tão difíceis de serem</p><p>controladas. A causa da hemofilia é a alteração em um gene recessivo que</p><p>está presente no cromossomo X.</p><p>Sem medo de errar</p><p>Lembra-se do caso que Rodrigo estava analisando? Vamos recordar!</p><p>Rodrigo, um dos alunos de doutorado do Prof. Dr. Paulo de Abreu, pesquisa a</p><p>relação entre as alterações do código genético humano e o aparecimento de doenças</p><p>na população adulta. Na última semana, ele recebeu o Sr. Cláudio e a Sra. Marlene,</p><p>acompanhados de seus filhos Marcelo, de cinco anos, e Camila, de dois anos. O Sr.</p><p>Cláudio é portador da doença de Fabry, e o casal está preocupado com a possibilidade</p><p>de seus filhos apresentarem a doença. Após a realização de exames, Rodrigo precisa</p><p>dar uma resposta ao casal. Se você estivesse no lugar de Rodrigo, o que diria a eles?</p><p>Seus filhos podem apresentar a mesma doença do pai? Por quê?</p><p>As bases cromossômica e genética da hereditariedade</p><p>U1</p><p>27</p><p>A doença de Fabry é consequência de uma alteração no gene responsável pela codificação</p><p>de uma enzima que atua em um substrato presente nos lisossomos. Sem a enzima para atuar,</p><p>esse substrato se acumula nos lisossomos. A doença causa o estreitamento e a dilatação</p><p>dos vasos, podendo progredir para isquemia e infarto, entre outras complicações. Por se</p><p>tratar de uma doença genética ligada ao cromossomo X, isto é, o gene está localizado no</p><p>cromossomo X, um homem afetado irá transmitir o gene alterado a todas as suas filhas, mas</p><p>a nenhum filho, pois os meninos recebem o cromossomo Y de seus pais. Assim, Marcelo</p><p>não apresenta chances de ter a doença, mas Camila pode manifestá-la.</p><p>Atenção!</p><p>O DNA contém as informações genéticas para a produção de proteínas.</p><p>O código genético está contido no DNA, que é transcrito no RNA e,</p><p>posteriormente, traduzido em proteínas.</p><p>Avançando na prática</p><p>Pratique mais</p><p>Instrução</p><p>Desafiamos você a praticar o que aprendeu, transferindo seus conhecimentos para novas situações</p><p>que pode encontrar no ambiente de trabalho. Realize as atividades e depois as compare com as de</p><p>seus colegas.</p><p>Doença de Tay-Sachs</p><p>1. Competência de fundamento da</p><p>área</p><p>Conhecer a estrutura, o desenvolvimento e o funcionamento</p><p>bio-fisio-neurológico do organismo humano, identificando as</p><p>inter-relações com os processos psicológicos.</p><p>2. Objetivos de aprendizagem</p><p>Relacionar alterações na sequência de bases nitrogenadas ao</p><p>surgimento de doenças.</p><p>3. Conteúdos relacionados Código genético, transcrição e tradução.</p><p>4. Descrição da SP</p><p>Um casal de judeus procura um serviço de consultoria</p><p>genética, pois dois de seus quatro filhos apresentam doença</p><p>de Tay-Sachs. O casal está preocupado com a possibilidade</p><p>de os outros dois filhos, caçulas, saudáveis até o momento,</p><p>virem a apresentar a doença. Os dois filhos afetados nasceram</p><p>aparentemente normais, mas por volta dos três anos</p><p>começaram a apresentar paralisia e a perder progressivamente</p><p>a visão. O casal teve outra criança que morreu aos cinco anos</p><p>com a doença. Eles buscam saber a causa dessa doença em</p><p>suas crianças e se os dois caçulas apresentam chances de</p><p>desenvolver a doença. O que você lhes diria?</p><p>5. Resolução da SP</p><p>A doença de Tay-Sachs é um distúrbio metabólico muito</p><p>presente em judeus. É consequência da alteração de</p><p>quatro bases nitrogenadas no gene recessivo, localizado no</p><p>cromossomo 15, responsável pela produção de uma enzima</p><p>lisossômica que atua na quebra de determinado lipídio.</p><p>As bases cromossômica e genética da hereditariedade</p><p>U1</p><p>28</p><p>A alteração faz que surja um códon de parada (Stop codon)</p><p>precocemente no processo de tradução, o que acaba</p><p>por produzir uma enzima não funcional ou, até mesmo,</p><p>inexistente. A falta dessa enzima ocasiona o rápido acúmulo</p><p>desse lipídio nos neurônios, levando à neurodegeneração</p><p>progressiva. O fato de o casal já ter perdido uma criança com</p><p>a doença e ter outras duas afetadas por ela indica que ambos</p><p>são portadores do gene recessivo e, por este motivo, todos</p><p>os seus filhos apresentam chances de desenvolver a doença.</p><p>Lembre-se</p><p>O DNA contém a informação genética para a construção e o</p><p>funcionamento de qualquer ser vivo. Qualquer alteração, por menor que</p><p>seja, pode ocasionar doenças graves.</p><p>Faça você mesmo</p><p>Relacione alterações ocorridas nos processos de transcrição e tradução</p><p>ao surgimento de doenças.</p><p>Faça valer a pena</p><p>1. Sobre as características dos ácidos nucleicos foram feitas as seguintes</p><p>afirmativas:</p><p>I. As bases nitrogenadas são Adenina, Timina, Citosina e Guanina.</p><p>II. O açúcar é a ribose.</p><p>III. É constituído por dois filamentos que se unem por ligações do tipo</p><p>ponte de hidrogênio.</p><p>IV. O açúcar é a desoxirribose.</p><p>Assinale a alternativa que contenha apenas afirmativas que se referem ao</p><p>DNA:</p><p>a) I e II.</p><p>b) I e III.</p><p>c) II e III.</p><p>d) I, II e III.</p><p>e) I, III e IV.</p><p>As bases cromossômica e genética da hereditariedade</p><p>U1</p><p>29</p><p>2. Considere a sequência de nucleotídeos:</p><p>ATCAGACTCCAATGGAAC</p><p>Assinale a alternativa que contém a molécula de RNA correspondente a</p><p>essa sequência:</p><p>a) TAGTCTGAGGTTACCTTG.</p><p>b) UAGUCUGAGGUUACCUUG.</p><p>c) AUCUGUCTCCAAUGGAAC.</p><p>d) AAGCCUGGACCUGUACAG.</p><p>e) AUCACACUCCAAUGGAAC.</p><p>3. A molécula de DNA é constituída por duas fitas paralelas que se unem</p><p>por meio de ligações químicas. O pareamento das bases é sempre</p><p>específico, ou seja, Adenina se liga à Timina e a Citosina se liga à Guanina.</p><p>Analisando uma molécula de DNA de uma célula humana, verificou-se</p><p>que 30% de suas bases nitrogenadas eram Guanina. Considerando o</p><p>pareamento específico das bases, qual é a porcentagem das demais bases</p><p>dessa molécula de DNA?</p><p>a) 20% de Citosina, 20% de Timina e 30% de Adenina.</p><p>b) 30% de Citosina, 30% de Timina e 20% de Adenina.</p><p>c) 30% de Citosina, 20% de Timina e 20% de Adenina.</p><p>d) 20% de Citosina, 30% de Timina e 20% de Adenina.</p><p>e) 30% de Citosina, 20% de Uracila e 20% de Adenina.</p><p>As bases cromossômica e genética da hereditariedade</p><p>U1</p><p>30</p><p>As bases cromossômica e genética da hereditariedade</p><p>U1</p><p>31</p><p>Seção 1.3</p><p>Alterações da estrutura e da função gênica</p><p>Caro aluno, nesta seção, estudaremos as alterações da estrutura e da função gênica.</p><p>Para isso, aprenderemos sobre as mutações cromossômicas numéricas e estruturais.</p><p>Nesta seção, discutiremos o caso estudado pela Juliana. Ela investiga a relação</p><p>existente entre as mutações cromossômicas e a ocorrência do câncer. Está trabalhando</p><p>com um grupo de pessoas que faz tratamento para neoplasias pulmonares. Na última</p><p>semana, recebeu a família Oliveira. O pai, Sr. Waldir, foi diagnosticado com câncer de</p><p>pulmão. Ele e sua esposa, a Sra. Rita, estão preocupados com a possibilidade de seu</p><p>filho André desenvolver a mesma doença do pai.</p><p>Ao longo desta seção iremos apresentar os elementos necessários à resolução</p><p>desta situação-problema. Esteja atento às informações!</p><p>Pronto para começar? Então vamos lá!</p><p>Mutações</p><p>Você já deve ter ouvido falar em mutações. É comum ouvirmos em desenhos</p><p>animados e filmes o termo mutação associado ao surgimento de “criaturas estranhas”.</p><p>Na verdade, a mutação nem sempre afeta o organismo de maneira significativa, mas</p><p>algumas mutações possuem consequências severas. Há dois tipos de mutação: a</p><p>numérica e a estrutural. A mutação numérica altera o número de cromossomos da</p><p>espécie. Por exemplo, o número de cromossomos presentes em uma célula somática</p><p>humana é 46; qualquer alteração nesse número é uma mutação numérica e as</p><p>consequências ao organismo são, na maioria das vezes, drásticas.</p><p>Diálogo aberto</p><p>Não pode faltar</p><p>As bases cromossômica e genética da hereditariedade</p><p>U1</p><p>32</p><p>A seguir, na Figura 1.6 você encontra um cariótipo humano feminino (conjunto</p><p>de cromossomos de uma célula diploide humana normal).</p><p>Perceba que há dois</p><p>cromossomos de cada tipo.</p><p>Na mutação estrutural ocorre uma alteração na sequência de bases nitrogenadas</p><p>da molécula de DNA, o que afeta a estrutura do gene, mas não o número de</p><p>cromossomos. Neste caso, nem sempre a mutação leva a consequências visíveis.</p><p>As mutações podem ocorrer de maneira aleatória ou provocada. Há diversos</p><p>agentes que levam à mutação, entre eles podemos citar a radiação, o uso de tabaco</p><p>e álcool.</p><p>Vamos conhecer um pouco mais sobre cada uma das mutações e suas possíveis</p><p>consequências.</p><p>Assimile</p><p>Todas as células do organismo, com exceção dos gametas, são células</p><p>somáticas. Metade de seu material genético é de origem materna e a outra</p><p>metade é de origem paterna. Na espécie humana, essas células contêm</p><p>46 cromossomos: 23 vieram do pai, por meio do espermatozoide, e 23</p><p>vieram da mãe, por meio do óvulo. São ditas células diploides.</p><p>Fonte: . Acesso em: 1 nov. 2015.</p><p>Figura 1.6 | Cariótipo Humano Feminino Normal</p><p>Faça você mesmo</p><p>Na mutação estrutural ocorre uma alteração na sequência de bases</p><p>nitrogenadas da molécula de DNA, o que afeta o gene. Quais são as</p><p>consequências de uma mutação dessas para o organismo?</p><p>As bases cromossômica e genética da hereditariedade</p><p>U1</p><p>33</p><p>Mutações Cromossômicas Numéricas</p><p>São chamadas aneuploidias quando há o acréscimo ou a perda de um cromossomo.</p><p>A causa das aneuploidias é a não disjunção (não separação) cromossômica durante a</p><p>meiose, processo no qual são formados os gametas.</p><p>Quando ocorre a perda de um cromossomo do par, dizemos que ocorreu uma</p><p>monossomia. A única monossomia compatível com a vida é a Síndrome de Turner,</p><p>que é a falta de um cromossomo sexual, no caso, o cromossomo X, e nasce uma</p><p>mulher com 45 cromossomos (45X). Na Seção 3.1, da Unidade 3, abordaremos essa</p><p>síndrome.</p><p>Quando ocorre a não disjunção, as cromátides não se separam; neste caso, serão</p><p>formados dois gametas a partir dessa célula, um com dois cromossomos iguais e o</p><p>outro sem nenhum cromossomo desse tipo.</p><p>Dessa maneira, quando ocorrer a fecundação, se um óvulo, por exemplo, com</p><p>nenhum cromossomo do tipo for fecundado por um espermatozoide normal</p><p>(que carrega um cromossomo de cada tipo), o indivíduo formado terá apenas um</p><p>cromossomo daquele tipo vindo do pai e apresentará uma monossomia. Porém, se o</p><p>óvulo fecundado for o que carregou os dois cromossomos do par, ao ser fecundado</p><p>por um espermatozoide normal (que carrega um cromossomo de cada tipo), dará</p><p>origem a um indivíduo com três cromossomos do mesmo tipo, o que acarretando</p><p>uma trissomia e essa pessoa terá 47 cromossomos.</p><p>Temos como exemplo a Síndrome de Patau (Trissomia do 13), Síndrome de</p><p>Edwards (Trissomia do 18), Síndrome de Down (Trissomia do 21), entre outras. Em</p><p>algumas trissomias, o indivíduo apresenta alterações, mas consegue sobreviver; há</p><p>casos em que a expectativa de vida diminui, há outros, ainda, cujas alterações são tão</p><p>severas que são incompatíveis com a vida. Todas essas síndromes serão estudadas na</p><p>Seção 3.1, da Unidade 3, deste livro didático.</p><p>Observe na Figura 1.7 como ocorre a formação de um gameta normal e de um</p><p>gameta resultado da não disjunção cromossômica que ocorre na meiose, processo</p><p>de divisão celular responsável pela produção de gametas. Estudaremos esse processo</p><p>Reflita</p><p>O que acontece se um óvulo que já carrega dois cromossomos do</p><p>mesmo tipo for fecundado por um espermatozoide normal?</p><p>Se considerarmos que o óvulo carrega dois cromossomos do mesmo</p><p>tipo, ao ocorrer a fecundação, haverá uma célula com três cromossomos</p><p>do mesmo tipo, o que leva a uma trissomia.</p><p>As bases cromossômica e genética da hereditariedade</p><p>U1</p><p>34</p><p>na Seção 1.4. No esquema está representado apenas um cromossomo. Lembre-se de</p><p>que na espécie humana há 46 cromossomos. A não disjunção geralmente acontece</p><p>com apenas um cromossomo.</p><p>Na Figura 1.8 você acompanha o esquema representativo de uma fecundação</p><p>normal.</p><p>Agora observe na Figura 1.9 a ocorrência de uma monossomia e de uma trissomia</p><p>como consequência da fecundação de gametas alterados pela não disjunção</p><p>cromossômica.</p><p>Fonte: A autora (2015).</p><p>Fonte: A autora (2015).</p><p>Figura 1.7 | Esquema representativo da produção de um gameta normal e de gametas</p><p>alterados pela não disjunção cromossômica</p><p>Figura 1.8 | Esquema representativo de uma fecundação normal</p><p>As bases cromossômica e genética da hereditariedade</p><p>U1</p><p>35</p><p>Mutações Cromossômicas Estruturais</p><p>Quando a mutação ocorre na estrutura do cromossomo, mas não causa</p><p>aumento nem diminuição na quantidade de cromossomos, dizemos que se trata de</p><p>uma mutação estrutural. Esse tipo de mutação ocorre em nível molecular e altera a</p><p>sequência de bases nitrogenadas do DNA. Elas podem ser de diversos tipos:</p><p>Deleções – quando ocorre a perda de parte de um cromossomo. As manifestações</p><p>clínicas desse tipo de mutação são bastante variáveis, dependendo dos genes</p><p>envolvidos e do número de nucleotídeos deletados.</p><p>Duplicações – quando um segmento de um cromossomo se apresenta duplicado.</p><p>Isso ocorre com frequência na Síndrome do X Frágil, que é a causa mais comum de</p><p>retardo mental hereditário em homens. Estudaremos essa síndrome na Seção 3.1.</p><p>Inversões – mutação estrutural que ocorre quando em um segmento do</p><p>cromossomo há duas quebras simultâneas, esse fragmento sofre uma rotação de</p><p>180° e se une novamente ao cromossomo original.</p><p>Translocações – mutação na qual ocorre a troca de segmentos entre cromossomos</p><p>não homólogos.</p><p>Fonte: A autora (2015).</p><p>Figura 1.9 | Esquema representativo da formação de gametas alterados resultando em</p><p>zigotos monossômicos e trissômicos.</p><p>Exemplificando</p><p>A Síndrome de Down acomete um a cada 800 bebês nascidos vivos.</p><p>Podemos considerar a trissomia e a translocação, entre outros fatores,</p><p>como alterações responsáveis pela ocorrência da Síndrome de Down.</p><p>Uma das diversas causas da gestação de uma criança com Síndrome</p><p>de Down é a idade materna. Hoje sabemos que uma mulher mais velha</p><p>apresenta mais chances de gerar um bebê com alterações genéticas,</p><p>entre elas, a Síndrome de Down.</p><p>As bases cromossômica e genética da hereditariedade</p><p>U1</p><p>36</p><p>Isocromossomos – resultam de um erro na divisão do centrômero. No processo</p><p>de divisão celular, em vez de ocorrer a separação das cromátides irmãs, ocorre a</p><p>separação dos braços do cromossomo. Essa falha dará origem a um cromossomo</p><p>formado pelos braços curtos das duas cromátides irmãs e outro formado pelos dois</p><p>braços longos das cromátides irmãs.</p><p>A Figura 1.10 esquematiza os principais tipos de alterações cromossômicas</p><p>estruturais. Observe:</p><p>Essas mutações podem levar a diversas doenças, entre elas, o câncer. O câncer é</p><p>fundamentalmente uma doença genética, pois é o resultado de alterações no DNA das</p><p>células. Se essas alterações acontecerem em células somáticas, não serão passadas</p><p>aos descendentes, mas, caso as alterações ocorram nos gametas, elas serão passadas</p><p>através das gerações. Neste caso, além de genético, dizemos que o câncer pode ser</p><p>também hereditário.</p><p>Agora que já aprendemos sobre as mutações, vamos voltar ao laboratório de</p><p>pesquisas em Genética Humana do Prof. Dr. Paulo de Abreu. A doutoranda Juliana</p><p>Fonte: A autora (2015).</p><p>Figura 1.10 | Principais alterações cromossômicas estruturais</p><p>Pesquise mais</p><p>Gostou do assunto? Para saber mais sobre os diversos tipos de distúrbios do</p><p>cromossomo e compreender essas mutações, leia o capítulo 3 do livro a</p><p>seguir:</p><p>YOUNG, I. D. Genética Médica. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2007.</p><p>Sem medo de errar</p><p>As bases cromossômica e genética da hereditariedade</p><p>U1</p><p>37</p><p>estuda a relação existente entre as mutações e a ocorrência do câncer. Ela está</p><p>trabalhando com um grupo de pessoas que faz tratamento para neoplasias pulmonares.</p><p>Na última semana, recebeu a família Oliveira. O pai, Sr. Waldir, foi diagnosticado com</p><p>câncer de pulmão. Ele e sua esposa, a Sra. Rita, estão preocupados com a possibilidade</p><p>de seu filho André desenvolver a mesma doença do pai. Este risco</p><p>existe? O casal tem</p><p>motivos para se preocupar?</p><p>Juliana entrevista o casal, e o Sr. Waldir afirma que fuma desde seus 13 anos. Ele</p><p>relata que sabe dos prejuízos que a dependência do tabaco traz para sua saúde e que</p><p>já não sabe mais quantas vezes tentou, sem sucesso, deixar de fumar. O Sr. Waldir e a</p><p>Sra. Rita afirmam que não há outros casos de câncer de pulmão na família.</p><p>Diante das informações obtidas, Juliana concluiu que o casal não tem motivos</p><p>para se preocupar, pois o Sr. Waldir, hoje com 49 anos, é fumante há 36 anos e,</p><p>provavelmente, por esse motivo desenvolveu câncer de pulmão. As mutações</p><p>ocorreram nas células dos pulmões do Sr. Waldir e por este motivo não foram</p><p>transmitidas a seu filho. Portanto, não há motivos para preocupação.</p><p>Atenção!</p><p>O câncer é, sem exceção, uma doença genética, pois resulta de</p><p>alterações no DNA das células, mas nem sempre é hereditário. Para que</p><p>seja transmitido aos descendentes é necessário que a mutação tenha</p><p>ocorrido nos gametas.</p><p>Lembre-se</p><p>Toda e qualquer alteração ocorrida em células somáticas permanece no</p><p>indivíduo em que a alteração aconteceu. Para passar aos descendentes,</p><p>essas mutações precisam ter ocorrido em células germinativas, ou seja,</p><p>nos óvulos e nos espermatozoides.</p><p>Avançando na prática</p><p>Pratique mais</p><p>Instrução</p><p>Desafiamos você a praticar o que aprendeu, transferindo seus conhecimentos para novas situações</p><p>que pode encontrar no ambiente de trabalho. Realize as atividades e depois as compare com as de</p><p>seus colegas.</p><p>Gravidez e Síndrome de Down</p><p>1. Competência de fundamento da</p><p>área</p><p>Conhecer a estrutura, o desenvolvimento e o funcionamento</p><p>bio-fisio-neurológico do organismo humano, identificando as</p><p>inter-relações com os processos psicológicos.</p><p>As bases cromossômica e genética da hereditariedade</p><p>U1</p><p>38</p><p>2. Objetivos de aprendizagem</p><p>Analisar os fatores de risco para o nascimento de crianças</p><p>com alterações genéticas.</p><p>3. Conteúdos relacionados</p><p>Mutações cromossômicas numéricas e mutações</p><p>cromossômicas estruturais.</p><p>4. Descrição da SP</p><p>A Sra. Márcia teve seu primeiro filho aos 42 anos. Gabriel</p><p>nasceu com Síndrome de Down e está com 2 anos. A Sra.</p><p>Márcia está grávida novamente e está preocupada com a</p><p>possibilidade de ter outra criança com alguma anomalia</p><p>genética. Existe motivos para tal preocupação? Ela pode ter</p><p>outra criança com alguma síndrome?</p><p>5. Resolução da SP</p><p>Para resolver o caso da Sra. Márcia, você deverá analisar as</p><p>condições nas quais ocorreu a gravidez. Pense na idade</p><p>materna, no nascimento de uma criança com Síndrome de</p><p>Down.</p><p>Lembre-se</p><p>As mutações podem ser numéricas e estruturais. As numéricas alteram a</p><p>quantidade de cromossomos na célula e as estruturais alteram a estrutura</p><p>do DNA, afetando os genes.</p><p>Faça você mesmo</p><p>Esquematize os gametas que podem dar origem a uma criança com</p><p>Síndrome de Down.</p><p>Faça valer a pena</p><p>1. As mutações podem ser numéricas e estruturais. Sobre elas, assinale a</p><p>alternativa correta:</p><p>a) Mutações numéricas sempre são transmitidas aos descendentes.</p><p>b) Mutações estruturais sempre são passadas de pais para filhos e são</p><p>responsáveis pela ocorrência do câncer.</p><p>c) Na mutação estrutural, há uma alteração na sequência de bases</p><p>nitrogenadas do DNA.</p><p>d) Na mutação numérica, sempre nascem pessoas que sobrevivem,</p><p>independentemente de sua anomalia.</p><p>e) Tanto a mutação numérica quanto a mutação estrutural não são</p><p>passadas aos descendentes.</p><p>As bases cromossômica e genética da hereditariedade</p><p>U1</p><p>39</p><p>2. A Síndrome de Down é resultado de uma alteração genética ocorrida,</p><p>geralmente, nos gametas. Sobre ela, foram feitas as seguintes afirmativas:</p><p>I. Trata-se de uma trissomia.</p><p>II. É causada pela não disjunção do cromossomo 21.</p><p>III. Trata-se de uma alteração estrutural.</p><p>IV. Sempre é causada pela idade materna avançada.</p><p>Estão corretas apenas as afirmativas:</p><p>a) I e II.</p><p>b) I e III.</p><p>c) II e III.</p><p>d) I, II e IV.</p><p>e) I, II, III e IV.</p><p>3. Entre as diversas causas para as síndromes podemos citar as monosso-</p><p>mias e as trissomias. Assinale a alternativa que contém, respectivamente,</p><p>uma monossomia e uma trissomia:</p><p>a) Síndrome de Down e Síndrome de Turner.</p><p>b) Síndrome de Turner e Síndrome de Patau.</p><p>c) Síndrome de Edwards e Síndrome de Patau.</p><p>d) Síndrome de Patau e Síndrome de Down.</p><p>e) Síndrome de Edwards e Síndrome de Down.</p><p>As bases cromossômica e genética da hereditariedade</p><p>U1</p><p>40</p><p>As bases cromossômica e genética da hereditariedade</p><p>U1</p><p>41</p><p>Seção 1.4</p><p>Cromossomos e divisão celular</p><p>Caro aluno,</p><p>Nesta seção, abordaremos o núcleo interfásico e a divisão celular, que podem</p><p>ocorrer pelos processos de mitose e meiose. Estudaremos, ainda, a gametogênese</p><p>humana, que é o mecanismo por meio do qual são produzidos os gametas masculino</p><p>e feminino.</p><p>Vamos voltar ao laboratório de pesquisas em Genética Humana do Prof. Dr. Paulo</p><p>de Abreu? Discutiremos nesta seção o caso estudado pela Cristiane. Ela investiga a</p><p>gametogênese masculina e feminina, além da relação entre os erros na meiose e o</p><p>nascimento de crianças com algum tipo de síndrome.</p><p>Cristiane acompanha gestantes acima de 40 anos. No início da semana, recebeu a</p><p>Sra. Luciana, de 42 anos, grávida de seis meses de seu primeiro filho. Após realizar um</p><p>exame de ultrassom, a Sra. Luciana buscou ajuda do laboratório de Genética Humana,</p><p>pois seu obstetra afirma que o bebê apresenta um tipo de alteração morfológica.</p><p>Ao longo desta seção iremos apresentar os elementos necessários à resolução</p><p>desta situação-problema. Esteja atento às informações e acompanhe o trabalho de</p><p>Cristiane junto à Sra. Luciana.</p><p>Pronto para começar? Então vamos lá!</p><p>Estrutura, Morfologia e Fisiologia do Núcleo Interfásico</p><p>Quando falamos em núcleo interfásico, referimo-nos ao núcleo de uma célula</p><p>que não está em processo de divisão celular. Nas células eucarióticas, esse núcleo se</p><p>Diálogo aberto</p><p>Não pode faltar</p><p>As bases cromossômica e genética da hereditariedade</p><p>U1</p><p>42</p><p>encontra delimitado pela membrana nuclear.</p><p>O núcleo apresenta a cariolinfa, que se constitui no líquido celular no qual estão</p><p>mergulhadas as demais estruturas nucleares. Há também o nucléolo, que é uma</p><p>estrutura esférica, constituída de RNA, um pouco de DNA e proteína. A cromatina,</p><p>presente no núcleo das células em interfase (células que não estão em processo de</p><p>divisão), é formada por filamentos de DNA associados a proteínas do tipo histonas.</p><p>Os cromossomos estão presentes nas células que estão se dividindo. Para isso,</p><p>a cromatina espiraliza, tornando-se mais compacta e originando os cromossomos.</p><p>Cada cromossomo carrega genes, e o conjunto dos genes de todos os cromossomos</p><p>será responsável pelas características e pelo funcionamento do organismo como um</p><p>todo. Na interfase, os cromossomos encontram-se desespiralizados e são chamados</p><p>de cromatina, mas, na metáfase do período de divisão, os cromossomos atingem o</p><p>grau máximo de espiralação e tornam-se bem visíveis.</p><p>Todos os cromossomos normais possuem um centrômero. Sua posição define</p><p>o tamanho dos braços, o que, geralmente, é constante dentro de cada tipo de</p><p>cromossomo. A Figura 1.11 representa um cromossomo duplicado, constituído por duas</p><p>cromátides irmãs, e destaca o centrômero, região de união entre as duas cromátides.</p><p>Reflita</p><p>Os cromossomos são constituídos por uma molécula de DNA associada</p><p>a proteínas do tipo histonas. A cromatina apresenta a mesma constituição</p><p>dos cromossomos. Então reflita: se ambos têm a mesma constituição,</p><p>qual a diferença entre cromatina e cromossomo?</p><p>Fonte: . Acesso em: 7 nov. 2015.</p><p>Figura 1.11 | Cromossomo Duplicado</p><p>Centrômero</p><p>Cromátide</p><p>As bases cromossômica e genética da hereditariedade</p><p>U1</p><p>43</p><p>Os cromossomos são agrupados em conjuntos de acordo com seu tamanho</p><p>e localização do centrômero. Para analisar o conjunto de cromossomo de um</p><p>organismo, utilizamos cariótipos, que são fotografias ou desenhos do conjunto de</p><p>cromossomos de um organismo, organizados em ordem decrescente de tamanho.</p><p>Processos</p><p>de Divisão Celular</p><p>Há dois tipos de divisão celular: a mitose e a meiose. Independentemente do</p><p>processo, para que a célula se reproduza com sucesso, são necessários três eventos</p><p>fundamentais: 1. a informação genética deve ser copiada; 2. essas cópias devem ser</p><p>separadas; e 3. a célula deve se dividir.</p><p>Para que a informação genética seja copiada, ocorre um processo chamado</p><p>replicação do DNA, por meio do qual a molécula de DNA produz uma cópia</p><p>de si mesma. Cada espécie de ser vivo apresenta um número característico de</p><p>cromossomos em suas células. A espécie humana possui 46 cromossomos no núcleo</p><p>de suas células, sendo dois de cada tipo. Por meio da reprodução sexuada, herdamos</p><p>um cromossomo de cada tipo do pai e um cromossomo de cada tipo da mãe. Assim,</p><p>temos 23 pares de cromossomos.</p><p>Os cromossomos do par são chamados de cromossomos homólogos e</p><p>apresentam a mesma estrutura e informações genéticas. A maioria das células possui</p><p>pares de cromossomos e, por isso, são chamadas de células diploides (2n). Há células</p><p>que apresentam apenas um cromossomo de cada par; essas células são os gametas</p><p>(óvulos e espermatozoides), chamadas de células haploides (n).</p><p>Quando a célula não está se dividindo (mitose ou meiose), dizemos que ela está</p><p>em interfase. A interfase é o período compreendido entre as divisões celulares, visto</p><p>que a célula não está se reproduzindo, mas está em plena atividade metabólica; é</p><p>nesse período que ela se prepara para a divisão celular e ocorre a duplicação do DNA.</p><p>Mitose</p><p>É um processo fundamental para a manutenção da vida, pois por meio dele</p><p>ocorrem os processos de reposição de células velhas ou lesionadas, regeneração de</p><p>tecidos lesados e crescimento do indivíduo. Na mitose, uma célula se divide, dando</p><p>origem a duas células idênticas à célula original. Trata-se de um processo contínuo,</p><p>mas que, para facilitar o estudo, é dividido em quatro fases: Prófase, Metáfase, Anáfase</p><p>e Telófase (Figura 1.12). Vamos entender o que acontece em cada uma dessas fases.</p><p>- Prófase: o material genético já duplicado na interfase começa a se condensar,</p><p>originando os cromossomos; formam-se as fibras do fuso, os cromossomos se ligam</p><p>As bases cromossômica e genética da hereditariedade</p><p>U1</p><p>44</p><p>ao fuso por meio do centrômero e a carioteca se desorganiza.</p><p>- Metáfase: os cromossomos se localizam na região central da célula.</p><p>- Anáfase: ocorre o encurtamento das fibras do fuso e as cromátides irmãs se</p><p>separam, indo para polos opostos da célula. Cada cromátide constitui um cromossomo.</p><p>- Telófase: os cromossomos localizados nos polos opostos da célula se</p><p>descondensam e ocorre a reorganização da carioteca. Forma-se uma membrana</p><p>nuclear em torno dos cromossomos em cada polo da célula. Neste momento, a</p><p>célula apresenta dois núcleos.</p><p>Em seguida, ocorre um processo chamado citocinese, no qual o citoplasma é</p><p>dividido, ficando cada parte com um núcleo e originando duas células geneticamente</p><p>idênticas.</p><p>Meiose</p><p>A meiose é o processo de divisão celular responsável pela produção de gametas.</p><p>Para garantir o número de cromossomos constante de cada espécie, os gametas são</p><p>formados com a metade do número de cromossomos das células somáticas, ou seja,</p><p>os gametas são células haploides (n). Ao ocorrer a fecundação, tem-se um zigoto</p><p>diploide (2n).</p><p>A meiose se divide em duas etapas: meiose I e meiose II. A meiose I é reducional,</p><p>Fonte: . Acesso em: 7 nov. 2015.</p><p>Figura 1.12 | Mitose</p><p>Faça você mesmo</p><p>Esquematize uma célula diploide, com quatro cromossomos na Metáfase</p><p>e na Anáfase.</p><p>As bases cromossômica e genética da hereditariedade</p><p>U1</p><p>45</p><p>pois o número de cromossomos da célula é reduzido pela metade, já a meiose II</p><p>é semelhante à mitose. Assim como na mitose, o material genético é duplicado na</p><p>interfase e, quando tem início a meiose, os cromossomos já estão duplicados. Cada</p><p>etapa da meiose se divide em quatro fases: Prófase, Metáfase, Anáfase e Telófase.</p><p>Meiose I</p><p>Esta é a etapa em que ocorre a separação do par de cromossomos homólogos. Ao</p><p>final do processo, há duas células com metade dos cromossomos da célula original,</p><p>porém duplicados.</p><p>- Prófase I: é uma fase longa. Os cromossomos se condensam e se pareiam, ou</p><p>seja, cada cromossomo se aproxima de seu par. Ocorre o crossing-over, processo no</p><p>qual os cromossomos homólogos trocam partes de cromátides irmãs. Formam-se</p><p>as fibras do fuso, os pares de cromossomos se ligam ao fuso pelo centrômero e a</p><p>carioteca se desorganiza.</p><p>- Metáfase I: os pares de cromossomos homólogos se alinham na região central</p><p>da célula.</p><p>- Anáfase I: ocorre o encurtamento das fibras do fuso e a separação do par de</p><p>cromossomos homólogos. Cada cromossomo do par de homólogos é levado para</p><p>polos opostos da célula; no entanto, as cromátides irmãs de cada cromossomo</p><p>duplicado permanecem unidas.</p><p>- Telófase I: os cromossomos do par de homólogos, ainda duplicados,</p><p>encontram-se nos polos opostos da célula e ocorre a reorganização da carioteca e a</p><p>descondensação dos cromossomos. Ao final do processo, há a divisão do citoplasma</p><p>e formam-se duas células com a metade dos cromossomos da célula original. No</p><p>entanto, esses cromossomos ainda se encontram duplicados. Inicia-se a meiose II.</p><p>Meiose II</p><p>Esta etapa é semelhante à mitose. Ocorre a separação das cromátides irmãs e, ao</p><p>final do processo, há quatro células com a metade do número de cromossomos da</p><p>célula original.</p><p>- Prófase II: os cromossomos se condensam, formam-se as fibras do fuso, os</p><p>cromossomos se ligam ao fuso pelos centrômeros e a carioteca se desorganiza.</p><p>- Metáfase II: os cromossomos se posicionam na região central da célula.</p><p>- Anáfase II: ocorre o encurtamento das fibras do fuso e a separação das cromátides</p><p>As bases cromossômica e genética da hereditariedade</p><p>U1</p><p>46</p><p>irmãs. Cada cromátide é levada para polos opostos da célula.</p><p>- Telófase II: os cromossomos encontram-se nos polos opostos da célula</p><p>e reorganiza-se a carioteca ao redor dos cromossomos; os cromossomos de</p><p>descondensam e ocorre a divisão do citoplasma. Cada uma das duas células que</p><p>iniciou o processo de meiose II se divide, originando duas células. Assim, na meiose,</p><p>uma célula diploide (2n) origina quatro células haploides (n).</p><p>Comparando a Mitose à Meiose</p><p>Fonte: . Acesso em: 7 nov.</p><p>2015.</p><p>Figura 1.13 | Meiose</p><p>Assimile</p><p>Na mitose, uma célula dá origem a duas células-filhas com o mesmo</p><p>número de cromossomos da célula original. Na meiose, uma célula dá</p><p>origem a quatro células-filhas com a metade do número de cromossomos</p><p>da célula original.</p><p>Mitose Meiose</p><p>Ocorre uma única divisão nuclear. Ocorrem duas divisões nucleares sucessivas.</p><p>Ocorre em células somáticas. Ocorre para a produção de gametas.</p><p>O número de cromossomos da célula-filha é o</p><p>mesmo da célula original.</p><p>O número de cromossomos da célula-filha é a</p><p>metade do da célula original.</p><p>Produz células geneticamente idênticas. Produz células geneticamente variáveis.</p><p>Uma célula origina duas células idênticas à</p><p>original.</p><p>Uma célula produz quatro células com a</p><p>metade do número de cromossomos da célula</p><p>original.</p><p>As bases cromossômica e genética da hereditariedade</p><p>U1</p><p>47</p><p>Gametogênese</p><p>É a produção de gametas. No homem, é chamada de espermatogênese e, na</p><p>mulher, ovulogênese. Para ambos, ocorre o processo de meiose. Vamos conhecer</p><p>agora um pouco mais de cada processo.</p><p>Espermatogênese</p><p>Ocorre nos testículos e produz espermatozoides. As células germinativas</p><p>primordiais se dividem por mitose para produzir células 2n chamadas espermatogônias.</p><p>Cada espermatogônia pode sofrer diversas mitoses, originando mais espermatogônias.</p><p>Quando uma espermatogônia inicia a meiose e entra em prófase I, é chamada de</p><p>espermatócito primário. A célula ainda é 2n, pois os cromossomos homólogos ainda</p><p>não se separaram. Cada espermatócito primário completa a meiose I, dando origem</p><p>a dois espermatócitos</p>
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